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Candidatura a 16.600 km de distância

Weltkarte alle wollen von überall ins Bundeshaus
Eleições 2023: 43 suíços e suíças do exterior de 18 países diferentes estão concorrendo ao Conselho Nacional (Câmara dos Deputados). swissinfo.ch

Entre candidatas e candidatos a um assento no Conselho Nacional (Câmara dos Deputados), 43 são de pessoas que vivem fora do país, cujo perfil não poderia ser mais diverso: um agricultor na França, uma escritora em Berlim, um diplomata na Austrália. Quem precisa percorrer o caminho mais longo e em qual cantão há mais candidatos do exterior?

Eles estão se candidatando nas eleições federais de 22 de outubro de 2023Link externo em 11 cantões por nove partidos diferentes. E vivem em 18 países do mundo, espalhados pelos seis continentes, com uma média de idade de 52 anos. Dos mais de 5.900 candidatos ao Conselho Nacional, 43 vivem no exterior. 

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Mesmo considerando que o contingente de suíços e suíças que residem no exterior tem aumentado, o número de candidatos que não moram no país não cresceu nestas eleições. Em 2019, havia 44 suíços expatriados se candidatando; em 2015, eram 28. Em torno de 75% dos candidatos ao pleito atual (32 pessoas) vivem em países europeus.

Maioria dos emigrantes concorre em Genebra

Não é na Basileia-cidade (quatro candidatos), em St. Gallen (um candidato) ou na Turgóvia (seis candidatos), cantões que vão disponibilizar votação eletrônica no próximo pleito, que há registro do maior número de candidatos do exterior, mas sim no cantão de Genebra. Ali, há 11 candidatos do exterior concorrendo por quatro listas distintas.

Essas pessoas vivem na Alemanha, França, Colômbia, Espanha, Hungria, no Reino Unido e Canadá. Não é de se admirar que cinco delas vivam na vizinha França, enquanto há apenas um candidato de cada um dos outros países acima citados.

Ainda há candidatos residentes no exterior nos cantões de Zurique (1), Berna (4), Lucerna (4), Schwyz (1), Friburgo (2), Basileia-Cidade (4), Schaffhausen (1), St. Gallen (1) Turgóvia (6).

Portrait Gianfranco Definti
Gianfranco Definti Thomas Kern/swissinfo.ch

O cantão do Ticino é também um caso singular: um total de oito suíços que vivem no exterior constam da lista internacional do Partido do Centro, na qual tanto o candidato mais jovem quanto o mais velho são de fora do país.

Gianfranco Definti vive desde 1969 em Milão. Aos 82 anos, ele continua na ativa, exercendo sua profissão de corretor de seguros, além de se envolver na direção da organização dos suíços do exterior. “É preciso se manter ativo para permanecer jovem”, diz Definti.

Ele fundou há oito anos a Lista Internacional do Partido do Centro no Ticino. O objetivo dessa lista, segundo Definti, é claramente ajudar o Partido do Centro no cantão do Ticino. “Como suíço que vive no exterior, é muito difícil ser eleito”, diz o candidato que tem dupla cidadania (suíça e italiana).

Até hoje, isso foi algo que apenas o social-democrata Tim Guldimann conseguiu. Definti mantém ligações estreitas com a Suíça. Normalmente, ele passa seus fins de semana no Ticino. 

A candidata mais jovem é estudante Bianca Mascetti, 21 anos, de Como. Ela não reagiu ao pedido de entrevista da swissinfo.ch.

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O caminho mais longo

O caminho mais longo até o Conselho Nacional – mais de 20 horas de voo – teria que ser percorrido, de longe, por Emmanuel Bichet, natural de Friburgo. O diplomata vive desde o início de 2022 com sua família na capital australiana Canberra, onde trabalha meio período na Embaixada da Suíça como encarregado especial para a região do Pacífico. No resto do tempo, Bichet se dedica à startup que fundou esse ano na Suíça. 

Portrait des Auslandschweizers Emmanuel Bichet
Emmanuel Bichet zVg

Bichet é candidato da lista do Partido Cristão-Social (PCS), de centro-esquerda. Esse partido da Suíça de língua francesa, que já conseguiu eleger um membro do Conselho Nacional (Hugo Fasel), se empenha pelos interesses das pessoas que “não podem investir recursos na defesa de seus interesses particulares”. Bichet reivindica, por exemplo, o salário-mínimo de 23 francos suíços por hora no país. 

