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Lima declara centro histórico ‘intangível’ para restringir protestos

(Arquivo) Manifestação na praça San Martín, no centro de Lima, Peru, em16 de dezembro de 2022 afp_tickers

A prefeitura de Lima, a capital do Peru, declarou seu centro histórico como “zona intangível” para restringir marchas e manifestações políticas, em meio à agitação social que reina no Peru desde dezembro, segundo uma determinação publicada no diário oficial nesta quarta-feira (15).

A autoridade municipal alegou que, por estar na lista de patrimônio cultural da humanidade da Unesco, o centro histórico da capital peruana é uma “zona intangível para a realização de marchas, manifestações e concentrações públicas e políticas que ponham em risco a segurança e/ou a saúde pública”, diz o texto.

Essa determinação da prefeitura de Lima, governada atualmente pelo ultraconservador Rafael López Aliaga, também instrui a Procuradoria municipal e o Ministério Público do Peru a atuarem em caso de descumprimento, em coordenação com o Ministério do Interior e a polícia.

A zona afetada, de aproximadamente 10 km², abriga espaços como as praças Dois de Maio e San Martín, e avenidas como Miguel Grau, Alfonso Ugarte e Abancay, que têm sido cenário recorrente e epicentro das mobilizações que, desde dezembro, exigem a renúncia da presidente, Dina Boluarte, e uma antecipação das eleições.

Em um desses protestos, em 28 de janeiro, morreu Víctor Santiesteban, o único manifestante falecido em Lima entre os 48 civis mortos nessa onda de protesto, caracterizada pela dura repressão policial e pela resposta violenta dos cidadãos indignados.

“A medida é para todos os que pretendem se mobilizar marchando”, disse à emissora RPP o vice-prefeito de Lima, Renzo Reggiardo, que exortou os dirigentes políticos e de coletivos sociais a “serem sensatos” e acatarem a medida.

Reggiardo acrescentou que a ordem não inclui manifestações religiosas como a tradicional procissão do Senhor dos Milagres por não se tratar de “uma concentração de caráter político”.

Desde 2022, em ruas e passeios do centro histórico de Lima, próximas do Palácio de Governo e da sede do Congresso, a polícia já havia instalado grades metálicas para o controle da ordem pública e para conter manifestantes.

As marchas que levaram à queda de outros presidentes peruanos – como Manuel Merino e Alberto Fujimori – também tiveram o centro histórico como cenário principal.

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