Jornalistas mexicanos protestam após 8º repórter assassinado no país este ano
"Chega de assassinatos!", exigia com seu cartaz um dos jornalistas que foram às ruas nesta quarta-feira (16) na cidade de Morelia para protestar contra o assassinato de Armando Linares, o oitavo repórter vitimado este ano no México.
"Nem com metralhadoras nem balas, a imprensa não se cala!", dizia o cartaz de outro dos comunicadores que chegaram à sede do Congresso do estado de Michoacán, onde reivindicaram leis de proteção a essa classe profissional.
Na tribuna de oradores, uma dezena de jornalistas expressou sua indignação pela morte de Linares, diretor do portal de notícias Monitor Michoacán, ocorrida na tarde de terça-feira em sua casa no município de Zitácuaro. Há apenas um mês e meio, também foi assassinado Roberto Toledo, colaborador do mesmo veículo.
Desde janeiro, oito comunicadores foram assassinados no México, um dos países mais perigosos para a imprensa, com quase 150 homicídios desde 2000, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
As vítimas cobriam os conflitos entre narcotraficantes e investigavam atos de corrupção em seus territórios.
"Exibir a corrupção de governos, funcionários e políticos corruptos nos levou à morte de um de nossos colegas (...). Não vamos deixar as coisas assim, vamos levá-las às últimas consequências", havia advertido Linares após a morte de Toledo.
Ao lamentar nesta quarta-feira o crime contra Linares, o presidente Andrés Manuel López Obrador descartou que funcionários públicos estejam por trás dos assassinatos de jornalistas ocorridos este ano no México.
"São crimes cometidos por quadrilhas de criminosos", declarou o presidente de esquerda, reiterando sua promessa de "impunidade zero" diante desses acontecimentos. Segundo ele, foram realizadas até então 17 prisões por quatro dos assassinatos.
O subsecretário de Direitos Humanos da Secretaria de Governo, Alejandro Encinas, informou nesta quarta em um fórum com jornalistas que "45% dos ataques sofridos por jornalistas vêm principalmente de agentes do Estado, na esfera dos estados e municípios”.
“Agentes do crime organizado e agentes do Estado mexicano em conluio com o crime organizado são a principal fonte de agressão contra jornalistas”, disse o funcionário.
De acordo com a RFS, a impunidade nos homicídios de jornalistas no México é de 92%.