Navigation

Filas por prato de comida crescem no Rio de Janeiro

Homem dorme em rua do Rio de Janeiro, dezembro de 2020 afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 24. março 2021 - 22:00
(AFP)

Um grito vem da multidão quando a fila começa a andar: "Comidaaa, comidaaa!". São centenas de pessoas desesperadas por um almoço decente no centro do Rio de Janeiro, uma cena cada vez mais frequente desde o início da pandemia.

Gestantes, idosos, mendigos de várias idades se reúnem sob o forte sol do meio-dia para conseguir receber uma refeição distribuída pelo governo do Rio. O cardápio? Ensopado de carne e pirão.

As pessoas se amontoam atrás de uma cerca de segurança próximo a uma avenida, sem máscaras ou protocolos de distanciamento social para evitar a transmissão do novo coronavírus que assola mais uma vez o Brasil, sendo o Rio um dos estados mais afetados.

Sob o tenso olhar da polícia, os que esperam ficam impacientes enquanto a comida é descarregada de um caminhão.

Karen Cristina, de 31 anos, mãe de três filhos e com outros dois na barriga, finalmente consegue duas porções, água e frutas.

"Estou desempregada desde 2015. Vendo doces, sou ambulante e catadora", conta à AFP esta mulher negra e pequena, que dorme nas proximidades do aeroporto Santos Dumont, na capital.

No ano passado, recebeu R$ 600 por mês distribuídos pelo governo Jair Bolsonaro desde abril, depois reduzido para R$ 300 em setembro e posteriormente suspenso em dezembro.

Atualmente conta principalmente com o programa "RJ Alimenta", que desde agosto já distribuiu mais de 1,2 milhão de refeições em diferentes pontos da cidade, e nos últimos dois meses viu suas filas crescerem.

"Antes a gente tinha um perfil de pessoas que moravam nas ruas, agora esse perfil se mistura aos novos desempregados, que encontram no programa muitas vezes a única refeição do dia", explica Bruno Dauaire, secretário de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Rio, responsável pelo programa junto à Fundação Leão XIII, vinculada ao estado.

O Executivo anunciou que distribuirá o auxílio emergencial novamente a partir de abril, com valores de R$ 150 a R$ 375 a um número menor de beneficiários.

"Eu não sou morador de rua, moro numa casa [numa comunidade], pagando aluguel, mas estou 5 meses atrasado", afirma Cica de Deus, um simpático senhor de 69 anos que percorre a cidade em busca de latas, papelão e papel para vender em centros de reciclagem.

Improvisando uma máscara com um lenço fino, ele se dirige à câmera na esperança de mandar sua mensagem diretamente para o Bolsonaro: "Eu até queria perguntar pro presidente Bolsonaro se ele vive com 150 reais. Não dá para viver!".

Modificar sua senha

Você quer realmente deletar seu perfil?

Não foi possível salvar sua assinatura. Por favor, tente novamente.
Quase terminado… Nós precisamos confirmar o seu endereço e-mail. Para finalizar o processo de inscrição, clique por favor no link do e-mail enviado por nós há pouco

Leia nossas mais interessantes reportagens da semana

Assine agora e receba gratuitamente nossas melhores reportagens em sua caixa de correio eletrônico.

A política de privacidade da SRG SSR oferece informações adicionais sobre o processamento de dados.