Galípolo diz que alta da Selic “está na mesa, sim, do Copom”
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -A possibilidade de alta na taxa Selic está, sim, sobre a mesa do Comitê de Política Monetária (Copom), disse nesta segunda-feira o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo.
Em evento promovido pela Warren Rena, em São Paulo, Galípolo disse que a autarquia fez uma transição de comunicação, saindo de um ciclo de corte nos juros e passando a afirmar a possibilidade de conviver com uma taxa mais restritiva por mais tempo. Mas, segundo ele, essa mensagem foi lida como uma retirada da possibilidade de alta nos juros.
“Isso não é a realidade do diagnóstico do Copom. A alta está na mesa, sim, do Copom, e a gente quer ver como isso vai se desdobrar”, disse.
O diretor reafirmou, no entanto, que o BC não forneceu nenhum tipo de indicação sobre o que será feito nas próximas reuniões do Copom.
“Em nenhum momento quero que minha fala passe ideia de que ela descola da ata”, afirmou Galípolo no evento. “A ata deixa claro que não fornecemos nenhum tipo de ‘guidance’ para próxima reunião. Estamos abertos”, reforçou Galípolo, não descartando nenhuma das possibilidades para o encontro do colegiado.
De acordo com o diretor do BC, o Copom continuará observando os dados disponíveis para tomar sua decisão sobre a taxa básica Selic, hoje em 10,50% ao ano.
“Não existe um único dado que a gente vai olhar”, acrescentou o diretor.
Galípolo pontuou ainda que, se em algum momento a interpretação dos documentos do BC divergir da intenção dos diretores, cabe à autarquia esclarecer.
SAÍDA DE CAMPOS NETO
Citado durante o evento como o possível substituto de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central, Galípolo procurou se distanciar da questão.
“O presidente do BC é Roberto Campos. A única pessoa que pode indicar o presidente do BC é o presidente da República”, afirmou.
Até o fim do ano o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicará o substituto de Campos Neto e outros dois novos diretores do BC, em conformidade com a lei de autonomia da instituição.
Sobre a chegada de novos dirigentes ao BC, Galípolo afirmou que entende que é preciso ganhar credibilidade.
“Até porque somos menos conhecidos que diretores que já estão no BC”, disse. “Preciso conquistar credibilidade de que minhas falas e ações se deem em maneira coerente”, acrescentou em outro momento.
(Reportagem adicional de Bernardo Caram; edição de Isabel Versiani)