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Colômbia abordará com o Brasil crise no Amazonas pela pandemia

Meninas usam máscaras para se prevenir do contágio da COVID-19 às margens de um rio em Letícia, na Amazônia colombiana, 13 de maio de 2020 afp_tickers

Autoridades da Colômbia e do Brasil vão discutir na sexta-feira a crise na fronteira amazônica, atingida pela pandemia do novo coronavírus, disse nesta quinta-feira (14) o presidente colombiano, Iván Duque.

“Estamos em uma situação que pode se tornar crítica, dadas as diferenças que temos na abordagem do ponto de vista do controle epidemiológico, como é o caso do Brasil”, afirmou o presidente colombiano em um programa oficial de televisão.

Duque assegurou que participarão da reunião os chanceleres e os ministros da Defesa e da Saúde dos dois países, que buscarão afinar “políticas na região fronteiriça”.

“Acho que isto será extremamente importante”, acrescentou o presidente, sem informar o meio que os funcionários vão usar para se comunicar.

O Amazonas colombiano é o departamento (estado) com maior taxa de infecção do país, com mais de 90 pessoas contagiadas por 10.000 habitantes.

Os primeiros casos detectados em Letícia, a capital do departamento, foram importados do Brasil, onde o presidente Jair Bolsonaro tem minimizado a gravidade da doença e contesta as medidas de confinamento.

No Brasil, o estado do Amazonas é um dos mais afetados proporcionalmente, com mais de 300 mortos por milhão de habitantes, praticamente o dobro de São Paulo, epicentro da doença no país, segundo o ministério da Saúde.

Autoridades de controle e médicos têm denunciado a precariedade do sistema de saúde em Letícia, onde vivem mais de 76.000 pessoas, que dispõem de um único hospital público.

– ‘Lockdown’ –

Duque ordenou nesta quinta-feira o fechamento total (‘lockdown’) de Letícia – exceto para atividades essenciais, como serviços de saúde e abastecimento – até 30 de maio para tentar controlar o surto, que nesta localidade pobre e de maioria indígena, já deixou 30 mortos e 924 contagiados.

“Ordena-se o fechamento de todas as atividades, com exceção das estritamente necessárias para a saúde, o abastecimento e os serviços essenciais”, escreveu a ministra do Interior, Alicia Arango, no Twitter.

O governo colombiano determinou na terça-feira aumentar a presença militar para controlar as porosas fronteiras com o Brasil e o Peru na Amazônia. O foco alcançou, inclusive, a superlotada prisão do departamento, onde foram reportados pelo menos 89 detentos infectados dos 181 presos do local, segundo uma fonte da instituição.

A Colômbia, com 525 falecidos e 13.600 infectados, mantém a maioria de sua população confinada desde 24 de março, duas semanas depois de o primeiro caso ter sido detectado. A ordem de confinamento vigorará, a princípio, até 25 de maio.

O governo colombiano determinou na terça-feira o aumento da presença militar para controlar as porosas fronteiras com o Brasil e o Peru na Amazônia.

O Brasil é um dos países mais mais afetados do mundo pela pandemia, com quase 13.993 mortos e 202.918 casos confirmados, segundo dados oficiais. Especialistas consideram que estas cifras estão muito abaixo dos números reais, devido à falta de testagem.

A Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) informou na terça-feira que vê com “preocupação” a propagação do novo coronavírus no país e urgiu as autoridades a continuar contendo o seu avanço.

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