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Desemprego nos EUA vai a 4,3% em agosto, com novos postos de trabalho em queda

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A economia dos Estados Unidos criou menos postos de trabalho do que o esperado em agosto, segundo dados do governo publicados nesta sexta-feira (5), que situaram a taxa de desemprego em 4,3%.

Os Estados Unidos criaram 22 mil novos empregos no mês passado, abaixo dos 79 mil de julho, segundo o Departamento de Trabalho.

Os analistas esperavam 75 mil novos empregos, de acordo com o consenso publicado pela MarketWatch.

A taxa de desemprego subiu para 4,3%, contra 4,2% em julho e 4,1% em junho.

Este é o nível mais elevado desde o último trimestre de 2021.

Esta publicação pode finalmente convencer o Federal Reserve (Fed, banco central americano) a reduzir as taxas de juros para apoiar a economia na próxima reunião em 17 de setembro.

O crescimento do emprego em junho, que anteriormente havia sido estimado em 14 mil, foi revisado para uma queda de 13 mil, segundo o relatório. A contratação em julho foi ligeiramente ajustada para cima.

A bolsa de Nova Iorque respondeu em baixa na sexta-feira: o Dow Jones caiu 0,48% e o S&P 500, 0,32%.

O tecnológico Nasdaq fechou próximo do equilíbrio. As ações europeias também terminaram o dia em queda. Além disso, os dados de emprego derrubaram o dólar e os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

O ouro, por sua vez, atingiu um novo recorde histórico ao ser favorecido como refúgio para os investidores que se afastam dos títulos de longo prazo.

Os números de emprego dos Estados Unidos frequentemente são um dado chave observado pelos analistas, já que normalmente influenciam como o Federal Reserve ajusta as taxas de juros, outro dos principais focos do presidente Donald Trump.

– Números “manipulados” –

Junto a Trump na Casa Branca, seu assessor econômico Kevin Hassett afirmou que também esperava ver revisões em alta nos números de agosto.

E que a Presidência “esperava ansiosamente ter uma nova direção (no Escritório de Estatísticas Trabalhistas) que tornasse os números mais confiáveis”.

Mais cedo naquele dia, o presidente dos Estados Unidos culpou o chefe do Fed, Jerome Powell, em sua rede Truth Social. “Deveria ter reduzido as taxas de juros há muito tempo”, escreveu.

Os números desta sexta-feira estão sob um escrutínio particular após um mau desempenho nos dados de julho — divulgados no mês passado — levar Trump a afirmar que os números estavam “manipulados” e a demitir a comissária de estatísticas de trabalho.

A análise detalhada dos números indica que o setor de saúde aumentou as contratações, o setor público (federal) caiu fortemente, o que coincide com os cortes do governo Trump.

Ao demitir no mês passado a comissária Erika McEntarfer, o mandatário a acusou de ter “falsificado” os dados de emprego para aumentar as chances de vitória dos democratas na recente eleição presidencial.

Ele também criticou as revisões para baixo nos números de contratação, que “sempre vão em sentido negativo”, protestou Trump.

Mas a economista-chefe da Nationwide, Kathy Bostjancic, disse à AFP que as revisões de dados ocorrem porque as taxas de resposta às pesquisas diminuíram.

Se as empresas respondem com atraso, os números precisam ser atualizados para refletir os dados recebidos.

A tensão em torno da coleta de dados públicos sobre o mercado de trabalho não é nova, mas explodiu há pouco mais de um ano.

Em agosto de 2024, em plena pré-campanha eleitoral, o escritório encarregado das estatísticas de trabalho anunciou uma forte revisão para baixo na criação de empregos: 818 mil postos de trabalho a menos entre março de 2023 e março de 2024 do que havia sido anunciado anteriormente.

A desaceleração nas contratações tem sido notável neste ano, segundo o economista sênior da KPMG, Kenneth Kim.

“Os dados recentes destacam um equilíbrio frágil no mercado de trabalho: a demanda e a oferta de trabalho se moderaram, enquanto as demissões continuam sendo limitadas”, disse Daco.

Também alertou que a taxa de participação no mercado de trabalho provavelmente diminuirá ligeiramente à medida que políticas migratórias mais rigorosas sob a administração Trump restrinjam cada vez mais os fluxos de trabalhadores nos próximos meses.

O governo do presidente republicano lançou uma grande campanha contra a imigração irregular, a qual acusa de pressionar para baixo os salários e as condições de trabalho.

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