Descoberta no Brasil nova espécie de rã de 119 milhões de anos
Os restos fósseis de uma espécie de rã de 119 milhões de anos foram encontrados no Brasil e estudados por cientistas brasileiros e argentinos, informou nesta quinta-feira (27), em Buenos Aires, a agência de difusão CTyS, da Universidade de La Matanza (UNLaM).
O espécime foi batizado como ‘Kukurubatrachus gondwanicus’ e tem cinco centímetros de comprimento.
“O corpo da ‘Kukurubatrachus’ está praticamente inteiro e inclusive seu conteúdo estomacal foi preservado. Segundo se estima, este animal se alimentava de insetos e outros pequenos animais”, disse Federico Agnolin, cientista do Museu Argentino de Ciências Naturais (MACN).
Os especialistas “estudaram o esqueleto quase completo e tecidos moles desta nova espécie de rã do Cretáceo, encontrada no nordeste do Brasil”, a oito quilômetros de Nova Olinda, no Ceará, explicou Agnolin.
Na região, há 120 milhões de anos, começava a se formar a costa do proto-oceano Atlântico, que acabaria separando a América do Sul da África, anunciou o informe.
“A forma das patas e do quadril indicam que esta rã era de uma espécie saltadora, como as rãs atuais, e o que mais nos chamou a atenção é que seu esqueleto é surpreendentemente moderno, muito parecido em todos os seus aspectos aos espécimes que vivem na mesma região do Brasil na atualidade”, disse o cientista.
Agnolin é o autor principal do estudo publicado na revista científica Journal of South American Earth Sciences.
O pesquisador Ismar de Souza Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, afirmou por sua vez que “nesta jazida de Nova Olinda, onde há rochas de 119 a 113 milhões de anos, encontram-se alguns dos melhores fósseis do mundo e, às vezes, inclusive, se encontra tecido muscular ou outras partes moles que geralmente se decompõem quando os animais ou as plantas morrem e seus restos ficam enterrados”.
“Este local é como uma janela no tempo para o conhecimento desta parte da história da vida”, destacou Carvalho.
Na época em que esta rã viveu, apareceram as primeiras plantas com flores na Terra.
“Quando a Kururubatrachus vivia, os mares estavam repletos de répteis marinhos e nos ambientes terrestres dominavam os dinossauros”, disse Carvalho à agência universitária.
Também participaram do estudo os pesquisadores José Xavier-Neto, do Departamento de Morfologia da Universidade Federal do Ceará; José Artur Ferreira Gomes, da Agência Nacional de Mineração do brasil e Francisco Idalécio Freitas, do Geopark Araripe.