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Tecnologia laser ajuda a prever o tempo

Escola Politécnica de Lausanne testa a tecnologia Lidar no observatório do Jungfraujoch. epfl

Meteosuisse, o serviço suíço de meteorologia, criou um sistema único no mundo que mede a umidade das camadas atmosféricas através de um raio luminoso emitido no observatório de Payerne.

O revolucionário aparelho chama-se “Lidar”, um aparelho que faz detecção e telemetria através de ondas luminosas.

Em breve obsoletos, os celebres balões-sonda de Payerne já cumpriram sua missão. Meteosuisse, o serviço de previsão de meteorologia da Suíça, inaugurou recentemente um sistema de detecção inédito das camadas atmosféricas a partir do solo.

O princípio? Um canhão de laser envia raios luminosos trinta vezes por segundo ao céu. Quatro telescópios acompanham os raios permanentemente e podem decodificar as moléculas de água em altitude.

“No momento o sistema ainda não substitui os balões-sonda. Ele apenas traz informações suplementares que permitem tornar as previsões mais apuradas”, explica Bertrand Calpini, chefe da estação da Meteosuisse em Payerne, comuna localizada no cantão de Vaud (oeste da Suíça).

Todavia o novo sistema poderá substituir a longo prazo os balões-sonda, cujo modo de operação permanece o mesmo nos últimos cinqüenta anos: todas as seis horas um balão carregado com aparelhos de medição é lançado para analisar as diferentes camadas da atmosfera durante a ascensão.

Baseado na tecnologia “Lidar” – sigla em inglês para “Light detection and ranging” (Detecção de luz e variação) – o canhão de luzes em Payerne utiliza outro princípio: a detecção a partir do solo. “É uma nova geração de aparelhos. Nós estamos dando um novo passo tecnológico fabuloso”, reforça Calpini.

Já desenvolvido para aplicações militares, o sistema “Lidar” produziu protótipos de uso civil, especialmente na Alemanha e nos Estados unidos. Porém a sua instalação em Payerne “é mais desenvolvida e ultrapassa seus concorrentes em nível mundial”.

Ler temperaturas

Criação da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), o aparelho custou cerca de 750 mil francos (682 mil dólares), dos quais 200 mil foram financiados pela Fundação Nacional Suíça de Ciência. “Mas essas cifras não querem dizer muita coisa. A pesquisa teria custado milhões em um laboratório privado”, diz Calpini.

Capaz de medir o vapor de água e aerossóis em altitude, o Lidar será aperfeiçoado no ano que vem. Com isso, ele será capaz de medir as temperaturas. Ainda é cedo para dizer se outros aparelhos de laser do mesmo tipo serão instalados sobre a plataforma suíça. “Primeiro é necessário testar as potencialidades do aparelho”, explica Daniel Keuerleber-Burk, diretor da Meteosuisse.

Aparelho exportável?

O Lidar poderá receber uma patente e ser comercializado internacionalmente. “Por que não”, pergunta-se Calpini, “mas ainda não chegamos nesse estágio, pois existem ainda algumas etapas a serem superadas antes de ser possível fazer um plano de negócios”.

A estação aerológica de Payerne multiplica os aparelhos de análise da atmosfera a partir do solo. Em 2006, ela colocou em serviço o primeiro traçador de perfis do vento: um aparelho capaz de medir as massas de ar graças às micro-ondas.

Vinte anos de pesquisa

O Lidar de Payenne é um puro “bebê” da Escola Politécnica de Lausanne. “Trata-se de um bom exemplo de transferência tecnológica”, se felicita o seu diretor Patrick Aebischer. “Quando os estudos sobre o sistema começaram, era apenas pesquisa fundamental. Hoje é uma aplicação concreta, incorporada a serviço do governo suíço”.

A ajustagem do aparelho necessitou vinte anos de pesquisa. Os primeiros estudos foram realizados no departamento de física experimental. Em seguida, o físico Bertrand Calpini continuou os trabalhos de pesquisa no laboratório de poluição atmosférica com Hubert van den Bergh. Ao passar para a MeteoSuisse em 2002, inicialmente como chefe de atividades técnicas, Calpini dirige hoje a estação aerológica de Payerne. “Seguramente a minha passagem para MeteoSuisse permitiu reforçar as ligações e assinar o nosso contrato de parceria para a Lidar.

swissinfo com agências

MeteoSwiss, ligada ao Ministério suíço do Interior, fornece à população, instituições públicas e privadas informações meteorológicas e sobre o clima.
Ela emprega 270 pessoas, além de 800 observadores não-profissionais nas estações de coleta.
Metade do seu orçamento vem das autoridades federais. O resto vem de pagamento pelos serviços que oferece.

Desde 1863 são coletados na Suíça dados meteorológicos, quando 88 estações de previsão do tempo foram instaladas pela Sociedade Suíça de Ciência Natural.

1881: o governo decidiu criar o Instituto Central de Meteorologia, hoje conhecida como “MeteoSwiss.

1927: um serviço aeronáutico meteorológico foi criado para atender às necessidades crescentes da indústria aeronáutica.

1936: um serviço de alerta contra tempestades foi introduzido para as regiões alpinas e dos lagos.

1951: foi criado um serviço meteorológico para a agricultura.

1993: MeteoSwiss começou a fornecer informações sobre a concentração diária de pólen.

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