 
Equador propõe base militar estrangeira contra narcotráfico em Galápagos
 
O presidente do Equador, Daniel Noboa, sugeriu, nesta terça-feira (28), a eventual instalação de uma base militar estrangeira no arquipélago de Galápagos, no momento em que os Estados Unidos intensificam sua ofensiva contra o tráfico de drogas na costa do Oceano Pacífico.
Os equatorianos decidirão, em 16 de novembro, em um referendo, se desejam ou não permitir que bases militares estrangeiras operem no país, algo que está proibido na Constituição desde 2008.
Noboa, um dos principais aliados do governo americano de Donald Trump na região, disse que Baltra, uma pequena ilha do arquipélago de Galápagos, poderia ser usada como base para combater o tráfico de drogas e combustível, assim como a pesca ilegal.
Segundo o mandatário, um ponto estratégico na guerra contra as drogas seria Baltra, uma pequena ilha do arquipélago de Galápagos.
“É preciso deixar bastante clara a razão de Baltra. Primeiro, pesca ilegal; segundo, narcotráfico; terceiro, controle sobre o tráfico de combustíveis que se movimenta por lá. E também vai gerar não apenas segurança, mas benefícios para a população de Galápagos”, destacou o presidente em uma rádio de Guayaquil.
Galápagos está a 1.000 quilômetros da costa do Equador, um ponto estratégico do Pacífico.
As ilhas, sobretudo, são um laboratório vivo por sua excepcional biodiversidade, com flora e fauna únicas no mundo, como as iguanas-rosadas ou as tartarugas-gigantes.
Este Patrimônio Natural da Humanidade de ecossistemas frágeis é berço da teoria da evolução das espécies e é um exemplo mundial de conservação.
Opositores de Noboa consideram a reinstalação de bases um perigo para a soberania territorial e a conservação de espécies endêmicas, algo que o mandatário rejeita.
“Não é entregar soberania absolutamente a ninguém (…) A última palavra é do governo equatoriano”, afirmou.
– “Proteger Galápagos” –
A ilha Baltra, onde opera um dos dois aeroportos de Galápagos, foi uma base militar dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial junto ao balneário de Salinas, no continente.
Uma base militar “não é para afetar Galápagos nem para entregar Galápagos, é para proteger Galápagos”, insistiu Noboa.
O presidente considera a possibilidade de instalar várias bases e não apenas militares.
“Fala-se de bases estrangeiras (…) pode haver uma base de controle de pesca ilegal, de vários países que estejam lá, pode haver outra base de controle de drogas, pode haver outra base de Segurança Nacional, que os Estados Unidos estão interessados (…) e controlar o problema longe de suas fronteiras”, disse o mandatário.
O Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos protege o país de possíveis ameaças, e suas funções abrangem a prevenção do terrorismo, o controle fronteiriço, a gestão migratória, entre outras.
Cientistas denunciaram na época que a antiga base militar de Baltra espantou as iguanas terrestres e que com os militares chegaram cães e gatos que ameaçaram a sobrevivência das espécies próprias das ilhas.
Embora menos prováveis, Noboa também falou de bases estrangeiras em Salinas e Manta.
No porto equatoriano de Manta também operou uma base militar americana para controle do narcotráfico até que o acordo terminou em 2009.
O balneário de Salinas, na província de Santa Elena (sudoeste), tem a facilidade de já contar com a infraestrutura para reinstalá-la.
Desde o início de setembro, o governo de Trump realiza ataques contra supostas narcoembarcações no Caribe e no Pacífico, o que especialistas consideram ilegal.
Desde então, ao menos 57 pessoas morreram, segundo uma contagem da AFP baseada em informações oficiais.
pld/lv/ad/yr/aa/rm/dd/am
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
