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A família continua na mira do PDC

Christophe Darbellay pretende mostrar aos eleitores que uma política de centro talvez não seja espetacular, mas útil. Keystone

Em cima do muro, sem saber para que lado ir, o Partido Democrata Cristão perdeu muitos eleitores nos últimos 20 anos.

Em entrevista à swissinfo, o presidente do partido, o deputado Christophe Darbellay, explica como o PDC pretende reganhar a confiança nas legislativas de 2011.

Presidente do Partido Democrata Cristão (PDC) desde 2006, Christophe Darbellay pretende recuperar o eleitorado dando brilho a uma política de centro essencialmente insossa. Em outras palavras, demonstrando que uma política sensata é mais útil para o país. 

 

swissinfo.ch: Quais são as prioridades do seu partido para o próximo mandato?

Christophe Darbellay: Temos quatro. A primeira prioridade é a família, porque este país tem muito poucos filhos e há um verdadeiro problema de envelhecimento. O segundo é a política econômica. Desempenho econômico forte é essencial para criar empregos.

Segurança, tanto a nível de seguros sociais como na segurança diária, é a nossa terceira prioridade. Finalmente, incluir a questão do meio ambiente. O PDC sempre fez muito nesta área, porque eu acredito que deixar para seus filhos um ambiente bom de se viver é uma coisa essencial.

swissinfo.ch: Em que áreas o governo deve reduzir os gastos e onde ele pode investir mais?

CD: Não podemos dizer que há uma área específica em que nós poderíamos gastar muito menos. Há no entanto uma necessidade de eficiência no gasto da Confederação, por exemplo em termos de equipamento e consultoria que abundam na administração.

Sobre os aumentos, eu continuo acreditando que a educação é um investimento essencial para um país sem matérias-primas, mas com massa cinzenta. Devemos também preencher lacunas importantes no setor dos transportes. Faltam bilhões para o transporte rodoviário e ferroviário.

swissinfo.ch: Qual caminho a Suíça deve seguir em suas futuras relações com a União Europeia?

CD: Para muitos, não é mais possível continuar com a abordagem bilateral. Mas temos que parar de entrar em pânico cada vez que um funcionário de Bruxelas tosse. A abordagem bilateral é praticamente feita sob medida para a Suíça.

Devemos dar as costas à esquerda, que quer aderir à UE a qualquer preço, e àqueles que querem abandonar a abordagem bilateral, o que teria consequências catastróficas. A abordagem bilateral é vantajosa para a Suíça e para a UE. Certamente ela será cada vez mais caótica e difícil, mas acho que devemos continuar nesse caminho por enquanto.

swissinfo.ch: Qual deveria ser a missão e o contingente das forças armadas da Suíça no futuro?

CD: O exército continua sendo um elemento central da nossa segurança. Mas deve ser um exército que corresponde às ameaças de hoje: o terrorismo, crimes cibernéticos, as catástrofes ambientais, etc. São contra essas ameaças que as missões militares devem ser projetadas.

Acho que no futuro o exército não vai custar mais do que hoje, com um orçamento de cerca de 4 bilhões de francos por ano e 80.000 homens. O exército precisa também se engajar no exterior, porque a estabilização internacional também contribui para a estabilização de nosso próprio país.

swissinfo.ch: Qual é a posição do seu partido em relação à imigração e à integração dos estrangeiros na Suíça?

CD: A imigração é vital para a Suíça. Devemos dizer que precisamos da população estrangeira em um país que tem cada vez menos filhos e que envelhece.

Mas há estrangeiros que não têm nada a ver com nosso país. Devemos ser mais severos e estabelecer critérios claros; nos atrever a dizer o que queremos e o que não queremos. No entanto, esta política de tratar todos os estrangeiros como farinha do mesmo saco, falando de criminosos estrangeiros é uma política que fere a Suíça, porque esse país sempre construiu sua prosperidade graças também aos estrangeiros.

swissinfo.ch: Quais são as propostas do seu partido para melhorar a política da Confederação Suíça com relação à “Quinta Suíça” (suíços expatriados)?

CD: Vamos dar uma ênfase especial na Quinta Suíça durante a campanha eleitoral, tentando atrair expatriados para nossas listas. Não excluo a possibilidade de fazer listas específicas. Seria uma oportunidade para discutir as expectativas da Quinta Suíça em relação à política.

Deveríamos refletir sobre a introdução de circunscrições eleitorais específicas para a Quinta Suíça. Mas, por enquanto, devemos nos virar com as instituições que já existem.

O Partido Democrata Cristão está no centro do espectro político. Fundado em 1848 com o nome de partido católico-conservador, foi formado como braço político dos círculos católicos suíços.

Durante muito tempo afastado das funções do governo, passou a fazer parte deste em 1891, ganhando uma segunda cadeira em 1919.

Depois de um longo período de estabilidade entre 1919 e 1987, o PDC entrou desde o final dos anos 1980 em uma fase de erosão, especialmente em favor do Partido do Povo Suíço (SVP, na sigla em alemão). Relegado ao último lugar dos partidos do governo, em 1999, ele ainda perdeu votos na eleição federal de 2003, perdendo com isso um de seus dois assentos no governo.

Nas eleições federais de 2007, o PDC conseguiu 14,5% dos votos. Atualmente é representado por um ministro, 31 deputados e 15 senadores.

Christophe Darbellay nasceu em 1971 em Martigny, no Valais (sudoeste). Se formou em agronomia pela Escola Politécnica Federal de Zurique.

Profissionalmente, foi diretor da associação de grupos e organizações de agricultura da Suíça francesa de 1997 a 1999, passou então a ser diretor adjunto da Secretaria Federal de Agricultura, cargo que teve que deixar após sua eleição ao Parlamento.

A nível político, foi eleito para a Câmara dos Deputados em 2003. Em 2006, tornou-se presidente do PDC para substituir Doris Leuthard.

Adaptação: Fernando Hirschy

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