A capital temporária das artes
Até dia 17 de junho, a cidade de Basiléia reunirá trabalhos de mais de dois mil artistas de diferentes países na ArtBasel, considerada a maior feira de artes do mundo.
A expectativa dos organizadores é a de que o evento receba cerca de 56 mil pessoas.
O evento muda a rotina da pacata cidade à beira do Reno. São colecionadores, negociantes, artistas e fãs de arte que circulam por Basiléia. Os hotéis ficam lotados e até os motorneiros têm de acionar mais vezes as “buzinas” dos bondes para alertar os turistas que atravessam as ruas despretensiosamente.
Quem não vai à mostra também contempla peças artísticas só de andar pela cidade. Na frente do centro de exposições, a Messeplatz, há vários trabalhos, os chamados Public Art Project.
Este ano, a enorme escultura de Paul McCarthy, “Santa with Butt Plug”, saúda os visitantes em uma das entradas da feira. Na outra porta, “Sky Mirror”, de Anish Kapoor, reflete a imagem invertida do maior prédio da cidade, que tem 30 andares. A peça lembra uma antena parabólica gigante toda espelhada.
Obras e galerias
Dentro da feira, cerca de 300 galerias expõem o melhor que têm. Não é para menos. Os colecionadores e negociantes vêm de todos os lugares da Europa atrás de boas peças – e com disposição para comprar.
Quem não compra pode aproveitar para ver obras de qualidade, antes que façam parte de coleções privadas. Pode-se fazer um apanhado das artes plásticas dos séculos 20 e 21. Das telas de Picasso, Kudinsky ou Monet à vídeo-arte do contemporâneo Bill Viola, exposto em várias galerias.
Em outra parte da mostra, a Art Unlimited, cerca de 70 artistas apresentam seus trabalhos em instalações que misturam vídeos, performances e multimídias.
Brasileiros famosos
A montagem Periquitos, do brasileiro Marepe, pode ser vista neste local. Em muitas delas há a interação do público.
É o caso da piscina com projeções de ‘slides’ e música dos brasileiros Hélio Oiticica e Neville D`Almeida, Cosmococa.
Depois de percorrer alguns quilômetros na mostra, muitos visitantes aproveitavam a piscina no final da tarde, mas com muita discrição: só molhavam os pés.
Este ano quatro galerias brasileiras estão na mostra. A Fortes Villaça, Millan Antonio, Strina e a Nara Roesler.
“É a primeira vez que estamos nesse setor da feira e acho que isso é como um reconhecimento do trabalho que temos feito”, disse Daniel Roesler, que levou, juntamente com a Galeria Lelong, a instalação Cosmococa para a mostra em Basiléia.
De acordo com ele, é a primeira vez que o trabalho é exposto fora do Brasil. No ano passado, a galeria participou da Balelatina – mostra ligada à Artbasel que exibe trabalhos no centro cultural Brasiléia.
Galerias portuguesas
Os portugueses também aumentaram a participação na mostra. Além da galeria Cristina Guerra, veterana no evento, a Pedro Cera exibe o trabalho Film Festival, do artista Ricardo Valentim.
“Concorremos com outras galerias e conseguimos nos classificar”, explica Pedro Cera. “Fiquei muito contente com isso”, diz.
Conseguir expor na feira é motivo de orgulho para os galeristas. A cada ano, um comitê avalia a qualidade dos trabalhos de todas as galerias e até mesmo a capacidade de reposição de obras durante a mostra. Isso significa que todas as galerias são avaliadas anualmente e que nada é para sempre – só a arte.
swissinfo, Lourdes Sola, Basiléia
Art Basel está em sua 38a edição, de 12 a 17 de junho, em Basiléia, noroeste da Suíça. 300 galerias estão presentes, representando mais de 2 mil artistas dos séculos XX e XXI.
A entrada custa 30 francos e são esperados mais de 50.000 visitantes.
Fundada em 1970 por um grupo de galeristas próximos de Ernst Beyeler, ela é dirigida por Samuel Keller desde 2000 e até o final deste ano. Keller vai então dirigir a Fundação Beyeler e presidirá a empresa Art Kunstmesse AG.
Samuel Keller lançou Art Basel Miami Beach em 2001, na Flórida.
Este ano, a manifestação reunirá de 6 a 9 de dezembro 200 galerías que exporão obras de 1.500 artistas.
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