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Abbas rejeita qualquer participação do Hamas no governo palestino

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O líder palestino Mahmud Abbas rejeitou qualquer futuro papel do Hamas no governo e condenou o antissemitismo, em um discurso perante a ONU no qual pediu que todos os países reconheçam o Estado da Palestina, frente às ameaças de anexação por parte de Israel.

Dias após a França convocar uma cúpula sobre o conflito e vários países do Ocidente reconhecerem o Estado da Palestina, Abbas, de 89 anos, falou à Assembleia Geral da ONU por videoconferência, devido à decisão dos Estados Unidos de lhe negar o visto para viajar a Nova York.

Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, que governa a Cisjordânia, adotou um tom moderado para se dirigir a Israel e aos Estados Unidos, e demonstrou sua rejeição ao grupo armado islamista Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

“O Hamas não desempenhará nenhum papel na governança. O Hamas e outras facções terão que entregar suas armas à Autoridade Nacional Palestina”, declarou Abbas em uma mensagem de vídeo à Assembleia Geral da ONU.

Além disso, o líder palestino distanciou-se completamente do ataque de 7 de outubro de 2023, perpetrado pelo Hamas contra Israel, e rejeitou as constantes acusações de que o povo palestino é antissemita.

“Apesar de tudo o que nosso povo sofreu, repudiamos o que o Hamas fez em 7 de outubro, ações que tinham como alvo civis israelenses e os tomaram como reféns, porque estes ataques não representam o povo palestino, nem representam sua justa luta pela liberdade e independência”, afirmou Abbas.

“Repudiamos que se confunda a solidariedade com a causa palestina e a questão do antissemitismo, algo que rejeitamos com base em nossos valores e princípios”, acrescentou.

O líder palestino também qualificou os quase dois anos de guerra em Gaza como “um dos capítulos mais horríveis dos séculos XX e XXI”, o que implicitamente o equipara ao Holocausto.

Abbas pediu a criação de um comitê liderado pela Autoridade Palestina para que governe temporariamente na Faixa de Gaza.

– Israel rejeita um Estado palestino –

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou na quarta-feira, em um comunicado, que o reconhecimento do Estado da Palestina por parte dos países ocidentais “não obriga Israel a nada”, reiterando que “não haverá nenhum Estado palestino”.

Caso sejam dados passos nessa direção, membros da extrema-direita do governo de Israel ameaçam anexar parte da Cisjordânia.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apoia a posição do premiê israelense pela não criação de um Estado palestino.

No entanto, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que o mandatário americano se somou a ele em sua oposição à anexação.

“O que o presidente Trump me disse ontem foi que europeus e americanos têm a mesma postura”, disse Macron na quarta-feira em uma entrevista conjunta à France 24 e à Radio France Internationale.

Steve Witkoff, o enviado de Trump para o Oriente Médio, disse que o presidente, em uma reunião separada com líderes de nações árabes e islâmicas, apresentou um plano de 21 pontos para acabar com a guerra em Gaza.

“Acredito que aborda as preocupações de Israel, assim como as preocupações de todos os vizinhos da região”, disse Witkoff.

“Temos esperanças e, eu poderia dizer até confiança, de que nos próximos dias poderemos anunciar algum tipo de avanço decisivo”, acrescentou.

Um funcionário da Casa Branca sinalizou à AFP que Trump deseja “um fim rápido” para o conflito.

– Esforços internacionais –

O chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, assegurou, por sua vez, que quer fazer parte da reconstrução de Gaza.

“A UNRWA está presente em Gaza com 12 mil pessoas atualmente. Contrariando todas a expectativas, nosso pessoal continua fornecendo ajuda médica primária”, disse Lazzarini nesta quinta-feira.

Israel acusa a UNRWA de ter permitido que o Hamas usasse suas instalações como esconderijo durante a guerra.

O presidente indonésio, Prabo Subianto, garantiu que seu país, o que abriga a maior população muçulmana, está disposto a oferecer pelo menos 20.000 tropas.

A Autoridade Palestina de Abbas tem um controle limitado sobre partes da Cisjordânia em virtude do acordo alcançado durante os acordos de paz de Oslo de 1993.

bur-sct/gw/sla/cr/nn/mel/dd/fp/yr/jc/mvv/am

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