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Centristas e extrema direita praticamente empatados nas eleições legislativas dos Países Baixos

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O resultado das eleições legislativas nos Países Baixos continua incerto nesta quinta-feira (30), com apenas alguns milhares de votos separando o partido de extrema direita de Geert Wilders de um partido centrista pró-europeu. 

Após a apuração de 99,7% dos votos, o Partido pela Liberdade (PVV) de Wilders superava por pouco o D66, uma legenda progressista e liberal liderada por Rob Jetten, de 38 anos.

A diferença é tão pequena que os votos por correspondência dos holandeses que moram no exterior podem decidir as eleições, o que significa que o resultado final pode demorar vários dias para ser conhecido.

Seja qual for o resultado definitivo, o líder de extrema direita não será, a priori, primeiro-ministro, já que os principais partidos descartaram no momento qualquer nova colaboração com ele.

Segundo as projeções, o PVV conquistaria 26 cadeiras das 150 do Parlamento, o que significaria uma queda de 11 em relação à vitória eleitoral impressionante de 2023.

Jetten ganhou tração nas pesquisas graças ao discurso com mensagem positiva e à sua presença constante nos meios de comunicação.

“Milhões de holandeses viraram a página hoje. Disseram adeus à política da negatividade e do ódio”, declarou Jetten em um discurso a seus simpatizantes.

Wilders admitiu que esperava um resultado diferente e disse, na rede social X, que “esperávamos outro resultado, mas mantivemos a nossa essência”.

O partido de extrema direita pretendia repetir os bons resultados conseguidos há dois anos.

Wilders provocou a antecipação das eleições quando seu partido abandonou, em junho, a coalizão de governo por divergências com os outros três partidos sobre a política de asilo.

Os partidos tradicionais descartaram a possibilidade de uma nova aliança com Wilders por não o considerarem confiável.

O fragmentado sistema político holandês implica que nenhum partido pode alcançar os 76 assentos necessários para governar sozinho, o que exige a busca de consensos e a formação de coalizões.

“O futuro da nossa nação está em jogo”, declarou Wilders à AFP em uma entrevista antes das eleições.

Na Europa, partidos similares ao de Wilders lideram as pesquisas na França, Alemanha e Reino Unido.

Os Países Baixos são a quinta maior economia da União Europeia.

– Negociações –

A campanha eleitoral, marcada pela violência e desinformação, foi concentrada em temas migratórios e na crise imobiliária que abala o país. 

“Este é um dos países mais ricos do planeta e, no entanto, a confiança em si mesmo é muito baixa”, declarou Frans Timmermans, o experiente ex-vice-presidente da Comissão Europeia e líder da aliança de esquerda Verde/Trabalhista, em entrevista à AFP.

Timmermans renunciou ao cargo de líder do partido após o anúncio dos resultados, que indicam 20 cadeiras para sua aliança.

“Esta noite, deixo minhas funções de chefe do partido. Com o coração pesado”, declarou.

Genri Bontenbal, líder dos democrata-cristãos do CDA, apostava na estabilidade para vencer as eleições. “Acredito sinceramente que os holandeses não são extremistas em nenhum dos lados”, declarou à AFP.

“A maioria dos holandeses quer políticas moderadas do centro político”, acrescentou Bontenbal, de 42 anos, que não viaja em um avião privado desde 2006 por razões climáticas.

O que é certo é que as negociações para formar uma coalizão levarão meses. O último governo precisou de 223 dias para ser formado.

ric/sag/pc/eg/atm/fp/aa/rpr/am

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