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UE tem reunião de emergência sobre a Ucrânia antes do encontro Putin-Trump

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A União Europeia (UE) programou uma reunião de emergência de seus ministros das Relações Exteriores para a tarde desta segunda-feira (11) para tentar influenciar as negociações programadas para esta semana entre Donald Trump e Vladimir Putin sobre a guerra na Ucrânia, que provocam temores de um acordo prejudicial a Kiev.

Os europeus intensificaram os contatos e se esforçaram para estabelecer uma frente unida em apoio à Ucrânia desde o anúncio de um encontro de cúpula no Alasca, na próxima sexta-feira (15), entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia. 

A reunião europeia por videoconferência está prevista para começar às 14h00 GMT (11h00 de Brasília), com a participação do ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andrii Sibiga.

Segundo Donald Trump, a reunião discutirá um possível acordo que poderia prever “trocas territoriais” para encerrar o conflito que causou milhares de mortes nos dois países durante mais de três anos.

No momento, a presença do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, não está prevista, mas ainda é “possível”, segundo o embaixador dos Estados Unidos na Otan, Matthew Whitaker.

Algumas horas antes da videoconferência, Zelensky voltou a pedir que a comunidade internacional não ceda às exigências de Vladimir Putin.

“A Rússia se recusa a interromper os massacres e, portanto, não deveria receber nenhuma recompensa ou benefício. E isto não é apenas uma postura moral, e sim racional”, escreveu no Facebook. “As concessões não convencem um assassino”, acrescentou.

Para a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, “qualquer acordo entre Estados Unidos e Rússia deve incluir a Ucrânia e a UE, já que esta é uma questão de segurança para a Ucrânia e para toda a Europa”.

– Ultimato –

A reunião acontece após uma série de contatos durante o fim de semana, incluindo uma reunião no sábado no Reino Unido entre conselheiros de Segurança Nacional europeus e americanos, que contou com a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, e várias ligações telefônicas.

O chefe de Estado ucraniano se reuniu nos últimos três dias com 13 líderes europeus, além dos presidentes do Cazaquistão e Azerbaijão. 

Segundo Zelensky, Kiev “trabalha com os Estados Unidos, não passa um dia sem nos comunicarmos sobre maneiras de alcançar uma paz genuína, entendemos que a Rússia pretende enganar os Estados Unidos”.

Vladimir Putin conversou com nove chefes de Estado ou de Governo nos últimos três dias, entre eles Xi Jinping (China), Narendra Modi (Índia) e Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil).

Donald Trump, que havia prometido resolver o conflito ucraniano em 24 horas após seu retorno à Casa Branca, iniciou uma aproximação drástica com o presidente russo. Contudo, ele demonstrou uma crescente frustração com a intensificação dos bombardeios russos sobre a Ucrânia nos últimos meses.

O anúncio da reunião de cúpula no Alasca aconteceu na sexta-feira, mesmo dia em que expirou um ultimato anunciado ao Kremlin para encerrar o pior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Os combates e bombardeios prosseguiram desde então, com seis mortes provocadas por ataques russos no domingo na Ucrânia, onde uma bomba russa também atingiu a movimentada estação central de ônibus de Zaporizhizhia (leste), com um balanço de 20 feridos.

O Ministério da Defesa russo reivindicou nesta segunda-feira a captura de uma nova localidade na região ucraniana de Donetsk: a cidade de Fedorivka, localizada ao nordeste de Pokrovsk e Mirnogrado, ambas ameaçadas devido ao contínuo avanço das tropas russas nesta região.

Do lado russo, um ataque com drones ucranianos contra “empresas industriais” deixou um morto em Arzamas, na região de Nizhni Novgorod, a mais de 700 quilômetros da fronteira com a Ucrânia, segundo as autoridades regionais.

Trump está “pressionando Putin”, declarou o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, antes de destacar que “a próxima sexta-feira será importante porque será uma oportunidade de testar Putin e determinar seu compromisso para acabar com esta terrível guerra”.

Líderes da França, Alemanha, Itália, Polônia, Reino Unido e Finlândia afirmaram que qualquer negociação deve acontecer “no contexto de um cessar-fogo ou redução das hostilidades” e alertaram que uma solução diplomática exigirá “garantias de segurança fortes e confiáveis” para a Ucrânia. 

“A soberania da Ucrânia está no coração da segurança da Europa e nunca aceitaremos que o seu futuro seja decidido a portas fechadas no Alasca sem o seu consentimento ou o nosso”, insistiu Valérie Hayer, líder da bancada de centro do Parlamento Europeu.

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