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Suíça ajuda a ver o mar através da fotografia

Barbara Stauss na redação da Mare, em Berlim swissinfo.ch

Barbara Stauss nasceu em Zurique, morou em Nova York, São Petersburgo e depois mudou-se para Berlim Ocidental. Apesar da biografia continental ela é co-fundadora e editora de fotografia da Mare, uma das mais renomadas revistas da Alemanha, dedicada exclusivamente a assuntos marítimos.

Mare foi criada nos anos noventa por suíços, com incentivo de Elisabeth Mann Borgese, filha caçula do escritor alemão Thomas Mann, Prêmio Nobel de Literatura.

– A minha infância em Zurique foi marcada por uma educação anti-autoritária. Em 1970 meus pais me matricularam em um jardim-de-infância fundado por quem acreditava nessa doutrina. Eu detestei, pois queria ter regras como as outras crianças. Os meus pais eram liberais e sempre me deixaram fazer tudo o que eu quis. Talvez essa tenha sido a razão pela qual escolhi estudar em um internato nos Alpes. Lá havia normas, padrões definidos contra os quais eu tinha que me rebelar, afirma Barbara, sorridente, no espaçoso escritório da redação da Mare em Berlim.

Localizada em um pátio interno da Oranienstraße, movimentada rua do bairro de Kreuzberg – que abriga vários projetos alternativos de Berlim – a revista tem uma história de sucesso que começou em 1997. Três dos quatro fundadores são suíços que vivem na Alemanha: o biólogo marinho Niklaus Gelpke, a arquiteta Zora del Buono e a fotógrafa Barbara Stauss.

Internato, Nova York e Leningrado

Filha de um fotógrafo de Zurique especializado em eventos culturais, Barbara cresceu familiarizada com a fotografia, a literatura e as artes em geral.

Essa formação certamente influencia seu senso de estética na edição fotográfica. Antes de ingressar no internato, aos 14 anos, a editora convenceu seus pais a lhe enviarem para Nova York, onde passou quatro meses na casa de um fotógrafo amigo da família.

– Foi uma experiência muito interessante. O amigo do meu pai era fotógrafo de moda e tinha um estúdio onde entravam e saiam muitas pessoas. Ele ia a muitas festas e me levava pela madrugada de Nova York, afirma.

Nesse período ela decidiu que estudaria em uma Escola de Belas Artes, o que nunca conseguiu realizar, mesmo depois de, anos mais tarde, haver sido aceita em uma das mais renomadas academias de arte da Alemanha, A HDK em Berlim.

– Gosto de viajar de trem. A constante mudança de paisagem na janela me faz refletir. Foi assim que, aos 19 anos, em uma viagem entre Genebra e Zurique, que eu resolvi ir para a Rússia. Cheguei à estação, onde meus pais me aguardavam, e disse a eles que aprenderia russo na Rússia. Eles acharam a idéia estranha, mas como sempre me apoiaram em minhas decisões, pagaram a viagem. Era difícil conseguir um visto naquela época, 1986. O país era fechado para o ocidente. Entretanto eu pude estudar quatro meses em Leningrado, hoje chamada novamente de São Petersburgo. Foi uma época interessante em que me senti sózinha, mas acabei conhecendo muitas pessoas ao me comunicar no novo idioma estrangeiro, explica.

Fotógrafa em um transatlântico

– Quando regressei a Zurique, estudei um semestre de idioma e cultura eslava mas não me senti satisfeita e escolhi mudar-me para Berlim Ocidental que, na época, para mim, representava um meio termo entre a Rússia e Nova York. Após estar três anos matriculada no curso acadêmico de idioma e cultura eslava em Berlim desisti, pois a universidade era muito livre, não havia regras e eu me sentia perdida. Foi então que decidi fazer um curso de fotografia na escola técnica Lette-Verein. Foi um período intenso em que estudei muito e pude aprender um ofício. Além disso, Berlim estava em uma época interessante e não havia a pressão da construção de uma carreira como é no mercado de hoje. De alguma maneira a minha geração tinha a certeza que conseguiria entrar no mercado de trabalho. Isso nos dava a liberdade de viver intensamente o momento, conta.

Logo após o término do curso de fotógrafa Barbara foi contratada por uma empresa para fotografar passageiros em um transatlântico em viagem de três semanas pela costa da Escandinávia. Apesar da paisagem linda, ela descobriu que a sua vocação não era fotografar, pois não gostou de ter que acompanhar os passageiros. De volta a Berlim passou a trabalhar em agências de fotografia. Numa delas coordenava o arquivo de fotógrafos berlinenses.

Criação da revista Mare

Em meados dos anos 90, o biólogo Niklaus Gelpke, incentivado por Elisabeth Mann Borgese, fundadora do International Ocean Institute – grande ativista em defesa do mar como patrimônio da humanidade – convidou sua amiga Zora del Buono para produzir uma revista de notícias sobre mar.

A idéia era criar um veículo informativo no formato das revistas semanais. Zora convidou Bárbara para participar de uma reunião em que a sugeria como fotógrafa da revista. Na conversa a fotógrafa perguntou se eles já tinham um editor de fotografia. Eles não sabiam que uma revista precisaria de editor de imagem e assim Bárbara passou a se ocupar do assunto.

Influenciados pela revista suíça “DU”, desenvolveram um conceito onde a imagem é valorizada e os textos são de alta qualidade. Em 1997 foi publicada a primeira edição da Mare, que rapidamente ganhou diversos prêmios e, depois disso, não parou mais de crescer. Conseguiu inclusive ampliar suas atividades para a publicação de livros e programas de rádio e televisão que trazem histórias exclusivamente marítimas.

swissinfo, Gleice Mere, Berlim

A revista Mare existe desde 1997.
Três dos quatro fundadores são suíços que vivem na Alemanha: o biólogo marinho Niklaus Gelpke, a arquiteta Zora del Buono e a fotógrafa Barbara Stauss, editora de fotogafia.
Hoje a Mare também edita livros e produz programas de rádio e televisão.

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