O jurista, nascido na França, é filho de pai francês e mãe suíça. Após concluir seus estudos em Paris, ele se mudou para a Suíça, onde fez seu primeiro estágio no Ministério suíço das Relações Exteriores (EDA, na sigla em alemão).

Bichet vem ocupando há 25 anos diversos postos no serviço diplomático do EDA, com passagens por Jacarta, Nova York, ONU em Genebra e UE em Bruxelas. 

Caso seja eleito, ele não iria, contudo, manter seu domicílio no exterior. “Planejamos retornar à Suíça no primeiro semestre de 2024”, diz o candidato de 51 anos. “Portanto, eu só faria no máximo duas viagens da Austrália para sessões parlamentares”.

Bichet, que não é um apreciador de viagens aéreas, compensa sistematicamente há anos suas emissões de CO2. “O melhor seria obviamente não voar mais”, afirma. Isso, porém, não é possível no momento, por razões familiares. 

O candidato acredita que tem chances de ser eleito. E promete, caso se torne membro do Conselho Nacional, se envolver na defesa dos interesses dos suíços que vivem no exterior e da parte mais pobre da população dentro da própria Suíça. 

Aposentada na Colômbia e candidata

Apenas 30% das 43 candidaturas do exterior são de mulheres – enquanto a parcela de mulheres em todas as listas do Conselho Nacional chega aos 40,75%. Entre as candidatas de fora do país, Leonor Chevalier teria que trilhar o caminho mais longo até o Parlamento: aproximadamente 9 mil km em linha reta separam sua residência em Medellín, na Colômbia, de Berna. Chevalier é uma das candidatas da lista internacional do Partido do Povo Suíço (SVP) em Genebra.

Portrait Bild von Auslandschweizerin Leonor Chevalier
Leonor Chevalier zVg

Caso fosse eleita, ela faria quatro viagens por ano, de ida e volta, da Colômbia para a Suíça. “Viajo de todo jeito duas vezes por ano para a Suíça, só seriam duas viagens a mais”, diz a professora particular de 71 anos. 

Chevalier nasceu na Colômbia e se mudou aos 16 anos para a Suíça, para estudar. “Eu me apaixonei imediatamente pelo país”, diz ela, que se casou na Suíça e hoje tem três filhos adultos. Ela passou um total de 32 anos na Suíça de língua francesa.

Em 2001, Chevalier retornou à Colômbia – a princípio para ficar apenas um ano, mas acabou permanecendo por mais tempo. “Nessas alturas, como aposentada, eu não poderia mais me dar ao luxo de viver na Suíça”, diz ela. Apesar disso, ela pretende se empenhar pelo país e pelos suíços que vivem no exterior. 

A preservação da cultura suíça é um dos aspectos que Chevalier mais defende. “Não sou contra a migração, mas uma imigração descontrolada não é boa para nenhum país”, diz a candidata do SVP. Ela afirma querer se envolver também na busca de soluções para temas recorrentes entre os suíços que vivem no exterior, como por exemplo as contas bancárias, a votação eletrônica, a entrega de cédulas eleitorais e as escolas suíças no exterior. 

Falta um grande partido

Por quais partidos os suíços que vivem no exterior se candidatam predominantemente? Neste contexto, salta aos olhos o fato de o Partido do Centro e o Partido Verde Liberal da Suíça, com 28 candidatos, serem as facções mais internacionais na campanha eleitoral de 2023. O SVP tem cinco candidatos; os Verdes, três; e o Partido Socialista (SP, na sigla em alemão), um.

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Além disso, chama também a atenção o fato de a terceira maior facção da Suíça, o Partido Liberal (FDP, na sigla em alemão) não apresentar nenhuma candidatura do exterior. Essa foi uma decisão consciente, afirmou a rede internacional da facção ao questionário enviado pela SWI swissinfo.ch. Segundo seus porta-vozes, o FDP prefere incentivar mais a representação indireta dos suíços do exterior no Parlamento.

Adaptação: Soraia Vilela

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