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Wall Street sofre forte queda por receios sobre economia dos EUA e declarações de Trump

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A Bolsa de Valores de Nova York sofreu uma forte queda nesta segunda-feira (10), com o índice Nasdaq despencando 4%, em meio a temores dos investidores sobre as consequências da política comercial dos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump.

O Dow Jones perdeu 2,08%, o índice tecnológico Nasdaq caiu 4,00%, registrando seu pior desempenho desde 2022, e o S&P 500 recuou 2,70% devido a preocupações com uma possível recessão no mercado.

“Basicamente, estamos vendo uma liquidação de ações de tecnologia”, disse Steve Sosnick, da Interactive Brokers, à AFP.

Entre os principais perdedores do dia esteve a Tesla, pioneira dos carros elétricos fundada pelo assessor próximo a Trump, Elon Musk. A empresa perdeu mais de 15% de seu valor na sessão desta segunda-feira em Wall Street, devido a vendas fracas e à queda generalizada das ações de tecnologia.

O valor da Tesla caiu para menos da metade do que era em dezembro, pouco depois da eleição de Trump.

Além da Tesla, as outras seis grandes empresas de tecnologia mais acompanhadas pelo mercado também tiveram quedas expressivas: Alphabet (-4,41%), Amazon (-2,36%), Meta (-4,42%), Apple (-4,85%), Microsoft (-3,34%) e Nvidia (-5,07%).

“O mercado, nos últimos dias, e especialmente hoje, reavaliou o equilíbrio entre risco e benefício diante da confusão em torno das tarifas decididas por Trump e dos temores de uma desaceleração econômica nos EUA, que pode se somar a uma inflação crescente”, alertou Sosnick.

Desde o início do pregão, Wall Street manteve a tendência de queda que marcou a semana passada.

As declarações do presidente Trump no fim de semana também não ajudaram os mercados.

Em uma entrevista divulgada no domingo, Trump se recusou a prever se haverá ou não uma recessão nos Estados Unidos este ano.

“Detesto prever coisas assim”, disse ele à Fox News, ao ser questionado diretamente sobre a possibilidade de uma recessão na economia americana em 2025.

“Estamos em um período de transição, porque o que estamos fazendo é muito grande. Estamos trazendo a riqueza de volta para os Estados Unidos”, afirmou. “Isso leva um pouco de tempo”, acrescentou o presidente republicano.

O secretário de Comércio de Trump, Howard Lutnick, foi mais enfático ao ser questionado no domingo sobre a possibilidade de uma contração econômica.

“Absolutamente não”, respondeu ele ao programa Meet the Press, da NBC, quando perguntado se os americanos deveriam esperar uma recessão.

– Incerteza –

Os aumentos das tarifas e as ameaças de Trump contra os países vizinhos Canadá e México, assim como a China e outros países, mergulharam os mercados financeiros dos Estados Unidos em turbulência e deixaram os consumidores imersos na incerteza.

Wall Street teve sua pior semana desde a eleição presidencial em novembro passado.

Os índices de confiança do consumidor americano na economia estão caindo, enquanto os compradores, já desencorajados por anos de inflação, se perguntam se as tarifas aumentarão os preços dos produtos que consomem.

“Os agentes do mercado estão perdendo a fé na noção de que o presidente Trump evitará uma quebra do mercado revertendo suas políticas, se essas políticas forem a causa material do declínio do preço das ações”, resumiu Patrick O’Hare, do Briefing.com, em uma nota de análise.

Para Christopher Low, da FHN Financial, a queda é explicada em parte pelos comentários de Trump, que foram considerados pouco tranquilizadores, “mas também pelas notícias sobre as taxas alfandegárias”.

“As tarifas chinesas sobre produtos agrícolas americanos entram em vigor” nesta segunda-feira, “por outro lado, Mark Carney, que foi designado líder do Partido Liberal no Canadá neste fim de semana, declarou que manteria medidas recíprocas contra os Estados Unidos”, disse o analista à AFP.

Carney, o futuro primeiro-ministro do Canadá, atacou diretamente Trump e garantiu em um forte discurso que seu país vencerá e “nunca fará parte dos Estados Unidos, de forma alguma”, enquanto Trump não para de dizer que quer que o país se torne o “51º estado” americano.

“Os americanos querem nosso país”, acrescentou, afirmando que o Canadá deve “construir uma nova economia e criar novas relações comerciais”, em função das fortes tensões com Trump.

Em poucos dias, ele assumirá o lugar de Justin Trudeau, que anunciou sua renúncia em janeiro após dez anos no poder.

Paralelamente, o mercado aguarda o índice IPC de fevereiro nos Estados Unidos, que será publicado na quarta-feira.

“Esses dados da inflação são particularmente importantes devido ao que está acontecendo em Washington”, destacou Low. 

O fato de não haver muitos dados disponíveis sobre o atual período de Trump na Casa Branca cria “um sentimento real de incerteza entre os investidores”, explicou.

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