The Swiss voice in the world since 1935

Brigitte Bardot, ícone do cinema, morre aos 91 anos

afp_tickers

A atriz francesa Brigitte Bardot, ícone do cinema, defensora da causa animal e conhecida por seus comentários polêmicos, morreu neste domingo (28) aos 91 anos, após décadas afastada do estrelato.

A protagonista de “E Deus Criou a Mulher” e “O Desprezo” participou de quase 50 filmes, impôs um estilo simples e sensual e ajudou a estabelecer a fama de Saint-Tropez, na França, e de Búzios, no Brasil.

“A Fundação Brigitte Bardot anuncia com imensa tristeza o falecimento de sua fundadora e presidente”, afirmou a instituição em um comunicado. A nota informa que a atriz morreu na manhã de domingo em sua residência “La Madrague”, em Saint-Tropez

Do lado de fora de sua residência em Saint-Tropez, na Costa Azul francesa, fãs depositaram flores em homenagem ao mito do cinema.

“Choramos a perda de uma lenda do século”, reagiu na rede social X o presidente francês, Emmanuel Macron. A ministra da Cultura, Rachida Dati, prestou homenagem a um “ícone entre os ícones, tão livre e tão francesa”.

Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), com o qual Brigitte Bardot não escondia sua proximidade, prestou homenagem a uma mulher “incrivelmente francesa: livre, indomável, íntegra”.

Nos últimos anos, a atriz que encarnou a libertação das tradições na França dos anos 1950 gerou polêmica com suas declarações sobre política, migração e o mundo da caça. Algumas renderam condenações por difamação.

“A liberdade é ser você mesmo, mesmo quando incomoda”, escreveu no epílogo de um livro com o título “Mon BBcédaire”, publicado na França em outubro.

– A Marilyn Monroe francesa –

Antes que se falasse de suas posições políticas ou sociais, B.B., por suas iniciais, era simplesmente um mito: uma mulher liberada da moral, da forma de se vestir, do amor, dos códigos sexuais.

“Brigitte Bardot, Bardot/Brigitte beijou, beijou/Lá dentro do cinema/Todo mundo se afobou”, cantava Jorge Veiga nos anos 1960, em uma marchinha de carnaval que demonstrava o fascínio planetário por esta mulher de olhar insolente.

Era uma mulher que “não precisa de ninguém”, como ela mesma cantava na faixa composta por Serge Gainsbourg em 1967.

Muitos consideraram Bardot uma Marilyn Monroe “à la française”, também loira e de uma beleza estonteante, perseguida pelos paparazzi dia e noite, e com uma vida privada turbulenta.

Em meados da década de 1970, antes de completar 40 anos, e após dezenas de filmes, ela tomou a decisão resoluta de abandonar o mundo da sétima arte. 

Duas cenas já haviam entrado para a história do cinema: a dança provocante (e improvisada) ao som de mambo em um restaurante de Saint-Tropez (“E Deus Criou a Mulher”) e um monólogo, pronunciado nua, em que cita as partes de sua anatomia (“O Desprezo”).

– Origem burguesa –

Nada antecipava a fama da jovem Brigitte: nascida em uma família burguesa em 1934, ela era apaixonada por dança e tentou uma carreira no mundo da moda. 

BB se casou com seu primeiro amor, Roger Vadim, que lhe confiou o papel de Juliette em “E Deus Criou a Mulher”, com o qual iniciou a lenda de símbolo sexual.

Após o sucesso do filme, Bardot não parou de filmar, despertando paixões.

Em 1960, no auge da fama, deu à luz um menino, Nicolas, seu único filho, sob o olhar inquisitivo da imprensa.

Uma experiência traumática. Bardot disse que não tinha instinto maternal e deixou a criação do menino nas mãos de seu novo marido, Jacques Charrier.

Depois de Vadim e Charrier, ela se casou com o playboy e milionário alemão Gunter Sachs e, depois, com o industrial Bernard d’Ormale, próximo da Frente Nacional (atual RN).

– “Um anjo para os animais” –

Depois da carreira cinematográfica, entrou em cena outra Brigitte Bardot, dedicada à causa animal.

O momento crucial aconteceu durante as filmagens de seu último longa-metragem, “L’histoire très bonne et très joyeuse de Colinot Trousse-Chemise”, em 1973.

No local das filmagens havia uma cabra e, para evitar que acabasse transformada em prato de comida, Bardot a comprou e levou para seu quarto de hotel. 

Rapidamente, ela se tornou defensora de animais.

Bardot fez campanha contra a tourada, contra a caça de elefantes e exigiu que os franceses parassem de comer carne de cavalo.

“Um anjo para os animais, que lutou e recorreu aos tribunais para protegê-los”, afirmou Ingrid Newkirk, fundadora do grupo de defesa dos direitos dos animais PETA.

Na segunda etapa de sua vida, ela passava o tempo entre sua casa “La Madrague” e outra residência mais discreta, “La Garrigue”, também no sul da França, onde se dedicava a abrigar animais em perigo e administrava sua fundação, criada em 1986.

bur-es/pc/sag/fp/mvv

Mais lidos

Os mais discutidos

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR