Almagro: não existe ‘paralelo’ entre eleições na Bolívia este ano e em 2019
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, defendeu nesta quinta-feira (22) que não existe um “paralelo” entre as eleições anuladas da Bolívia em 2019 e as eleições de domingo, vencidas pelo candidato do partido de Evo Morales, Luis Arce.
“Não há números transferíveis”, afirmou Almagro em uma coletiva de imprensa após a Assembleia Geral da OEA realizada virtualmente nestas terça e quarta-feiras.
“Não existe um paralelo, não é muito inteligente traçar esse paralelo”, acrescentou o diplomata uruguaio.
Almagro recebeu na quarta-feira fortes críticas do México pelo papel da missão eleitoral da OEA nas eleições da Bolívia de 2019, nas quais Morales buscava um quarto mandato.
A eleição foi anulada após uma auditoria da OEA que estabeleceu uma “manipulação dolosa” a favor de Morales. O então presidente renunciou, em meio a protestos violentos e sob pressão do Exército, e denunciou um “golpe de Estado”.
Na quarta-feira, o México denunciou uma “deslegitimação” das missões eleitorais e acusou Almagro de “ferir a democracia na Bolívia”, sugerindo que ele “se submeta a um processo de reflexão e autocrítica”.
Para Almagro, não se pode estabelecer um paralelo entre o processo de 2019 e a vitória de Arce e do Movimento ao Socialismo (MAS) no domingo, com 54,5% dos votos, de acordo com a contagem preliminar.
“Não acredito que haja ninguém que tenha os mesmos votos que tinha há um ano”, afirmou Almagro.
Em relação à missão eleitoral que denunciou irregularidades em 2019 – questionada por especialistas das universidades da Pensilvânia e de Tulane, nos Estados Unidos, que apontaram que houve “erros na análise” -, Almagro defendeu que os principais fatos não foram contestados.
Neste sentido, o chefe da OEA mencionou a alteração das atas, as atas falsificadas e o voto de pessoas falecidas, entre outros.
“Os que brincam com os números tentando transferi-los, definitivamente é um absurdo tentar fazer isso”, concluiu Almagro.