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Que história suíça é essa, Porchat?

Fabio Porchat
Divulgação

O humorista e apresentador Fabio Porchat revelou recentemente um lado suíço da sua história, enquanto passeava por Genebra, onde fez um show de stand-up para mais de 450 pessoas.

Caminhando pelas ruas da cidade suíça, ele informou aos milhões de seguidores, pelo Instagram, que o sobrenome dele veio daqui da Suíça.

Em tom de brincadeira, o humorista fez vários stories explicando um pouco a sua origem e, ao mesmo tempo, fazendo graça com a situação, como é do seu feitio. No dia 3, o humorista, que está em turnê pela Europa, se apresentou pela primeira vez na cidade. As entradas para o espetáculo estavam esgotadas há muito tempo.

“Meu pai insistiu para que eu avisasse as pessoas de que a nossa família é genebrina. De que Porchat é de Genebra. Eu falei: pai, por que que eu vou avisar as pessoas? Ele: fale para as pessoas. Eu falei: não adianta eu chegar para um rapaz de Genebra e falar: oi, em 1850, um tio meu foi embora. Então, ele vai falar: se foi embora, muito obrigado, te agradeço. Não tem por que eu avisar. Mas o meu pai insiste: então, eu estou aqui avisando, em nome do meu pai, que pediu para eu avisar vocês que a nossa família é genebrina”, disse.

Fabio Porchat
Fábio Porchat contando a versão dele da história da família em Genebra. (Cortesia)

Depois disso, apontando para prédios e parques da cidade, Porchat falou, brincando e fazendo graça:

“O que me leva a pensar que tudo isso aqui era de papai. Ele criava ovelhas aqui, plantava mirtilo e, num belo dia, ele resolveu… Na verdade, é tudo de titio. E titio, um dia, resolveu partir. Se apaixonou por uma brasileira e ele não vendeu, ele doou para o governo de Genebra, que não era nem Genebra na época. Ele doou os mirtilos e as ovelhas e hoje virou essa praça maravilhosa. Naquela casa era a casa de campo de titio, que vinha saborear mirtilos com granola, que se comia muito na época. E o resto é história”, falou, rindo dos detalhes da própria história inventada.

Porchat pai explica melhor essa história

SWI swissinfo.ch foi, então, atrás do pai de Porchat para entender melhor essa história toda. Por telefone, o produtor Fabio Ferrari Porchat de Assis explicou que o parente distante que saiu da Suíça para se aventurar no Brasil, mais precisamente em Santos, se chamava Henri Porchat, trisavô dele e tataravô do “Fabinho”, o humorista.

“O Henri Porchat era de Genebra. No século XVIII, ainda muito jovem, ele vem para o Brasil. Um tio dele, um outro Porchat, o Jean-Jacques Porchat, que era um grande biólogo muito conhecido aí, conversou com o menino Henri sobre o Brasil, dizendo que era uma grande oportunidade, e lá veio o Henri Porchat, direto de Genebra pra Santos. Ele já veio com grana suficiente. Então, logo abriu aqui um curtume e depois teve barcos a vapor, que eram pra fazer transportes. E se tornou um dos homens mais ricos de Santos, grande empreendedor. Foi também o primeiro industrial que exportou chifre de boi para a Europa para fazer botão, essas coisas todas. Eu sei que o cara ganhou dinheiro. E assim foi”, contou, rindo.

Segundo Porchat pai, Henri se casou com uma brasileira, com quem teve uma filha chamada Maria Carlota. Por sua vez, Maria Carlota se casou com Antonio Justino de Assis e um dos filhos deles era Antonio Justino, avô do Porchat pai.

Os Porchat
Fabio Porchat, pai e filho, em Portugal. (Cortesia)

“Então, meu avô é Antonio Justino; minha bisavó é a Carlota e meu trisavô, o Henri Porchat, que é tataravô do Fabinho”, afirmou.

De acordo com ele, o biólogo Jean-Jacques Porchat teve também um filho, de mesmo nome, que foi um escritor famoso na Suíça.

Ilha Porchat: nome é por causa do parente distante

O pai do humorista também contou que esse trisavô dele comprou uma ilha muito conhecida no litoral de São Paulo: a famosa Ilha Porchat.

