Como os estudantes estrangeiros fazem para estudar nas universidades suíças?
As universidades suíças continuam a atrair um grande número de estudantes estrangeiros.
As estatísticas mostram que nas dez universidades da Suíça e em dois institutos de tecnologia de prestígio o número de estudantes estrangeiros aumentou 4% em 2020 em comparação com 2019 “apesar da crise causada pela pandemia de Covid 19 e seu impacto na mobilidade global”, segundo dados publicados em janeiro de Link externo2022Link externo pelo Departamento Federal de Estatística. “Para 2021, as estimativas iniciais mostram tendências semelhantes às de 2020”.
Em 2020, as instituições de ensino superior foram afetadas principalmente por uma ligeira diminuição do número de ingressantes não europeus, “mas em muitos casos isso foi compensado por um aumento do número de ingressantes de países vizinhos”, aponta o gabinete de estatística.
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Pandemia não prejudicou atratividade das universidades suíças
No geral, os estudantes estrangeiros representam atualmente 31,4% dos estudantes nas universidades suíças – em comparação com 19% na década de 1990.
“Geralmente, os diplomas de mestrado em vez de bacharelado são mais atraentes para os estrangeiros que vêm estudar na Suíça”, observa o escritório de estatísticas. Mas o que os alunos estrangeiros gostam mesmo são os programas de doutorado: estrangeiros foram cerca de 57% dos doutorandos em 2020/2021. Esse número supera a média de 25% nos países da OCDE.
Taxas baixas
O relatório Education at a Glance 2019 da OCDE sobre a Suíça explica por que os doutorados suíços são tão atraentes: investimentos acima da média em pesquisa e desenvolvimento, que “por sua vez, apoiam o progresso dos estudantes de doutorado durante e após o estudo” e baixas taxas de matrícula.
Por exemplo, a taxa de matrícula 2021/22 no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurique) é de cerca de CHF 1.500 (US$ 1.546) para todos os alunos (suíços e não suíços, a universidade não faz distinção) , bem mais em conta se comparada às taxas médias anuais de mais de $ 50.000 para estudantes estrangeiros em muitas das principais universidades dos EUA. Mas aqui vale um adendo: embora as taxas acadêmicas sejam baixas, o custo de vida na Suíça não é.
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Como fica a Suíça quando o assunto é o custo do ensino universitário?
O fato de os estudantes de doutorado da Suíça serem empregados pelas universidades e receberem um salário, o que reduz seus encargos financeiros, é outro fator, diz a OCDE.
E quais são as disciplinas de estudo preferidas pelos estudantes estrangeiros? Ciências naturais e engenharia.
Processo de admissão rigoroso
“Escalar a torre de marfim requer paciência, confiança e uma ajudinha de alguém que já o fez”, diz Arasan MJ, um de nossos estudantes blogueiros indianos, que fez mestrado em finanças na Lucerne University of Applied Sciences and Arts.
No caso dele, falar com o responsável pelo curso antes de enviar a inscrição foi muito útil, pois ajudou a avaliar suas chances de admissão.
Os requisitos de admissão na Suíça são relativamente simples, mas também podem ser necessários muitos documentos extras, como transcrição do curso e uma redação pessoal.
Matrículas em tempos de pandemia
Uma vez aceitos, aqueles estudantes que se candidatam de fora da maior parte da Europa também precisam solicitar um visto e, chegando na Suíça, uma autorização de residência no cantão onde querem morar.
Durante a pandemia de coronavírus, estudantes estrangeiros de países da UE/EFTA foram autorizados a entrar na Suíça, sujeitos às regras normais de imigração e regras de quarentena, se necessário.
Podem ser admitidos estudantes estrangeiros de países terceiros a cursos de educação e formação com duração superior a 90 dias, desde que reúnam os requisitos normaisLink externo.Link externo
Além disso, os candidatos geralmente precisam provar um bom domínio do idioma em que estudarão, seja alemão, francês ou italiano. Para um número crescente de programas de pós-graduação, o idioma do curso é o inglês.
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Admissão
A experiência
Iniciando seus programas de estudo, os estudantes estrangeiros geralmente podem contar com um amplo apoio para se estabelecerem na universidade de sua escolha, bem como ajuda em questões acadêmicas e de emprego, sugerem os relatos de ex alunos. O apoio é oferecido para estudantes internacionais através de organizações estudantis como a Erasmus Student Network Suíça, que faz a ponte com os órgão de administração e estabelece suporte onde há necessidade.
De acordo com Gaurav Singh, outro de nossos blogueiros estudantes indianos, a vida acadêmica na Suíça pode ser bem diferente da vida em seu país de origem, como ele relatou em um post antes da pandemia. Ele apreciou a ênfase na prática – ao invés da teórica – em seu mestrado na Universidade de Neuchâtel, que foi concebido para prepará-lo para o mercado de trabalho.
Mas ele ficou surpreso com os alunos chamando seus professores pelo primeiro nome. “Várias vezes meus professores beberam e confraternizaram conosco em encontros organizados pela universidade. Era tão diferente da Índia, onde você sempre deve se referir ao seu professor como “senhor”. No meu país, conviver com nossos professores em momentos informais era impensável”, observou.
O que acontece depois da formatura?
Após a formatura, quase 40% dos formados estrangeiros saem do país, segundo dados pontuais divulgados pelo instituto de estatística em 2017. A maioria vai trabalhar em um país vizinho.
Geralmente é mais fácil para os graduados europeus do que para os de outros lugares encontrar empregos na Suíça. “Os graduados estrangeiros – especialmente aqueles de fora da União Europeia – precisam se acostumar com as cartas de rejeição”, escreveu Fungai Mettler, originalmente do Zimbábue, em um artigo de opinião pré-pandemia para swissinfo.ch. Embora ela tenha descoberto que o networking, a candidatura cega a empregos e o esforço extra para essas candidaturas foram a chave para seu eventual sucesso em encontrar uma vaga.
Um estudo recente do Centro Nacional de Competência em Pesquisa constatou que a chamada regra de prioridade, que institucionaliza a preferência por candidatos da Suíça, da UE e da EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), e o acordo de livre circulação de pessoas com a UE são os motivos por trás da vantagem que os graduados europeus têm no mercado de trabalho suíço.
No geral, aqueles com formação em STEM – ciência, tecnologia, engenharia e matemática – estão mais propensos a conseguir um emprego no país alpino, segundo o estudo.
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A ETH de Zurique continua sendo a melhor universidade da Europa continental
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