Marco Rubio se mostra otimista com mobilização de força internacional em Gaza
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, de visita em Israel, expressou otimismo nesta sexta-feira (24) sobre o iminente envio de uma força internacional para Gaza, enquanto vários grupos palestinos, incluindo o Hamas, concordaram em confiar a gestão do território a um comitê de tecnocratas.
Rubio encerrou uma série de visitas de altos funcionários americanos a Israel, após as de Steve Witkoff e Jared Kushner – emissários do presidente Donald Trump – e a do vice-presidente JD Vance.
O secretário de Estado americano, que chegou a Israel na quinta-feira, mostrou-se “otimista” sobre a manutenção do cessar-fogo entre Israel e Hamas, em vigor desde 10 de outubro e baseado no plano de Trump, que pretende encerrar definitivamente dois anos de guerra.
Nesta sexta-feira, ele também afirmou que “muitos países” tinham se “oferecido” para participar da Força Internacional de Estabilização (ISF) que, segundo os termos do plano de Trump, deve ser mobilizada no território palestino à medida que o exército israelense se retirar.
“Terão que ser pessoas ou países com os quais Israel se sinta confortável”, alertou Rubio, detalhando que Israel teria direito de veto sobre a composição da força e poderia se opor em particular à participação da Turquia, que acolheu líderes do Hamas.
Além disso, Rubio declarou que os Estados Unidos poderiam solicitar um mandato da ONU para a ISF, como pedem alguns países.
Todos os altos funcionários americanos que visitaram Israel nos últimos dias se mostraram confiantes sobre a manutenção do cessar-fogo, que parecia ter se fragilizado no domingo após os bombardeios israelenses em Gaza, provocados por disparos que causaram a morte de dois soldados.
– “Residentes independentes” –
Após negociações no Cairo, os principais movimentos palestinos, incluindo o Hamas, anunciaram nesta sexta-feira um acordo para que um comitê independente de tecnocratas assuma temporariamente a administração de Gaza.
Segundo um comunicado publicado no site do Hamas, esses grupos concordaram com a criação de um “comitê palestino temporário composto por residentes tecnocratas independentes (…) encarregados de administrar assuntos da vida cotidiana e os serviços básicos”.
Esta proposta difere do plano de paz de Trump, que também propõe um comitê “tecnocrático”, mas impõe “supervisão” internacional por meio de um “comitê da paz” que seria presidido pelo próprio presidente dos EUA.
Os palestinos, por sua vez, falam de um comitê que trabalharia em “cooperação com os irmãos árabes e as instituições internacionais”, sem mencionar o “comitê da paz”.
O Hamas, que governa Gaza desde 2007, deixou claro que não deseja governar o território após a guerra, mas se opôs ao desarmamento de seus combatentes, como também estava previsto no plano de Trump.
– Normalização das relações –
Durante sua visita, nesta sexta-feira, ao Centro de Coordenação Civil-Militar (CCMC), organismo encarregado de monitorar o cessar-fogo sob supervisão americana, em Kiryat Gat – no sudoeste de Israel -, Rubio mencionou uma possível ampliação dos Acordos de Abraão.
Vários países árabes – Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos – normalizaram suas relações com Israel em 2020 a partir destes acordos.
“Há muitos países que querem se unir” aos acordos, afirmou o secretário de Estado americano, que disse apenas que havia “alguns mais importantes que outros”.
A Arábia Saudita manteve diálogos com os Estados Unidos para normalizar suas relações com Israel, o que representaria um marco histórico, pois abriga os dois locais mais sagrados do islã.
No entanto, o reino do Golfo desistiu da normalização após o início da guerra na Faixa de Gaza e agora exige avanços rumo a um Estado palestino independente.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque do Hamas contra Israel, em outubro de 2023, que causou a morte de 1.221 pessoas, civis em sua maioria, segundo um balanço elaborado pela AFP com base em dados oficiais.
A ofensiva israelense em represália deixou 68.280 mortos em Gaza, também civis na maioria, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território palestino – governado pelo Hamas -, que a ONU considera confiáveis.
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