
Fazendeiros do Panamá adaptam suas fazendas para proteger onças-pintadas

Um número crescente de fazendas no Panamá está adotando medidas para reduzir os ataques de onças-pintadas ao gado, uma demonstração de que é possível a convivência entre humanos e esses felinos americanos, disse nesta sexta-feira (26) uma agência da ONU.
A onça-pintada (Panthera onca) é uma figura de destaque na mitologia maia e asteca, mas muitos agricultores as matam depois que alguma ataca seu gado.
Noventa e seis por cento das mortes de onças no Panamá, entre 1989 e 2019, ocorreram após ataques ao gado, segundo a ONG Fundación Yaguará.
Além disso, a valorizada pele da onça a tornou alvo de caçadores furtivos, de modo que sua população caiu entre 20% e 25% desde o ano 2000, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
“A conservação da onça não é apenas proteger uma espécie icônica; [também] implica em salvaguardar e restaurar ecossistemas críticos, além de melhorar a gestão da água e da biodiversidade”, disse à AFP Juan Bello, diretor para a América Latina e o Caribe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
A Fundación Yaguará, o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) e o Pnuma mantêm um programa para “reduzir os conflitos entre comunidades e fauna silvestre” no Panamá.
Por meio desse projeto inovador, muitas fazendas têm adotado medidas para reduzir ataques ao gado e evitar represálias contra as onças, o que demonstra que a coexistência é possível.
Entre as medidas estão a instalação de cercas elétricas, colocação estratégica de pastagens e modificação dos padrões de rotação do gado, entre outras.
Também há um “monitoramento comunitário participativo” das onças e de suas presas com câmeras armadilha. Para esse fim, foram capacitados camponeses e camponesas, assim como integrantes das comunidades indígenas emberá e guna yala.
Desde 1975, o comércio de onças está proibido no mundo, mas ainda há tráfico ilegal de peles, garras e dentes.
O programa de proteção à onça no Panamá será apresentado no fórum de ministros do Meio Ambiente da América Latina e do Caribe, na próxima semana em Lima.
O fórum acontecerá em meio a temores de redução dos fundos internacionais para proteger o meio ambiente e depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, qualificou a mudança climática como a “maior fraude da história”.
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