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As ucranianas Viktoriia e Polina moram agora em casa

Viktoriia und Polina an der Kundgebung «Frieden jetzt» vom 2. April in Bern
Viktoriia e Polina no rally "Peace Now" em Berna, em 2 de abril. Sladusha/swissinfo.ch

Viktoriia Bilychenko e sua filha Polina fugiram de Mykolayiv, ao sul da Ucrânia, para a Suíça e hoje vivem em Berna como refugiadas. Sua vida mudou radicalmente. A minha, não tanto.

Elas chegaram no final de março, trazendo consigo apenas duas malas e duas mochilas. Um funcionário da Defesa Civil as trouxe de carro, depositou a bagagem na frente da casa e se despediu.

Desde o começo da guerra já havia contatado o Serviço Suíço de Ajuda aos Refugiados. O sofrimento humano, um povo em fuga e as imagens da imensa destruição resultante do nefasto ataque Rússia ao país vizinho me abalaram. Pendurar bandeiras da Ucrânia na janela e dizeres de paz é bom mas, diante das dimensões desse conflito, não me pareceu suficiente para uma pessoa como eu, aposentada desfrutando uma vida confortável em um país rico e pacífico.

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Ucrânia: análises da Suíça

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Quando recebi a ligação das autoridades de Berna, eles me perguntaram se minha oferta ainda era válida. Fiiquei um pouco chocada. Será que eles duvidavam das minhas boas intenções? Então tomei a decisão e disse “sim”. Agora os refugiados estão na minha casa, duas ucranianas.

Elas desembalaram seus pertences. Viktoriia, 34 anos, trouxe duas xícaras, talheres e uma toalha de chá de Mykolayiv. “Uma lembrança de casa para a Polina”, disse.

Após a primeira noite, Viktoriia confessou que “estava sentindo muita falta do marido”. Seu marido, músico do teatro municipal em Mykolayiv, permaneceu na Ucrânia como todos os homens entre 18 e 60 anos de idade. Seu irmão e sua sogra também ainda estão por lá.

A mãe está na Polônia. Foi ela também quem aconselhou a filha a não ficar no país. Por causa dos mais de dois milhões de refugiados, quase não há mais alojamento. E assim, depois de uma viagem de quatro dias de Varsóvia, passando por Viena, as duas chegaram em Berna.

Primeiras impressões

Após quatro dias, Polina, 10 anos, dormiu no seu próprio quarto pela primeira vez. Ela desenhou no papel uma imagens com montanhas altas e um barracão. Parece com os Alpes suíços, onde ela nunca esteve.

Após uma semana em Berna, meus “protegidos” receberam o visto “S”. E como o custo de vida é elevado na Suíça, eu as acompanho numa visita à assistência social. Havia uma longa fila e ficamos chateados com as pessoas que ficavam empurrando. No dia seguinte, abrimos uma conta no Banco dos Correios e depois fomos à prefeitura e à escola local. Após as férias de primavera, Polina se começou a fazer um curso intensivo de alemão junto com duas crianças ucranianas que vivem no nosso bairro.

Viktoriia und Paulina im Schweizer Schnee.
A neve na primavera é uma experiência para eles. swissinfo.ch

Lentamente começamos a ter uma vida normal. Viktoriia trabalha como técnica de computação para uma empresa canadense e passa o dia na frente do computador. Sua filha faz um curso via computador. Entretanto, o número de lições está diminuindo. Das 33 crianças, apenas dez ainda participam do programa educacional em meio ao tumulto da guerra. Eu ensino um pouco de alemão para Polina, com a ajuda de cartões de memória, pictogramas e o Google Translate.

Sprachlernmaterial.
Após as férias de primavera, Polina participará de uma aula intensiva de alemão, e ela já começou seus primeiros exercícios. swissinfo.ch

Diferenças culinárias

O cheiro de carne se espalha em minha casa. Eu sou vegetariana e sei que a cozinha ucraniana é pesada e farta. E a geladeira está mais cheia do que o comum. A enorme oferta nos supermercado suíços, seja de iogurtes ou chocolates, é muito tentadora para mãe e filha. Aqui em casa há mais resíduos plástico do que antes.

Schweizer Banknoten.
O primeiro dinheiro suíço. Viktoriia acha as cédulas suíças “muito bonitas”. swissinfo.ch

Mas não me importo. Viktoriia e Polina mudaram sua vida da noite para o dia. Elas passam o dia pensando nos parentes que estão sob o constante terror de bombas ou sem água corrente durante dias. Pequenos erros na cozinha são perdoáveis. 

Adaptação: Alexander Thoele

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