The Swiss voice in the world since 1935

Netanyahu rejeita um Estado da Palestina e quer ‘terminar o trabalho’ em Gaza rapidamente

afp_tickers

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta sexta-feira (26) que aceitar a criação de um Estado da Palestina seria um “suicídio nacional” para seu país e garantiu que quer “terminar o trabalho” em Gaza “o mais rápido possível”.

“Creio que temos um acordo” para pôr fim à guerra em Gaza, declarou por sua vez, em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Aceitar um Estado palestino seria um “suicídio nacional”, entre outras razões porque a Autoridade Palestina é “corrupta até a medula”, assegurou Netanyahu.

Em um discurso dramático, proferido em hebraico e inglês, Netanyahu se dirigiu diretamente aos reféns mantidos pelo grupo armado islamista Hamas, após anunciar que as forças israelenses instalaram alto-falantes em Gaza para transmitir seu discurso ao vivo.

“Não descansaremos até trazê-los para casa”, disse Netanyahu, que acusou a comunidade internacional de permitir “mentiras antissemitas”.

Israel ficou um pouco mais isolado esta semana com o reconhecimento de um Estado Palestina por países como França, Canadá, Reino Unido, Austrália e Portugal. Pelo menos 151 dos 193 membros da ONU já tomaram essa medida, que é mais simbólica do que efetiva.

O grande auditório da ONU estava praticamente vazio quando Netanyahu subiu ao púlpito. Outros delegados e o público presente aplaudiram o premiê.

“O boicote ao discurso de Netanyahu é uma manifestação do isolamento de Israel e as consequências da guerra de extermínio”, afirmou em um comunicado Taher al Nunu, alto dirigente do comitê político do Hamas.

Com o rosto tenso, Netanyahu exibiu cartazes demonstrando como Israel desmantelou o que chamou de “eixo do mal” liderado pelo Irã no último ano, com ataques às instalações nucleares do regime de Teerã, assassinatos de líderes do Hezbollah e do Hamas e ataques aéreos no Iêmen.

Ele afirmou que seu país “destruiu a maior parte da máquina terrorista do Hamas” e busca “terminar o trabalho” em Gaza “o mais rápido possível”.

No dia anterior, o veterano líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, havia dito à mesma assembleia que “o Hamas não terá nenhum papel a desempenhar na governança” de um futuro Estado.

Abbas falou por mensagem de vídeo porque os Estados Unidos lhe negaram um visto para viajar para Nova York.

– “Não permitirei” –

Netanyahu acusou especificamente os países europeus de aceitarem a “propaganda do Hamas” ao pressionar Israel a estabelecer um cessar-fogo e negociar o resgate de reféns, vivos ou mortos, em Gaza.

“Veja, por exemplo, as falsas acusações de genocídio: Israel é acusado de atacar civis, mas nada é menos verdadeiro”, afirmou.

A Defesa Civil de Gaza reportou 50 mortos em novos ataques israelenses.

A ONG Médicos Sem Fronteiras anunciou que suspendeu suas atividades na capital.

O primeiro-ministro israelense, liderando uma coalizão governamental complicada, não mencionou, no entanto, a outra frente diplomática e militar de seu país: a Cisjordânia.

Netanyahu afirmou repetidamente, em outras ocasiões, que seu governo planeja expandir os assentamentos judaicos nesse território.

“Não permitirei”, declarou Trump no dia anterior, quando questionado sobre a possibilidade de Israel anexar a Cisjordânia, conforme exigido por ministros israelenses de extrema direita do gabinete de Netanyahu.

“Cada dia que a guerra se prolonga coloca os reféns vivos em maior perigo e ameaça a recuperação dos que foram assassinados”, reagiu o Fórum das famílias dos reféns em Gaza, a principal organização israelense que reúne os entes queridos dos cativos.

Ao todo, há 48 reféns em Gaza, dos quais 25 declarados mortos pelo Exército israelense.

– “Acho que temos um acordo” –

“Acho que temos um acordo”, disse Trump a repórteres na Casa Branca nesta sexta-feira. “Acho que é um acordo que nos permitirá recuperar os reféns, será um acordo que encerrará a guerra”, afirmou.

Trump voltou a liderar as negociações esta semana, aproveitando a reunião anual da ONU em Nova York, onde se reuniu com países da região para acalmar as tensões após o ataque aéreo sem precedentes de Israel no Catar com o objetivo de eliminar a cúpula do Hamas.

De acordo com uma fonte diplomática familiarizada com a reunião, realizada à margem da Assembleia Geral da ONU, Trump apresentou um plano de 21 pontos aos países árabes.

Entre eles, estão um cessar-fogo permanente em Gaza, a libertação dos reféns israelenses, a retirada israelense do enclave e um futuro governo em Gaza sem o Hamas.

O Exército israelense realizou uma ofensiva que já deixou mais de 65.400 palestinos mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair pode desempenhar um papel destacado em uma futura autoridade de transição, estabelecida no âmbito do plano de paz dos Estados Unidos, informaram nesta sexta-feira vários meios de comunicação britânicos.

Por sua vez, o presidente colombiano, Gustavo Petro, participou de uma marcha em Nova York contra a presença de Netanyahu e garantiu que estava disposto a organizar um corpo de voluntários em seu país “que queiram ir lutar pela libertação da Palestina”.

“E se couber ao presidente da República da Colômbia ir a esse combate, não me assusta, já estive em outros, então eu vou”, assegurou.

abd-jz/mel/aa/jc/lm/am

Mais lidos

Os mais discutidos

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR