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Potente furacão Melissa provoca ‘danos vultosos’ e inundações em Cuba

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O gigantesco furacão Melissa deixou nesta quarta-feira (29) “danos consideráveis” em Cuba e agora segue em direção às Bahamas, como parte de uma trajetória devastadora na qual atingiu a Jamaica como a tempestade mais potente a tocar terra em 90 anos.

Melissa provocou inundações em cidades e povoados, destruição de infraestruturas, centenas de milhares de evacuados, cortes de energia e cerca de trinta mortos na região desde o fim de semana.

Na terça-feira, atingiu a Jamaica com a força de um furacão de categoria máxima 5 na escala Saffir-Simpson. E na madrugada de quarta-feira golpeou Santiago de Cuba, no leste da ilha.

O furacão perdeu força na tarde de quarta-feira e avança sobre o Atlântico com ventos sustentados de 155 quilômetros por hora. Ele se encontrava a 175 quilômetros do centro das Bahamas, para onde deve chegar à noite (no horário local), segundo o último boletim do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (CNH).

Até o momento, o maior número de vítimas foi registrado no Haiti, que relatou nesta quarta-feira mais 20 mortos, elevando para 23 o total no país. Além disso, três pessoas morreram na Jamaica antes da chegada do furacão, três no Panamá e uma na República Dominicana.

Em Santiago de Cuba, o teto da casa de Mariela Reyes, dona de casa de 55 anos, foi arrancado e só parou ao cair no quarteirão seguinte. “Não é fácil perder tudo o que a gente tem. O pouco que você tem”, disse Reyes, desanimada. Na terça-feira, ela conseguiu guardar o televisor e outros eletrodomésticos na casa da irmã.

A tempestade inundou casas e ruas, que no final da tarde de quarta-feira continuavam intransitáveis.

Assim que o perigo passou, moradores de Santiago de Cuba, a segunda cidade mais importante da ilha, com 500 mil habitantes, saíram de facão em punho para cortar árvores caídas e liberar as vias, constatou um jornalista da AFP.

Nos arredores de Santiago de Cuba, algumas ovelhas morreram afogadas com a cheia de um rio e jaziam sobre o asfalto.

– “Arrastando tudo em seu caminho” –

O presidente Miguel Díaz-Canel disse em seu primeiro balanço da situação que foi “uma madrugada muito complexa”, com “danos consideráveis”, segundo mensagem publicada na rede X.

A tempestade também quebrou vidraças, painéis e outras estruturas de um hotel onde estavam hospedados jornalistas, além de causar danos em hospitais e centros educativos.

As autoridades cubanas informaram que cerca de 735 mil pessoas foram evacuadas, especialmente nas províncias de Santiago de Cuba, Holguín e Guantánamo.

A empresa estatal de telecomunicações, ETECSA, informou que a província de Guantánamo e várias localidades de Santiago de Cuba, Granma e Holguín permaneciam sem rede telefônica.

Segundo o portal Cubadebate, durante a madrugada, na Sierra Maestra, as águas desciam “arrastando tudo em seu caminho” devido à cheia dos rios.

No Haiti, onde nesta quarta-feira fecharam escolas, comércios e prédios administrativos, 20 moradores da cidade de Petit-Goave (sul) foram arrastados pelo rio La Digue, que transbordou na passagem do furacão.

Autoridades locais informaram que seguiam buscando um número ainda indeterminado de desaparecidos.

– Jamaica, “zona de desastre” –

Melissa chegou na terça-feira à Jamaica como furacão de categoria 5 e ventos sustentados de aproximadamente 300 km/h, tornando-se o mais potente a tocar o solo em 90 anos, segundo uma análise da AFP de dados meteorológicos do americano Escritório Nacional de Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA).

Em comparação, o furacão do Dia do Trabalho de 1935 devastou a região dos keys da Flórida com ventos também próximos de 300 km/h, e uma pressão atmosférica de 892 milibares.

O primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness, declarou que a ilha se tornou uma “zona de desastre”. As autoridades advertiram os moradores a se manterem protegidos pelo risco contínuo de inundações e deslizamentos de terra.

“Parte do nosso teto foi arrancado pelo vento, outra parte desabou, toda a casa está inundada. As construções externas, como currais para os animais ou a cozinha, também foram destruídas”, declarou à AFP Lisa Sangster, moradora do sudoeste da Jamaica.

A devastação causada por Melissa na Jamaica atingiu “níveis nunca antes vistos” na ilha, declarou nesta quarta-feira um representante da ONU no local.

“Pelo que sabemos até agora, houve uma destruição imensa e sem precedentes de infraestrutura, propriedades, estradas, redes de comunicação e linhas de energia”, disse Dennis Zulu, coordenador da ONU para diversos países do Caribe, incluindo a Jamaica, por videoconferência em Kingston.

– Mais potente que o Katrina –

A potência de Melissa superou a de alguns furacões, como o Katrina, que devastou a cidade de Nova Orleans em 2005.

Cientistas afirmam que as mudanças climáticas causadas pelo ser humano intensificaram as grandes tempestades e aumentaram sua frequência.

O meteorologista Kerry Emanuel explicou que o aquecimento global está fazendo com que mais tempestades se intensifiquem rapidamente, como aconteceu com Melissa, o que aumenta o risco de chuvas extremas.

“A água mata muito mais gente que o vento”, disse à AFP.

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