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O pai de Sherlock Holmes introduziu o esqui na Suíça

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Estátua do personagem icônico de Arthur Conan Doyle em frente à igreja anglicana de Meiringen, que abriga o Museu Sherlock Holmes. © Keystone / Urs Flueeler

O escritor britânico Arthur Conan Doyle começou a praticar o esqui durante sua estadia na Suíça. Ele ajudou a popularizar o esporte e há quem diga que foi responsável pela sua introdução na Suíça. Grégory Quin, historiador do esporte, nos apresenta outra versão da história.

Em 1894, Conan Doyle hospedou-se em Davos para acompanhar sua esposa, que estava tratando uma tuberculose. De acordo com o livro Conan Doyle, Sherlock Holmes et la Suisse (“Conan Doyle, Sherlock Holmes e a Suíça”), de Vincent Delay, o autor britânico havia encomendado esquis da Noruega e treinava na colina em frente ao seu hotel em Davos.

Empolgado com a prática, o escritor e esportista abriu a estrada para Arosa, destino popular entre os amantes do esqui. “Quando chegamos lá, sentimos o orgulho dos pioneiros”.

Conan Doyle também relatou sua experiência na Strand Magazine, a revista britânica na qual publicava as aventuras de Sherlock, o que provavelmente contribuiu para a fascinação inglesa pela Suíça.

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Sir Arthur Conan Doyle em uma fotografia tirada em 1922. Keystone

Vincent Delay afirma – e não é o único autor a fazê-lo – que Conan Doyle foi o responsável pela introdução do esqui na Suíça. “O autor de Sherlock Holmes provavelmente não foi o único responsável”, disse o jovem historiador do esporte Grégory Quin, da Universidade de Lausanne, à Keystone-ATS. Ele acaba de publicar o livro Le ski en Suisse, une histoire (“O esqui na Suíça, uma história”) em francês e alemão, em parceria com Laurent Tissot, Jean-Philippe Leresche e Daniel Yule.

Conan Doyle também levaria seu famoso personagem, o detetive Sherlock Holmes, para a Suíça. Mas não foi para fazê-lo esquiar. Cansado de seu personagem, ele o matou em O Problema Final (1893), fazendo-o cair nas cataratas de Reichenbach, no cantão de Berna. Acabou ressuscitando-o dez anos depois, mas isso é outra história.

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Uma prática escandinava

“O primeiro clube de esqui registrado na Suíça, em Glarus, data de 1893. Assim, de início, já existe um problema cronológico”, explica o historiador Grégory Quin. Os escandinavos, que iam para a Suíça para praticar o comércio no norte do país, levaram esquis já nas décadas de 1880 e 1890.

O interesse de Conan Doyle pelo esqui começou quando ele leu um relato do norueguês Fridtjof Nansen, que havia atravessado a Groenlândia em 1888. Ele não foi o único, nem na Europa nem na Suíça: os jovens de Glarus não apenas criaram o primeiro clube de esqui na Suíça, mas também incentivaram os artesãos locais a fabricarem esquis – copiando os noruegueses antes de desenvolverem sua própria técnica – e organizaram competições, de acordo com o livro de Grégory Quin.

Inicialmente, o esqui era praticado por estudantes. “O primeiro clube de esqui em Glarus e os que surgiram posteriormente no resto da Suíça eram sobretudo clubes para cidadãos abastados”.

De Conan Doyle a Colette

Conan Doyle não foi o único a escrever sobre suas experiências esquiando na Suíça. A escritora francesa Collette fez o mesmo três décadas depois. Durante uma estadia em Gstaad ou St. Moritz na década de 1920, ela explicou em suas cartas que estava sempre caindo.

Nessa época, os esquiadores já tinham equipamentos melhores, “como esquis com bordas”, e estavam começando a se aventurar nas descidas das encostas. Conan Doyle, por sua vez, precisava amarrar seus esquis nas botas.

Seria necessário esperar mais algumas décadas até que o esqui fosse democratizado.

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(Adaptação: Clarice Dominguez)

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