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Suíça sediará conferência de paz para Ucrânia

Imagem aérea de um hotel e um grande lago
A conferência de paz da Ucrânia será realizada no hotel Bürgenstock, acima do Lago Lucerna, na Suíça central. O luxuoso resort já sediou negociações de paz anteriores sobre o Sudão (2002) e o Chipre (2004). KEYSTONE/© KEYSTONE / MICHAEL BUHOLZER

A Suíça anunciou que realizará uma conferência de paz de alto nível para a Ucrânia em meados de junho com o objetivo de garantir uma "paz abrangente, justa e duradoura". O anúncio foi feito no momento em que a Rússia e a China se reuniram em Pequim nesta semana e há relatos de que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, poderá participar da cúpula realizada na Suíça.

O jornal suíço Neue Zürcher Zeitung (NZZ)Link externo informou na terça-feira, citando várias fontes confiáveis, que Biden viajaria para a Suíça para a conferência de paz.

Outros relatos da mídia sugeriram que uma cúpula sediada na Suíça poderia ocorrer em meados de junho com a presença de 80 a 100 países, mas provavelmente sem a Rússia.

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When might the summit take place?

After agreeing in January to host a peace summit at the request of Ukrainian President Volodymyr Zelensky, officials look poised to make an official announcement regarding the organisation of the conference.

On April 6, Zelensky let a small cat out of the bag when he declared that he hoped that he and Swiss President Viola Amherd would set a date within days for the peace summit in Switzerland and then send out invitations. Bloomberg News reported that the conference may take place on June 16-17. Swiss officials remain tight-lipped.

The timing looks good. A meeting of G7 countries will take place in Rome from June 13-15, attended by key political figures. 

Onde e quando a cúpula será realizada?

Depois de concordar em janeiro em sediar uma cúpula de paz a pedido do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, a Suíça anunciou na quarta-feira que uma conferência internacional está planejada para os dias 15 e 16 de junho no hotel cinco estrelas Bürgenstock, acima do Lago de Lucerna, na região central da Suíça.

Depois de uma fase exploratória que envolveu lobby e consultas com vários países para explorar as opções, o governo suíço disse em um comunicado que “as condições estão agora em vigor para que a conferência possa iniciar um processo de paz”.

O primeiro passo é desenvolver um “entendimento comum entre os países participantes com o objetivo de alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia”, disse o governo suíço.

Durante a fase exploratória inicial, a Suíça manteve conversações com os países membros do G7, a UE e representantes do chamado “Sul Global”, como China, Índia, África do Sul, Brasil, Etiópia e Arábia Saudita, disse.

“A conferência tem como objetivo estabelecer um fórum para um diálogo de alto nível sobre formas de alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura para a Ucrânia, de acordo com o direito internacional e a Carta da ONU. Seu objetivo é criar um entendimento comum de uma estrutura favorável a esse propósito e um roteiro concreto para a participação da Rússia no processo de paz.”

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A presidente da Suíça, Viola Amherd, acolheu o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, para uma conversa bilateral realizada em 15 de janeiro de 2024, em Kehrsatz, perto da capital Berna. Zelenskyy estava na Suíça para participar do Fórum Econômico Mundial em Davos. KEYSTONE/© KEYSTONE / ALESSANDRO DELLA VALLE

Que países devem participar?

A Suíça tem feito lobbyLink externo com outros países para incentivar a participação da coalizão mais ampla possível.

Zelensky disse em 6 de abril: “Contamos com a participação de 80 a 100 países… esse é o número de países, acredito, que serão capazes de pelo menos tentar forçar a Rússia a uma paz justa”.

Há especulações sobre a possível presença do presidente dos EUA, Joe Biden. O Neue Zürcher Zeitung (NZZ) informou na terça-feira, citando várias fontes confiáveis, que ele viajaria à Suíça para a conferência de paz.

+ Países são instados a aderir ao plano de paz da Ucrânia

O governo suíço deixou claro desde o início que considerava crucial a participação dos países do BRICS – Brasil, Índia, China e África do Sul. O Ministro das Relações Exteriores da Suíça, Ignazio Cassis, viajou para a China e a Índia em fevereiro para promover a conferência. O Ministro da Economia, Guy Parmelin, também discutiu os planos durante uma visita ao Catar. O Bürgenstock Resort pertence a um grupo hoteleiro que é propriedade do Catar.