“Na verdade, uma concessão do governo, porque no Brasil as ilhas são propriedade da Marinha, mas faz concessão por 99 anos, depois renova. Então, a Ilha Porchat provém exatamente desse Henri Porchat, que era um genebrino, nasceu em Genebra”, explicou o produtor cultural, afirmando que a família não tem a nacionalidade suíça, “mas até gostaríamos de ter”.

Porchat pai também contou que um dos filhos do tal Henri, Henrique Porchat, se tornou um dos primeiros prefeitos de Santos na época da República em uma junta provisória tríplice. “Os Porchat são provenientes de Genebra e de Santos”.

Fabio Porchat pai contou que já esteve na Suíça, há tempos, numa viagem de turismo rápida, em Berna, mas não procurou “o pessoal”; os primos dele quando estiveram aqui, porém, “procuraram e acharam”.

O pai destacou o fato de “Fabinho” ter feito um show exatamente em Genebra, terra de antepassados, e quis saber se tinha muito brasileiro na cidade.

Porchat e os patos de Genebra

Quando esteve na Suíça, o humorista fez uma série de vídeos que foram postados na conta do Instagram dele. Em um deles, está Fabio Porchat diante do lago Léman e do Jet d’eau (Jato d’Água), falando da cor da água e do ponto turístico de um jeito engraçado:

“A água é clarinha, gostosa, um gelo. No verão deve ser uma delícia. E lá (mostrando mais pra frente), a água vai para o alto (se referindo ao Jato). Quer dizer, é um país tão tranquilo, uma cidade tão tranquila que nada acontece que o grande ponto turístico é uma água jorrada para o alto, ó. Que maravilha, hein? Olha isso… Rapaz, o Jato d’Água é lá. Aqui o forte é pato. Aqueles pontinhos lá é tudo pato. Vamos atrás de pato. Olha que graça. Tem pato pra caramba. Menina, quanto ver pato! Pato branco, pato preto, pato cinza. Muito pato, hein, Suíça? Estão de parabéns aí pelo envolvimento de vocês com os patos”, brincou o humorista, enquanto mostrava o lago num dia em que fazia sol em Genebra e a temperatura estava perto dos 5 graus.

Muro dos Reformadores
Porchat no Muro dos Reformadores. (Cortesia)

Genebra: um bom lugar para ter paz de espírito

Para swissinfo.ch, o humorista disse o que achou de Genebra:

“Genebra é uma graça, uma cidade linda, muito calma, muito tranquila, e eu gosto disso também. Me parece um bom lugar para morar, para ter paz de espírito”, falou.

Mesmo tendo ficado poucos dias, Porchat encontrou tempo para visitar alguns pontos turísticos e dar uma volta pela cidade. Ele esteve, por exemplo, no Parc des Bastions, onde fotografou o Muro dos Reformadores, onde estão as estátuas dos principais protagonistas da Reforma Protestante. O humorista também pediu dicas de onde beber depois do jantar e recebeu algumas opções dos seguidores. E, como muitos turistas costumam fazer por aqui, provou um prato típico local: o famoso fondue de queijo.

Um show sem polêmicas

Porchat disse para swissinfo.ch que o show de stand-up “Histórias do Porchat” que vem fazendo por algumas cidades da Europa conta “as maluquices que aconteceram comigo durante algumas das minhas viagens”.

“Desde uma massagem quase erótica na Índia, uma dor de barriga no Nepal… Eu fiquei frente a frente com um gorila em Ruanda, um hipopótamo ficou me encarando lá em Botsuana. Eu pego essas histórias e transformo elas em stand-up. Então, é uma peça em que o público ri do início ao fim, sem parar, uma peça para todo mundo, que não tem nada polêmico, nada de política. É uma peça para o povo rir, para dar risada”, contou.

Porchat também teve um encontro com o escritor Paulo Coelho e com a artista plástica Christina Oiticica, que moram em Genebra, e visitou a fundação que leva o nome do casal.

Pessoas em um elevador.
Fabio Porchat com sua irmã Cristina juntos com Paulo Coelho e Christina Oiticica em Genebra. (Reprodução de foto do Twitter de Paulo Coelho)


Edição: Fernando Hirschy

Illustration Auslandschweizer

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