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Calor provoca avalanches e enxurradas.

Alpinismo no Cervino está proibido devido ao risco de avalanches e enxurradas. Toni Mohr, photo.zermatt.ch

Desde terça-feira (15/7) uma das mais conhecidas montanhas suíças está interditada para alpinistas e turistas.

As altas temperaturas do atual verão europeu mudam as condições climáticas nos Alpes e provocam avalanches de pedras e enxurradas no Cervino (4478m).

Essas temperaturas são novidade nos vilarejos suíços próximos às montanhas.

Ontem os termômetros marcavam entre 32 e 33 graus na pequena cidade de Zermatt, localizada a mais de 1600 metros acima do mar e próxima ao Cervino (Matterhorn em alemão), uma das montanhas mais conhecidas no mundo, com 4478 metros de altura.

O acentuado verão europeu tem provocado grandes danos nas montanhas. Há um mês, o limite do zero grau centígrado alcança a altura dos quatro mil metros. Áreas que ficavam geladas durante todo o ano (permafrost), vivem agora pela primeira fez o fenômeno do degelo.

“A falta de neve acima dos 2.500 a três mil metros, durante os meses de junho, julho, agosto e setembro, permite o sol e o calor de penetrar com profundidade no solo e nos rochedos”, conta Ralph Lugon, especialista do fenômeno “Permafrost” no Instituto Universitário Kurt Bösch em Sion. “O gelo deixa então de exercer seu papel soldador. Se o calor atinge a superfície do solo ou a dois ou três metros de profundidade, ele se derrete provocando enchentes ou desabamentos de pedras”.

Cervino em estado de alerta

O Cervino viveu ontem um dia desses. Durante o dia, uma avalanche de pedras caiu num ponto a 3.400 metros sobre o nível do mar. Nesse momento, encontravam-se acima e abaixo do local mais de 90 turistas. Devido ao grande risco de outros desabamentos, a associação de guias e a prefeitura de Zermatt decidiram fechar a montanha até o próximo fim-de-semana. Os alpinistas foram retirados de helicóptero.

Em Grindenwald (leste da Suíça), um gigantesco bloco de gelo se desprendeu de uma geleira e caiu na noite do último domingo no leito do rio Lütschine. Em dois dias, o bloco formou uma barragem natural, que acabou cedendo e provocou duas grandes enxurradas. Acampamentos e trilhas tiveram de ser evacuados pela polícia. Apenas árvores foram danificadas pelo fenômeno.

Guias espantados com fenômeno

Andréas Perren é guia alpinista e atua há 13 anos em Zermatt. O suíço se espanta com a onda de calor e suas conseqüências. “Eu não consigo me lembrar de terem fechado alguma vez o Cervino por essas razões. Porém trata-se de uma questão de vida ou morte”.

Para Perren, a montanha apresenta atualmente dois trandes problemas para os alpinistas. “Normalmente as paredes de gelo que nós escalamos ficam cobertas de neve. Por isso é fácil de se aventurar nessa montanha. Porém esse ano, como essa camada de neve acabou se derretendo, nós precisamos firmar os pés no gelo puro, o que é considerado muito arriscado nesse esporte”.

“Outro problema são os desmoronamentos no Cervino, sobretudo na parada Hörnli. Através do calor, o gelo que cimenta as pedras derrete e faz com que rochedos soltos sejam deslocados. Atualmente ocorre um desmoronamento por hora no segundo nível da montanha, por onde passam mais de 95% das excursões”, explica o guia.

No último domingo morreram três turistas italianos, que deslizaram em queda livre durante a subida do Cervino. “Muito provavelmente devido ao gelo”.

swissinfo com agências

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