Perspectivas suíças em 10 idiomas

Chile teme aumento da violência após dois meses de protestos

Manifestante passa perto de grupo de Carabineiros, em 10 de dezembro de 2019, em Santiago afp_tickers

O Chile completou 60 dias, nesta quarta-feira (18), desde o início de sua inédita crise social, com as atenções voltadas para a maneira como o governo vai canalizar a insatisfação quanto a seu modelo econômico e os temores de uma nova onda de violência.

Os protestos explodiram em 18 de outubro pelo aumento do bilhete de metrô. Na sequência, a pauta de reivindicações foi ampliada, passando a incluir as desigualdades do modelo econômico e político herdado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

“Este protesto social se transformou em uma grande oportunidade para construir um novo futuro para o Chile”, ressaltou o presidente Sebastián Piñera, em um artigo de opinião publicado hoje no jornal “The New York Times”.

Piñera, que viu sua popularidade despencar a mínimos de 10%, considerou as manifestações como “a expressão legítima de uma democracia viva e vital, que nos deu a oportunidade de nos conectarmos melhor com nossos cidadãos e liderar uma transição para uma sociedade mais justa e com maior igualdade de oportunidades”.

Passados dois meses em que seu governo teve de mudar por completo sua agenda, há mais dúvidas do que certezas, porém, sobre como o Chile poderá administrar a insatisfação da população.

Nas últimas semanas, os protestos diminuíram, assim como a violência nas ruas. Agora, o temor é que, com o fim das férias de verão, as manifestações ressurjam, diante da falta de respostas à maioria das reivindicações sociais.

“O panorama para o mês de março é particularmente complexo. É o mês em que os chilenos mais gastam, e a crise (econômica) vai ser sentida com força. A isso, deve-se acrescentar a polarização política que vai surgir, fruto do debate sobre a nova Constituição”, disse o analista da Universidade de Talca, Mauricio Morales.

“Em consequência, o Chile enfrentará a pior combinação possível: polarização política e crise econômica”, acrescenta.

Esta tarde, a Câmara dos Deputados aprovou uma lei que permite convocar um plebiscito em abril para redigir uma nova Constituição, acordada há um mês pelas forças políticas para desativar a crise.

Por falta de quórum, ficaram de fora três aspectos exigidos nas ruas: paridade de gênero, inclusão de independentes e assentos para as minorias indígenas na eventual Assembleia Constituinte.

Agora, a reforma e suas indicações devem ser revistas pelo Senado.

Nesta quarta-feira, organizações estudantis realizaram uma nova manifestação na Praça Itália de Santiago, epicentro dos maiores protestos e rebatizada de “Praça da Dignidade”.

A polícia ocupou o local e utilizou jatos d’água e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.

Mais lidos

Os mais discutidos

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR