Julgamento de Bolsonaro domina imprensa suíça
A imprensa suíça destaca o julgamento de Jair Bolsonaro, que pode resultar em até 40 anos de prisão. Outros temas em foco são a luta por jornadas de trabalho mais curtas, a condenação da Volkswagen por escravidão moderna e a segurança dos funiculares após a tragédia em Lisboa.
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De 30 de agosto a 5 de setembro de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.
Bolsonaro pode pegar 40 anos de prisão em julgamento por tentativa de golpe
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro está sendo julgado por uma suposta tentativa de golpe, podendo pegar mais de 40 anos de prisão. Sua defesa pede a absolvição, alegando que não houve violações democráticas. A decisão do Supremo Tribunal Federal está prevista para a próxima semana.
O ex-líder de extrema direita (2019-2022) do maior país da América Latina deve ter seu destino decidido até 12 de setembro, junto com sete outros réus, entre os quais vários ex-ministros e militares de alta patente, relatou o jornal online da Suíça francesa Le Matin,Link externo no dia 2 de setembro.
Segundo o jornal suíço, a promotoria o acusa de ser o líder de uma “organização criminosa” que conspirou para garantir sua “manutenção autoritária no poder”, apesar de sua derrota para o atual presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.
Em prisão domiciliar desde o início de agosto e inelegível até 2030, ele clama sua inocência e diz ser vítima de uma “perseguição política”, a pouco mais de um ano das eleições presidenciais de 2026.
O jornal Le TempsLink externo, por sua vez, disse que a defesa de Jair Bolsonaro solicitou na quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal do Brasil a absolvição do ex-presidente, que pode pegar até 43 anos de prisão por suposta tentativa de golpe de Estado, um caso que está no centro de uma crise com os Estados Unidos.
“A absolvição é absolutamente indispensável para que não tenhamos nossa versão do caso Dreyfus”, declarou o advogado Paulo Cunha Bueno. Ele se referia ao retumbante erro judicial que marcou a história da França, traçando um paralelo entre seu cliente, capitão da reserva do Exército Brasileiro, e o capitão judeu do Exército Francês que foi injustamente acusado de alta traição em benefício da Alemanha. A “credibilidade” do Supremo Tribunal Federal está em jogo, afirmou o advogado.
Fonte: Le Matin,Link externo em 02.09.25 e Le TempsLink externo, em 04.09.25 (ambos em francês)
Brasil aspira a “uma vida além do trabalho”
No Brasil, crescem os protestos contra semanas de trabalho que se estendem por seis ou até sete dias. Uma revolta saudada pelo sociólogo do trabalho Ricardo Antunes em entrevista ao jornal de esquerda Le CourrierLink externo.
“Vivemos a escravidão na nossa pele (…) Eu me pergunto quando nós, a classe trabalhadora, faremos uma revolução contra essa escala de 6 para 1.” Em 13 de setembro de 2023, Rick Azevedo, um jovem vendedor de uma farmácia do Rio de Janeiro, denunciou no TikTok a semana de trabalho exaustiva (seis dias de trabalho, um dia de descanso, conhecida como “escala 6 para 1”) sofrida por dois terços dos assalariados brasileiros.
Seu vídeo viralizou e deu origem a um movimento nacional, “a vida além do trabalho” (VAT). Em outubro de 2024, Rick Azevedo foi eleito para a Câmara Municipal do Rio pela lista do Partido Socialismo e Liberdade (Psol, extrema esquerda). Ele continua sua batalha contra a semana de seis dias, que agora conta com apoios importantes. No Congresso brasileiro, Erika Hilton, deputada do Psol, apresentou um projeto de lei que institui a semana de 36 horas, cinco dias por semana. E, em maio passado, os principais sindicatos e movimentos populares do país lançaram um plebiscito popular propondo a eliminação da “escala 6 por 1”, sem redução dos salários.
Uma iniciativa saudada por Ricardo Antunes, professor titular de sociologia do trabalho na Universidade de Campinas, em São Paulo. Para o sociólogo, cujas obras são referência além das fronteiras brasileiras, a redução da jornada de trabalho representa, de fato, a única barreira capaz de bloquear a “nova escravidão digital” que se espalha pelo Brasil.
Fonte: Le CourrierLink externo, em 04.09.25 (em francês)
Recurso judicial da Volkswagen contra acusações de escravidão no Brasil
A Volkswagen Brasil está recorrendo de uma decisão que a considerou culpada por práticas semelhantes à escravidão durante as décadas de 1970 e 1980. A gigante automotiva contesta a sentença, indicando que há processos judiciais em andamento sobre o assunto.
Um tribunal do trabalho do estado do Pará (norte do Brasil) considerou na sexta-feira, 30 de agosto, que centenas de trabalhadores de uma fazenda pertencente à Volkswagen do Brasil foram mantidos em servidão por dívidas e vigiados por guardas armados enquanto trabalhavam.
A empresa brasileira deve pagar 165 milhões de reais (26 milhões de euros) a título de indenização, decidiu o tribunal, a maior multa desse tipo já imposta na história do Brasil, ressaltou o Le MatinLink externo.
A Volkswagen do Brasil “continuará se defendendo, para fazer valer a justiça e a segurança jurídica, perante os tribunais superiores”, informou a empresa.
“Com 72 anos de história, a empresa defende constantemente os princípios da dignidade humana e cumpre rigorosamente todas as leis e regulamentos trabalhistas aplicáveis”, acrescentou.
A Volkswagen do Brasil também deve reconhecer sua responsabilidade e apresentar desculpas formais, decidiu o tribunal.
A filial brasileira da Volkswagen comprou, em meados da década de 1970, terras para criar uma exploração pecuária, incentivada pelo governo, que esperava desenvolver as regiões dentro e ao redor da floresta amazônica.
Fonte: Le MatinLink externo, em 30.08.25 (em francês)
Acidente em Lisboa: Os funiculares suíços são seguros?
Desde 1877, não se registrou nenhum acidente fatal de origem técnica nos funiculares suíços. Ao contrário do Elevador da Gloria, eles dispõem de um sistema de freios de emergência, explica o jornal 24HeuresLink externo, de Lausanne.
O funicular de Lisboa utiliza um sistema de cabo subterrâneo. Os funiculares suíços dispõem de freios especiais como medida de segurança adicional. Na Suíça, os funiculares públicos nunca sofreram acidentes mortais devido a falhas técnicas.
Após o grave acidente do Elevador da Glória, em Lisboa, na quarta-feira, a segurança dos funiculares históricos também levanta questões na Suíça. Na capital portuguesa, um vagão descarrilou em uma das mais antigas linhas ferroviárias de cremalheira da Europa. Dezessete pessoas perderam a vida e outras 21 ficaram feridas. Os primeiros elementos da investigação revelaram que um cabo de segurança se rompeu, mas ainda não foi estabelecida nenhuma causa oficial. As investigações continuam.
Fonte: 24HeuresLink externo, em 05.09.25 (em francês)
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Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 12 de setembro. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!
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