
Moraes ordena vigilância permanente de Bolsonaro por ‘risco de fuga’

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou nesta terça-feira (26) que a Polícia Penal do Distrito Federal monitore “em tempo integral” o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar em Brasília, alegando “risco de fuga”.
A medida é tomada a uma semana do início das deliberações finais do julgamento na Primeira Turma do STF em que Bolsonaro é réu, juntamente com outros sete aliados, por suposta tentativa de golpe de Estado.
O ex-presidente (2019-2022) é acusado de liderar uma “organização criminosa” que conspirou para impedir a posse de seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a vitória deste último nas eleições de 2022.
À espera do veredito, previsto para ser anunciado entre 2 e 12 de setembro, Bolsonaro está cada vez mais cercado.
– ‘Humilhações’ –
O ministro Alexandre de Moraes determinou “o monitoramento em tempo integral” de Bolsonaro, com o envio de equipes ao endereço onde ele cumpre prisão domiciliar desde o último dia 4, segundo documento judicial obtido pela AFP.
“Eles não se cansam de criar situações desnecessárias para impor humilhações a Bolsonaro”, publicou no X o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.
Logo após a ordem do ministro, a Polícia Federal solicitou a autorização da presença de uma equipe “24 horas no interior da residência” de Bolsonaro em Brasília, onde ele cumpre prisão domiciliar preventiva decretada por Moraes, por descumprir uma proibição de se manifestar nas redes sociais.
A determinação do monitoramento policial das medidas cautelares impostas ao ex-presidente foi uma resposta de Moraes a um pedido da Procuradoria-Geral da República, que havia solicitado ontem que se intensificasse a vigilância.
Em sua decisão, Moraes cita a campanha que outro filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro, realiza junto ao governo dos Estados Unidos em favor do seu pai: “As ações incessantes de Eduardo Nantes Bolsonaro, estando, inclusive, localizado em país estrangeiro, demonstram a possibilidade de um risco de fuga por parte de Jair Messias Bolsonaro, de modo a se furtar da aplicação da lei penal, notadamente em razão da proximidade do julgamento.”
Na semana passada, a Polícia Federal (PF) informou em relatório que Bolsonaro havia planejado em 2024 pedir asilo político a seu aliado político, o presidente da Argentina, Javier Milei, segundo um rascunho do documento, no qual o ex-presidente alegava ser vítima de “uma perseguição política no Brasil”. A defesa de Bolsonaro acusou a PF de tentar desmoralizá-lo.
A PF também recomendou indiciar Jair e Eduardo Bolsonaro por suposta tentativa de obstruir o processo judicial. Moraes deu cinco dias à PGR para entregar seu parecer sobre esse caso.
Se for considerado culpado no julgamento por suposta tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro pode ser condenado a até 40 anos de prisão.
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