Por ocasião do Dia Mundial da Cruz Vermelha, os jornalistas Luiz Amaral e Janos Lengyel explicam o funcionamento dessa famosa entidade baseada em Genebra em um programa transmitido em 1971 para os ouvintes da antiga Rádio Suíça Internacional (RSI).
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Adapto artigos, produzo vídeos e coordeno o trabalho da equipe envolvida na produção de conteúdo em português.
De ascendência alemã e brasileira, entrei para a SWI swissinfo.ch em 2002. Nascido no Rio de Janeiro, estudei jornalismo e ciência da computação em Brasília e Stuttgart.
A ideia da Cruz VermelhaLink externo surgiu na mente de Henri Dunant em 8 de junho de 1859, no norte da Itália, quando da Batalha de Solferino. Depois de presenciar os horrores da guerra escreveu o livro Recordações de Solferino, publicado em 1862, propondo soluções para o problema: sociedades nacionais de socorro e conclusão de convênios. ‘Uma ideia maravilhosa’ diz Jacques Moreillon esta de colocar o homem acima ‘de todas as outras coisas.’
Com a realização de uma conferência internacional, em Genebra, o ano de 1863 foi decisivo para a fundação da Cruz Vermelha. Os 16 países participantes lançaram as bases de uma assistência mais segura e neutra aos feridos nos conflitos. Um ano depois, um convênio assinado em Genebra, visando amenizar o sofrimento dos militares feridos na luta, foi ratificado por 50 países. Entre as atividades da Cruz Vermelha: assistência aos feridos nos campos de batalha além de socorrer vítimas de bombardeios, civis e militares; intercâmbio de prisioneiros; busca de desaparecidos
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O que é e como funciona o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV)?
Visitando prisões, os delegados verificam se os detidos são tratados corretamente. Em casos de catástrofes naturais, a Cruz Vermelha também entra em ação proporcionando roupas, remédios e abrigos provisórios. Participa também de combate à fome e epidemias e presta socorros de urgência em dispensários.
Quanto ao funcionamento, se o Comitê Internacional (CICR – CICV) realiza atividades de ‘cúpula’ (orientação política), é a Liga das Sociedades da Cruz Vermelha que entra em ação, lembra Janos Lengyel. A Liga é a federação de todas as sociedades do ramo: Lua Crescente Vermelha, Leão e Sol Vermelhos. Na época, 113 sociedades nacionais integravam a Liga, com 224 milhões de aderentes.
Entre os requisitos para entrar na Liga: reconhecimento pelo CICV e pelos respectivos governos, através de ratificação ou assinatura da Convenção de Genebra. A Liga foi fundada em 5 de maio de 1919, por iniciativa de Henry P. Davison, no sentido de coordenar e intensificar o esforço fornecido durante a Primeira Grande Guerra em benefício dos prisioneiros e combatentes.
No pós-guerra, predominaram preocupações com saúde pública das populações sacrificadas. A direção da Liga é formada pelo Conselho dos Governadores, integrado por um representante de cada Sociedade. O secretariado permanente está sediado em Genebra e compõe-se de um setor socorros de urgência, administração geral e informação, setor operacional, etc. Trata sempre de questões de interesse geral para as Sociedades. As realizações da Cruz Vermelha são inúmeras.
No ano de 1970, foram inauguradas duas novas delegações regionais: em Iaundê e Addis Abeba. Nesse ano, um fato marcante foi o fim da guerra na Nigéria, a viagem de uma delegação na Amazônia, em visita aos índios do Brasil, com participação de médicos da Holanda, Alemanha e Suécia. Na Ásia foram visitados prisioneiros em Hong Kong, Filipinas, Indonésia, Vietnã e Laos. Assinala-se também a árdua assistência aos refugiados vietnamitas no Camboja.
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“Os conflitos se urbanizam e as causas se misturam – isso é novo e explosivo”
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swissinfo.ch: O ano de 2017 foi particularmente ruim para o CICV? Peter Maurer: Não. Em 2017 não houve uma piora da situação, mas infelizmente também não houve uma redução nas tensões. O que é particularmente preocupante é o que tem acontecido nos últimos cinco anos: conflitos com muitas atrocidades e violações do direito internacional humanitário.…
O CICV interveio ainda na Coréia do Norte para libertar 39 pessoas de um avião sequestrado. Na Europa, voltou sua atenção para prisioneiros políticos na Grécia. Assinalem-se ainda intervenções em Aden, Síria, Jordânia, no conflito arabo-israelense para assistir prisioneiros ou libertar reféns. Por fim, são citados elogios de personalidades mundiais relativos à Cruz Vermelha Internacional, como U Thant, John F. Kennedy, Indira Gandhi, Romain Roland, Albert Scheizer, Paul-Henri Spaak.
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Cruz Vermelha Internacional
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Uma volta a esses anos em imagens.
Na Suíça, falta moradia e os aluguéis disparam. A imigração cresce, mas a construção não acompanha. Gentrificação avança e a crise habitacional se agrava. Acontece o mesmo onde você vive?
O colapso de uma geleira nos Alpes Suíços provocou um deslizamento de terra que soterrou parte do vilarejo de Blatten. Graças ao alerta dos cientistas, todos foram evacuados a tempo. Já viveu algo assim? Conte no formulário!
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Democracia suíça de 1291 a 1874
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Em quase sete séculos, desde o Pacto de Aliança Perpétua do século 13 entre os cantões de Uri, Schwyz e Nidwalden contra a casa dos Habsburgos, de que se originou a Suíça, os helvécios têm procurado autogovernar-se contraventos e marés, defendendo-se dos inimigos. Os primeiros testes da aliança foram as batalhas de Morgarten (1315) e…
A Suíça vista pelo pintor brasileiro Adão Pinheiro
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O Livro de Maurice Pianzola sobre o barroco brasileiro
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A obra “transcende o comum” além de ter boa apresentação gráfica. O conservador do Museu de Artes e História de Genebra estima que o barroco transplantado ao Brasil se transformou “em outra coisa”. Se o desenvolvimento da Colônia fez com que fossem transportadas igrejas inteiras nos porões dos navios (ex. Conceição da Praia, em Salvador), com…
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