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Alpes suíços se beneficiam do turismo de “fuga do calor”

Na Europa, as mudanças climáticas podem forçar os resorts alpinos de baixa altitude a cessar suas operações de esqui nos próximos anos. No entanto, eles podem vir a se tornar um paraíso sem ondas de calor para turistas no verão.

Neves escassas vêm afetando as estações de esqui dos Alpes há anos. Algumas foram obrigadas a cessar suas atividades em função da ausência da neve, como a La Sambuy (que fica a 1850 metros de altitude), na França, fechada em setembro deste ano.

Diante da inviabilidade do turismo de inverno em vários lugares, os resorts suíços de menor altitude têm se voltado para o mercado de verão. Sattel Hochstuckli (1200 metros), no cantão central de Schwyz, opera um parque de diversões com pista de tobogã, ponte suspensa e gôndola giratória. Diversos outros resorts estão seguindo na mesma direção, oferecendo parques de cordas, trilhas para caminhadas, ciclismo ou trilhas de scooter.

“Fugitivos do clima”

Esses resorts podem receber agora um incentivo a mais no verão. Os climas mais frios dos Alpes suíços podem passar a atrair  “fugitivos do clima”, ávidos por evitar o calor implacável, que tem caracterizado os destinos do sul da Europa nos últimos verões e que tende a se tonar ainda mais intenso.

 “Veremos o mercado de fuga do calor no verão crescer tremendamente nas próximas décadas. A Suíça pode se beneficiar dessa movimentação do mercado”, diz Daniel Scott, professor de gestão ambiental da Universidade de Waterloo, no Canadá.

Já há sinais de uma mudança para destinos com menor probabilidade de atingir 40°C. “Os países bálticos estão tentando se lançar como um destino costeiro alternativo”, diz Scott. “O governo chinês está construindo uma cadeia de resorts de férias nas montanhas para atrair turistas que fogem do calor em grandes cidades como Pequim”, completa.

Quando os turistas cogitarem um lugar para passar suas próximas férias de verão, eles poderão ser atraídos pelas trilhas de caminhada na Suíça ou pelos lagos gelados das montanhas, em substituição às águas quentes do Mediterrâneo?

Segundo Fabien Clerc, representante da Suíça Turismo no BrasilLink externo, o órgão oficial de promoção do turismo no país, turistas poderão se interessar pela Suíça também nos meses quentes do ano. O Brasil está entre os principais mercados do país.

swissinfo.ch: O que o senhor acha do artigo?

Fabien Clerc: Eu considero que ele levanta alguns pontos importantes sobre o desenvolvimento do turismo alpino em face das mudanças climáticas. É essencial que os destinos de montanha suíços se adaptem para permanecerem atraentes durante todo o ano. Estamos cientes dos desafios, mas também estamos confiantes de que a Suíça tem o que é preciso para oferecer uma oferta turística diversificada e sustentável que atrairá tanto os visitantes brasileiros quanto os internacionais. 

Nosso país tem uma abundância de maravilhas naturais e culturais a serem descobertas no verão, mas também na primavera e no outono, duas estações “intermediárias”, quando o clima é muito agradável. Vemos um grande potencial de desenvolvimento nelas. Ao nos comprometermos com fluxos turísticos que se distribuem ao longo do ano e não apenas no inverno ou no verão, estamos incentivando o turismo responsável que beneficia todas as regiões, que podem, então, fazer melhor uso de sua infraestrutura turística. 
 
swissinfo.ch: Quantos brasileiros visitarão a Suíça até o final do ano?

F.C.: Os brasileiros geraram um total de 190.329 pernoites entre janeiro e agosto de 2023, em comparação com 2019, o último ano “normal” pré-covid, representando um crescimento de 11,3%. Ainda é difícil estimar o crescimento para 2023, dadas as atuais crises geopolíticas.

O que é certo, entretanto, é que o mercado brasileiro é muito importante para o turismo na Suíço. Estamos trabalhando em estreita colaboração com as operadoras de turismo e agências de viagem brasileiras para promover o destino. A beleza das paisagens alpinas, o patrimônio cultural e a qualidade das boas-vindas atraem muitos visitantes brasileiros todos os anos. Embora as condições econômicas e de saúde influenciem os fluxos turísticos, estamos confiantes no potencial do mercado brasileiro e estamos fazendo tudo o que podemos para garantir que os brasileiros continuem a escolher a Suíça para suas férias.
 
swissinfo.ch: Quais são os principais destinos dos turistas brasileiros na Suíça? 

F.C.: Em anexo, seguem as estatísticas para o Brasil de janeiro a agosto de 2023. Como você pode ver, as 3 regiões mais populares entre os turistas do Brasil são Zurique, Genebra e a região de Berna, em ordem de importância. 

Estatísticas para o Brasil de janeiro a agosto de 2023 (em francês)

Download:Estatísticas para o Brasil de janeiro a agosto de 2023 (em francês)

 swissinfo.ch: Que tipo de viagem os turistas brasileiros preferem? 

F.C.: No passado, os brasileiros preferiam viajar de carro alugado. No entanto, há vários anos, o escritório da Suíça Turismo no Brasil vem enfatizando bastante as viagens em transporte público, por meio de inúmeras campanhas promocionais em colaboração com a Swiss Travel System e outros parceiros regionais. O principal indicador é o crescimento das vendas dos Swiss Travel Passes no mercado brasileiro. Hoje, posso dizer que os turistas brasileiros preferem viajar de trem; eles estão particularmente interessados em trens panorâmicos. 
 
swissinfo.ch: Quantos dias, em média, os turistas brasileiros permanecem na Suíça e quanto gastam?

F.C.: Em termos de gastos de turistas (por dia e por pessoa), o Brasil ocupa a 14ª posição, com um valor de 240 francos (veja o documento anexo, Fonte: Monitoring du Tourisme Suisse, Switzerland Tourism 2017. A porcentagem de noites de hotel em estabelecimentos de 4 e 5 estrelas foi de 46,1% em 2019, colocando o Brasil em 13º lugar entre os mercados turísticos em termos de volume de noites registradas nas categorias quatro e cinco estrelas. (Fonte: Depto. Federal de Estatísticas (BfS) em 2019).

É importante observar que a proporção de hóspedes brasileiros que visitam a Suíça pela primeira vez durante uma estadia é muito alta (70,5%), o que coloca o Brasil em 6º lugar entre os mercados em termos de “visitantes de primeira viagem”, um fator que demonstra a atratividade do destino e o grande potencial de fidelização de clientes.

Adaptação: Soraia Vilela

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