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Extrema direita britânica consolida ascensão e tira cadeira de trabalhistas

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O partido de extrema direita do Reino Unido, Reform UK, se impôs nesta sexta-feira (2) em uma eleição legislativa parcial na Inglaterra e ganhou terreno em diversas eleições locais se sobrepondo aos trabalhistas, que enfrentaram seu primeiro teste após chegar ao poder em julho, e aos conservadores. 

Os trabalhistas britânicos (centro-esquerda) perderam um assento no Parlamento em um distrito do noroeste da Inglaterra, em benefício do Reform UK. 

A vitória e o assento no distrito de Runcorn e Helsby “demonstram que agora somos o partido de oposição ao governo trabalhista” do primeiro-ministro Keir Starmer, escreveu Nigel Farage, líder do Reform UK, na rede social X. 

Farage, um dos maiores entusiastas do Brexit, que fez uma campanha centrada na luta contra a imigração irregular, mostrou-se exultante ao final da jornada.

“Podemos e vamos ganhar as próximas eleições gerais” previstas para 2029, exclamou Farage, garantindo ter “afundado” o Partido Conservador, diante de cerca de 30 novos vereadores do Reform em Stafford, no centro da Inglaterra.

Por sua vez, Starmer classificou a derrota de seu partido como “decepcionante”, embora tenha reafirmado sua determinação de ir “mais longe e mais rápido” nas reformas.

O triunfo confirma a ascensão do Reform UK e da extrema direita, além de uma fragmentação do panorama político.

Além do assento parlamentar de Runcorn e Helsby, estavam em jogo nessas eleições um total de 1.641 postos em conselhos municipais e de condados, assim como seis prefeituras. 

O Reform UK também ganhou pela primeira vez duas prefeituras, enquanto os trabalhistas obtiveram três e os conservadores, uma. 

– Vitória por seis votos –

A candidata da legenda, Sarah Pochin, venceu o pleito de quinta-feira em Runcorn e Helsby por seis votos a mais que a candidata trabalhista Karen Shore.

Após essa vitória, o partido de extrema direita tem cinco assentos, dos 650 do Parlamento, depois do seu avanço histórico nas legislativas de julho de 2024.

Segundo as pesquisas, antes dessas eleições, os cidadãos manifestavam preocupações relacionadas a um fraco crescimento econômico, os números da migração irregular e os serviços públicos em crise. 

A eleição legislativa parcial nessas localidades ocorreu após a renúncia do deputado trabalhista Mike Amesbury, condenado por agredir um homem durante uma briga noturna. 

O Partido Trabalhista havia vencido nesse distrito eleitoral em julho com 53%, bem à frente do Reform UK, que obteve 18%. 

Nas eleições gerais de julho de 2024, os trabalhistas obtiveram uma maioria parlamentar esmagadora em julho, com 412 cadeiras de um total de 650, apesar de terem obtido 33,7% dos votos. Isso se deu porque o sistema eleitoral britânico favorece os grandes partidos. 

Os conservadores, por sua vez, registraram 24% dos votos e 121 assentos, a pior derrota eleitoral de sua história.

O Reform UK conquistou cinco cadeiras nas legislativas de julho, que foram reduzidas a quatro após a expulsão de um de seus parlamentares, um resultado inédito para um partido de extrema direita no Reino Unido.

– Crise de trabalhistas e conservadores –

Agora, os trabalhistas estão vivendo um retorno ao poder complexo, após 14 anos na oposição.

Starmer não conseguiu reacender a economia e seu governo foi duramente criticado por ter eliminado alguns benefícios sociais. 

As eleições também são um teste para Kemi Badenoch, que assumiu a liderança do Partido Conservador no final do ano passado, enfraquecido após seu fracasso no pleito legislativo. 

“A renovação de nosso partido apenas acaba de começar”, afirmou Badenoch nesta sexta. 

Com 26% dos votos em nível nacional, o Reform UK supera os trabalhistas (23%) e os conservadores (20%), de acordo com uma pesquisa do YouGov publicada na terça-feira.

“É uma tendência semelhante à que se vê na Europa Ocidental, onde os grandes partidos estão perdendo votos. E a política se torna muito, muito fragmentada”, disse à AFP Anand Menon, professor de política europeia do King’s College de Londres. 

Christopher Davies, um aposentado de 67 anos de Runcorn, votou no Partido Trabalhista durante toda a sua vida, mas desta vez escolheu o Reform UK, contando à AFP sua “insatisfação” com Starmer.

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