Poderoso furacão Melissa atinge Jamaica e agora se dirige para Cuba
O poderoso furacão Melissa se dirige para Cuba após atingir com ventos fortes e chuvas torrenciais nesta terça-feira (28) a Jamaica, declarada “zona de desastre” pelas autoridades.
Dez mortes — três na Jamaica, três no Haiti, três no Panamá e uma República Dominicana — já foram atribuídas pela piora das condições meteorológicas provocadas pela tempestade.
Melissa tocou o solo na Jamaica por volta do meio-dia local como furacão de categoria 5 (a máxima) com ventos máximos sustentados de até 295 km/h, mas depois perdeu força e foi rebaixado para categoria 4. Sua periculosidade se mantém.
Trata-se do pior furacão que já atingiu a ilha desde que se têm registros meteorológicos e um dos mais potentes registrados no Atlântico.
O primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, declarou que a ilha é uma “zona de desastre”.
“Parte de nosso teto foi arrancado pelo vento, outra parte desabou, toda a casa está inundada. As edificações externas como os currais para os animais e a cozinha também foram destruídas”, declarou à AFP Lisa Sangster, moradora do sudoeste de Jamaica.
Kingston, a capital, foi relativamente pouco afetada, segundo Mathue Tapper, um morador de 31 anos. “Tenho a impressão de que o pior já passou”, contou à AFP, embora dissesse estar muito preocupado pelas zonas rurais.
As autoridades alertaram a população a ter cuidado com os crocodilos, que, por causa das inundações, poderiam representar uma ameaça.
O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês) informou que o olho do furacão deixou a ilha pela “costa norte” e se dirige agora para Cuba.
A potência da tempestade supera a de alguns dos furacões como o Katrina, que devastou a cidade de Nova Orleans em 2005.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro Holness havia advertido a população sobre as consequências do furacão nas áreas mais atingidas. “Não acredito que haja infraestrutura nesta região que possa resistir a um furacão de categoria 5”, declarou.
“Para a Jamaica, será a tempestade do século até agora”, afirmou Anne-Claire Fontan, da Organização Meteorológica Mundial.
Pouco antes do impacto, as autoridades demonstraram preocupação porque muitos habitantes se recusavam a obedecer às ordens de evacuação.
A ONU anunciou nesta terça sua intenção de enviar por avião cerca de 2.000 kits de emergência à Jamaica a partir de Barbados o mais breve possível.
– ‘Que não nos faça tanto dano’ –
Melissa se dirige agora para Cuba, onde se espera que atinja pela noite o leste do país. As autoridades declararam o “estado de alarme” em seis províncias: Granma, Las Tunas, Camagüey, Santiago de Cuba e Guantánamo.
“Que não nos faça tanto dano”, roga Floraina Duany, de 82 anos, à Virgem do Cobre, a padroeira de Cuba.
As autoridades começaram a retirar cerca de 650 mil pessoas nessas províncias, onde a população está armazenando mantimentos e tentando assegurar os telhados de suas casas com cordas. As aulas e atividades laborais não essenciais foram suspensas.
Estima-se até um metro de chuva, com inundações repentinas e deslizamentos de terra também previstos no Haiti, na República Dominicana e em Cuba.
No Haiti, as autoridades ordenaram o fechamento de escolas, comércios e escritórios administrativos nesta quarta-feira.
Os cientistas afirmam que a mudança climática causada pelo ser humano intensificou as grandes tempestades, aumentando sua frequência.
– Aquecimento global –
O meteorologista Kerry Emanuel explicou que o aquecimento global está provocando que mais tempestades se intensifiquem rapidamente, como ocorreu com Melissa, o que aumenta o risco de chuvas extremas.
“A água mata muito mais pessoas do que o vento”, disse à AFP.
O último grande furacão que afetou a Jamaica foi Beryl, em julho de 2024, uma tempestade anormalmente forte para essa época do ano.
“A mudança climática causada pelo ser humano está piorando todos os aspectos mais graves do furacão Melissa”, afirmou o cientista climático Daniel Gilford.
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