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Bolsonaro deixa a prisão e é hospitalizado para cirurgia

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deu entrada nesta quarta-feira (24) no hospital DF Star, em Brasília, para ser submetido amanhã a uma cirurgia. Esta é a primeira vez que ele deixa a prisão desde o fim de novembro, quando começou a cumprir pena de 27 anos por tentativa de golpe de Estado.

Após exames pré-operatórios, Bolsonaro, 70, foi declarado apto para a realização de um procedimento de hérnia inguinal, segundo um comunicado do hospital. A cirurgia foi marcada para as 9h, com duração prevista de cerca de quatro horas.

Jornalistas da AFP observaram mais cedo um comboio de veículos pretos, escoltados por motocicletas, entrar no estacionamento do hospital. “A gente estima que ele fique internado por um período de cinco a sete dias”, declarou o médico Claudio Birolini, responsável pela cirurgia.

Após a operação, será avaliado se Bolsonaro poderá se submeter a um procedimento adicional: o bloqueio anestésico do nervo frênico, que controla o diafragma, devido a um soluço persistente, acrescentou Birolini.

A saída de Bolsonaro da prisão foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que presidiu o caso no qual Bolsonaro foi condenado em setembro por conspiração para permanecer no poder após a sua derrota nas eleições para o petista Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2022. 

O comboio levou alguns minutos para percorrer o trajeto da sede da Polícia Federal, onde Bolsonaro cumpre pena, até o hospital DF Star, onde ele foi operado em abril.

O ex-presidente sofre com as sequelas da facada que sofreu em um ato de campanha em 2018, que exigiu diversas cirurgias complexas. Recentemente, também foi diagnosticado com câncer de pele.

Segundo o cardiologista Brasil Caiado, Bolsonaro está “um pouco deprimido” e “bastante ansioso”.

– ‘Presente de Natal’ –

Alexandre de Moraes negou na sexta-feira um novo pedido dos advogados de Bolsonaro para que o ex-presidente cumprisse sua pena em prisão domiciliar, assim como um recurso que buscava anular a condenação.

O ministro, que já havia aprovado a presença da mulher do ex-presidente, Michelle Bolsonaro, como acompanhante no hospital, autorizou hoje as visitas dos filhos Flávio e Carlos Bolsonaro.

Moraes ordenou que a polícia garanta vigilância “24 horas por dia”, com, no mínimo, dois policiais na porta do quarto de Bolsonaro no hospital. Também proibiu a entrada de computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos.

Antes da autorização, Carlos Bolsonaro (PL), ex-vereador do Rio de Janeiro, apresentou-se na entrada do hospital para “passar boas energias” ao pai. “Para mim, vai ser um excelente presente de Natal ver o meu pai. Sei que talvez ele não vá me ver.”

O senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ), filho mais velho do ex-presidente, anunciou recentemente sua candidatura à Presidência nas eleições de outubro de 2026, alegando que seu pai o escolheu como sucessor. Ele poderá enfrentar Lula nas urnas, que já declarou sua intenção de concorrer a um quarto mandato. 

O Congresso Nacional, de maioria conservadora, aprovou na semana passada o PL da Dosimetria, que pode reduzir o tempo efetivo de prisão de Bolsonaro para pouco mais de dois anos. O presidente Lula afirmou que vetará o projeto, embora os parlamentares possam derrubar o veto.

lg/lrb/val/db/aa-lb

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