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CIDH revela uso excessivo da força contra protestos na Nicarágua

Estudante com faixa na cabeça participa de manifestação no aniversário do início dos protestos na Nicarágua, em 18 de maio de 2018, em Manágua afp_tickers

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) encontrou evidências de uso excessivo da força para reprimir os protestos contra o governo que abalam a Nicarágua há um mês e que deixam 76 mortos e 868 feridos, informou o organismo nesta segunda-feira (21).

A CIDH documentou e ouviu “centenas de denúncias que evidenciam graves violações aos direitos humanos caracterizadas pelo uso excessivo da força pelas forças de segurança do Estado e também por terceiros armados”, indica um relatório preliminar lido pela relatora do organismo, Antonia Urrejo, em entrevista coletiva.

Os casos foram documentados durante a visita que uma missão da CIDH fez à Nicarágua de 17 a 21 de maio para se reunir com setores e pessoas afetadas pela violência desde o início dos protestos, em 18 de abril.

De acordo com informações recebidas pela CIDH, no mês passado houve pelo menos 76 mortos e 868 feridos, “em sua maioria no contexto dos protestos, dos quais cinco permanecem hospitalizados com gravidade”.

A escalada propiciou pedidos de renúncia do presidente Daniel Ortega e da vice-presidente Rosario Murillo por diversos setores.

O organismo também informou que 438 nicaraguenses foram temporariamente detidos de maneira arbitrária na prisão policial de Manágua conhecida como El Chipote e na prisão La Modelo, sem que, na maioria dos casos, apresentassem acusações.

As vítimas “alegam ter sido objeto de golpes, insultos, da falta de recebimento de comida, e escasso fornecimento de água”, ou “terem sido raspadas, algemadas com rigor e submetidas a golpes e chaves asfixiantes”, diz o relatório.

“A CIDH condena enfaticamente as mortes, agressões, detenções arbitrárias de estudantes, manifestantes, jornalistas e outros cidadãos no país desde o início dos protestos e que continuam até hoje”, acrescenta.

– ‘Renúncia imediata’ –

Enquanto isso, estudantes, empresários e membros da sociedade civil reiteraram nesta segunda o pedido de “renúncia imediata” do casal presidencial, no terceiro dia do diálogo mediado pela Igreja Católica.

A dirigência estudantil também rejeitou a antecipação das eleições para antes de 2021, ao entender “permitiria uma oxigenação ao regime” e a recomposição das bases de seu partido, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

“Não queremos uma simples troca de elites políticas” com eleições antecipadas. “Acreditamos que o início de um processo democrático é possível apenas com a ausência de Daniel Ortega, Rosario Murillo e seus partidários”, declarou o dirigente universitário Lester Alemán.

As conversas foram transmitidas ao vivo pela televisão.

O chanceler Denis Moncada, que lidera a delegação do governo, surpreendeu a mesa de diálogo ao assinalar que os temas políticos e institucionais são objeto de uma negociação com a Organização de Estados Americanos (OEA).

“Há uma via paralela a este diálogo” que o governo e a OEA estão trabalhando há dois anos para o fortalecimento político, institucional e eleitoral, assinalou.

O diálogo entre o governo e a oposição busca uma saída pacífica aos protestos.

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