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Tuberculose multirresistente é uma ameaça mundial crescente

Peter Sands, diretor-executivo do Fundo Global de Luta Contra Aids, Tuberculose e Malária, em uma entrevista à AFP em Nova Délhi, em 6 de fevereiro de 2019 afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 07. fevereiro 2019 - 19:45
(AFP)

A tuberculose multirresistente, tão mortal quanto o ebola e difícil de tratar inclusive nos melhores hospitais, é uma ameaça mundial crescente, alerta Peter Sands, diretor do Fundo Global de Luta Contra Aids, Tuberculose e Malária, em uma entrevista à AFP.

A tuberculose multirresistente, com uma taxa de mortalidade de 50%, comparável à do ebola, só é diagnosticada em um quarto dos casos e é extremamente difícil de tratar.

"Se pensarmos nas ameaças ao risco sanitário mundial, aqui a luz vermelha teria de ser acesa", advertiu Sands em Nova Délhi, onde na sexta haverá uma reunião preparatória para a próxima conferência trienal de financiamento do Fundo Mundial.

Este organismo, criado em 2002 como uma colaboração entre poderes públicos, sociedade civil, setor privado e pacientes, se preocupa especialmente com os casos de tuberculose resistente aos antimicrobianos, calculados em 600.000 no mundo.

Esta doença "não conhece fronteiras nem precisa de visto. (...) Por enquanto, cerca de 25% destes 600.000 casos estão diagnosticados e em tratamento", afirmou Sands, que dirige o Fundo Mundial desde o ano passado.

O número de mortes devido à aids e à malária diminuiu aproximadamente pela metade desde o início do século. A tuberculose, atualmente a doença infecciosa mais letal no mundo, com 1,3 milhão de mortos por ano (exceto coinfecções por HIV), causou em 2016 cerca de 20% de mortos a menos que em 2000.

Mas estes avanços continuam sendo modestos demais tendo em conta o objetivo de erradicar estas três epidemias antes de 2030, fixado pela ONU.

"Se comparamos a curva em termos de novas infecções e de mortes em relação à que deveríamos ter, temos de acelerar o movimento", insistiu Sands.

O risco de descuido das autoridades de saúde, a estagnação dos investimentos de ajuda internacional dedicadas à saúde e o desenvolvimento de formas de doença resistentes aos tratamentos poderiam frear os avanços conseguidos até agora e levar a um aumento das epidemias.

- Coca-Cola e remédios -

Neste contexto, o Fundo Mundial busca conseguir 14 bilhões de dólares para o período 2020-2022, ou seja, 1,8 bilhão a mais que a soma alcançada para 2017-2019. Um orçamento totalmente insuficiente, segundo as ONGs.

Em sua ação, o organismo tenta estabelecer acordos com empresas privadas, que vão além da simples doação, especialmente na África subsaariana, onde se concentram dois terços dos investimentos do Fundo Mundial.

A multinacional Unilever utiliza a reputação de sua marca de produtos de higiene Dove para fazer campanhas de prevenção do HIV entre os adolescentes e as mulheres jovens na África do Sul, as populações mais vulneráveis ao vírus.

Em vários países africanos, o Fundo Mundial utiliza também a poderosa rede de distribuição do gigante de bebidas Coca-Cola para fornecer remédios a clínicas isoladas.

"Nos lugares mais remotos da maioria de países, você pode encontrar uma Coca-Cola, não? Utilizar seus caminhões, sua rede de abastecimento, nos ajuda a transportar remédios a lugares onde as pessoas precisam deles", explica Sands.

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