A imigração moldou a Suíça. A exposição "Homo migrans", do Museu de História de Berna, oferece uma viagem de 2 milhões de anos para acompanhar os movimentos populacionais que marcaram o território suíço e seus habitantes.
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Gosto de encontrar e conhecer pessoas. Minhas áreas favoritas são política, direito de asilo e minorias. Radiojornalista por formação, já trabalhei anteriormente em emissoras da região do Jura e como freelancer.
Qual é a proporção de imigrante em você? A exposição do Museu de História de Berna abre com essa pergunta simples. Finalmente, não tão simples como parece, como mostra um circuito de 2 milhões de anos de movimentos populacionais no território que agora chamamos de “Suíça”. O visitante segue a trilha dos primeiros homens que se estabeleceram na região por volta de 15.000 a.C., e mergulha de volta nas invasões romanas, na chegada das tribos germânicas, na proteção concedida aos huguenotes, na expulsão dos anabatistas, na emigração para o Novo Mundo e na chegada dos refugiados tâmiles.
A exposição “Homo migrans”Link externo acontece no Museu de História de Berna até o dia 28 de junho. A exposição está aberta ao público de terça a domingo, das 10h às 17h.
“Imagine a Suíça antes de 1848″, sugere Jakob Messerli, diretor do Museu de História de Berna. “Como bernês, se eu fosse para Genebra, Zurique ou Basileia, era considerado um imigrante. Eu era o estranho. Em 1848, todos se tornaram suíços. É importante lembrar que a Suíça é uma construção e que é um processo que se renova constantemente”. O museu teve a ideia de montar uma exposição sobre imigração porque é um dos temas que mais preocupa os suíços, segundo pesquisas realizadas todos os anos. “É geralmente um assunto muito emocional”, diz Jakob Messerli. “Queríamos dar um passo atrás, apresentar alguns fatos históricos e assim contribuir para acalmar o debate”.
Os suíços que partem
Para os responsáveis da exposição, era importante falar sobre imigração e emigração. Uma seção é dedicada aos suíços no exterior, com depoimentos e algumas informações importantes. “Estávamos interessados nas razões da imigração e descobrimos que elas são muitas vezes as mesmas para aqueles que vêm para a Suíça e para aqueles que partem do país”, diz o diretor do museu.
Uma das razões mais frequentes é o trabalho: as condições, as oportunidades ou os tipos de emprego são, às vezes, melhores em outros lugares, como mostra a história de uma suíça que agora dá aulas de surf no Caribe. Uma atividade bastante difícil de realizar na Suíça… “Era importante para nós incluir os suíços no estrangeiro na exposição, também para dizer que 10% das pessoas que têm um passaporte com a cruz branca vivem em outro país”, diz Jakob Messerli. Quando falamos de imigração na Suíça, falamos sempre da porcentagem de estrangeiros, mas não a comparamos com a porcentagem de suíços que vivem fora da Suíça”.
A exposição questiona também a diferença entre “nós” e “os outros”, lembrando que esta categorização não deixou de evoluir ao longo do tempo. Os grupos chegam e são vistos como “estrangeiros”, depois integram-se permanentemente e tornam-se parte dos “suíços”. É o caso, por exemplo, dos trabalhadores italianos que imigraram no século XX para participar na construção de túneis e linhas ferroviárias transalpinas.
Essas migrações trouxeram conhecimentos e costumes que hoje fazem parte da nossa vida quotidiana: os romanos trouxeram vinho para a região, os huguenotes a tecelagem e os italianos o espaguete. “São realmente exemplos que mostram como somos definidos pela imigração, sem ter consciência disso”, diz Jakob Messerli.
Múltiplas migrações
A própria definição de migração está sendo questionada: em nossas sociedades globalizadas, todos passam por uma infinidade de experiências de migração para estudo, trabalho, lazer, etc. Já não se trata apenas de uma questão de passaportes. “A seleção nacional de futebol ilustra isso muito bem”, diz o diretor do museu. A maioria dos jogadores tem raízes fora da Suíça, eles têm o passaporte suíço, mas muitas vezes trabalham em outros países europeus. Para mim, é realmente uma boa representação de uma normalidade de hoje.”
O museu abordou cinco cidadãos suíços e pediu-lhes que realizassem um teste de DNA de pesquisa genealógica para a exposição. Uma série de vídeos mostra a reação deles quando descobrem os resultados: aqueles que se julgavam 100% suíços ficaram surpreendidos. Todos têm origens muito diversas, em países vizinhos, mas também na Escandinávia ou na África.
“Se olharmos para a Suíça a longo prazo, ela é uma sociedade que se constrói através da imigração, somos uma mistura incrível”, diz Jakob Messerli. Apesar de acreditarmos que estamos implantados na Suíça há vinte gerações, o nosso DNA mostra que não é esse o caso.”
Com a exposição “Homo migrans”, o museu pretende simplesmente convidar o visitante para um momento de reflexão sobre as suas origens. “Que ele se permita refletir que a imigração não está tão longe dele”, diz Jakob Messerli. “Em uma perspectiva histórica mais longínqua, todos nós temos antepassados imigrantes.”
Adaptação: Fernando Hirschy
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