Zelensky já havia delineado um plano de paz de dez pontos que prevê a restauração da integridade territorial da Ucrânia, a retirada de todas as tropas russas, a proteção dos suprimentos de alimentos e energia, a segurança nuclear e a libertação de todos os prisioneiros de guerra.

E a participação da Rússia?

É improvável que a Rússia participe da primeira rodada de discussões, disse a ministra da Defesa da Suíça, Viola Amherd, em fevereiro.

A Rússia havia sinalizado desde o início que não estava interessada. Moscou afirma que a reunião é “inútil” e está fadada ao fracasso se não levar em conta os interesses da Rússia. O país diz que a reunião proposta na Suíça também é um estratagema usado pelo Ocidente para tentar angariar apoio internacional para a Ucrânia entre o Sul Global.

Moscou rejeitou categoricamente a fórmula de paz de Zelensky. A Rússia diz que está disposta a entrar em negociações sobre a Ucrânia, mas que essas negociações devem respeitar os interesses de segurança da Rússia e refletir o que ela chama de “novas realidades” no local, onde suas forças controlam pouco menos de um quinto do país e Moscou reivindicou quatro regiões ucranianas como suas.

+ Como a guerra na Ucrânia mudou a Suíça

Qualquer participação futura da Rússia não está clara. No mês passado, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que se reuniu com autoridades e diplomatas da Suíça que lhe garantiram que a cúpula de paz incluiria a participação russa e seria conduzida em termos realistas.

Ele disse que as autoridades suíças lhe disseram que “entendemos que nada pode ser resolvido sem vocês, isso é injusto”. E assim que o plano fosse transformado em um “produto coletivo”, a Rússia seria convidada.

Mas, na terça-feira, a agência de notícias RIA, citando a embaixada russa na Suíça, informou que a Suíça não havia convidado a Rússia para a cúpula sobre a Ucrânia que planeja sediar, e Moscou não participaria.

Dois homens apertam as mãos
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov (à esquerda), e seu homólogo chinês, Wang Yi, em Pequim, em 9 de abril de 2024. Wang foi citado por agências de notícias russas como tendo dito que a China queria que a Rússia e a Ucrânia se sentassem em uma conferência internacional para discutir uma maneira de cessar a guerra na Ucrânia. KEYSTONE/Russian Foreign Ministry Press Service

E o papel fundamental da China?

O grande ponto de interrogação é se a China participará da conferência suíça, informa a agência de notícias Bloomberg.

Wang Shihting, embaixador da China na Suíça, disse ao jornal Neue Zuercher Zeitung (NZZ) em março que Pequim estava “examinando a possibilidade de participar”.

Há mais de um ano, Pequim apresentou seu próprio documento de 12 pontos, que estabelecia princípios gerais para o fim da guerra, mas não entrava em detalhes específicos. Na época, o documento teve uma recepção morna tanto na Rússia quanto na Ucrânia, enquanto os Estados Unidos disseram que a China estava se apresentando como pacificadora, mas refletindo a “falsa narrativa” da Rússia e deixando de condenar sua invasão.

Lavrov disse que o plano de paz da China é o mais razoável até o momento para resolver a guerra na Ucrânia.

Na terça-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia se reuniu com o líder chinês Xi Jinping em Pequim, em um sinal de apoio mútuo e oposição compartilhada às democracias ocidentais em meio à invasão da Ucrânia por Moscou.

Os dois lados discutiram a guerra na Ucrânia e concordaram que as reuniões internacionais sobre a Ucrânia que ignoram os interesses de Moscou “são fúteis”, disse Lavrov em uma coletiva de imprensa, de acordo com a agência de notícias estatal russa Tass.

Seu homólogo chinês, Wang Yi, repetiu os apelos da China por um cessar-fogo e “o fim da guerra em breve”.

“A China apoia a convocação, em um momento apropriado, de uma reunião internacional que seja reconhecida pela Rússia e pela Ucrânia, na qual todas as partes possam participar igualmente e discutir todas as soluções de paz de forma justa”, disse ele aos repórteres.

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Edição: Balz Rigendinger/fh
(Adaptação: Fernando Hirschy)

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Moderador: Giannis Mavris

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