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Fórum de Davos se adapta à realidade

A segurança em Davos é reforçada antes da visita dos altos dignitários. Keystone

O prestigioso encontro anual nos Alpes suíços tenta agora mudar sua abordagem da economia para identificar riscos e possíveis soluções em um ambiente cada vez mais volátil.

O 41° Fórum Econômico Mundial de Davos (WEF, na sigla em inglês) será realizado este mês em um cenário de crescente divisão entre a intenção dos países de encontrar uma saída para a crise e a necessidade de impulsionar o crescimento econômico nos próximos anos.






























O crescimento contínuo das economias emergentes contrasta com o aumento das dívidas e a austeridade dos países desenvolvidos. O fenômeno está reequilibrando a economia e a política internacional, gerando novas lideranças mundiais.

Ele também incitou a volatilidade entre as moedas e as tensões entre os países com objetivos econômicos, políticos e sociais bem distintos.

“O mundo nunca foi confrontado a tantos desafios tão complexos ao mesmo tempo”, disse o fundador do WEF, Klaus Schwab. “Estamos vivendo um novo tipo de realidade, então o que queremos saber é: que realidade é esta?”.

Novos ventos

Tom Malnight, professor de estratégia e administração do instituto de economia IMD, em Lausanne (oeste), também está convencido de que os ventos estão mudando.

“O ritmo das mudanças está ocorrendo mais rapidamente de ano para ano e há oscilações muito maiores acontecendo agora do que no passado”, disse à swissinfo.ch. “Essas mudanças são muito mais importantes do que a crise financeira”.

Cerca de 2.500 formadores de opinião do mundo da política, dos negócios e da sociedade civil, se encontrarão mais uma vez na estação turística suíça para tentar desvendar os pontos convergentes e conflitantes que o mundo enfrenta.

Um elenco impressionante de líderes políticos estará presente, entre eles o primeiro-ministro britânico David Cameron, o presidente sul-africano Jacob Zuma, a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês Nicolas Sarkozy e o presidente russo Dmitri Medvedev, que fará o discurso de abertura.

Eles vão trocar abraços e apertos de mão com gurus da indústria, da economia, representantes de organizações não governamentais, lobistas e uma profusão de personalidades das artes, religião, mídia e ciência.

Loja de contendas?

“Todos esses problemas só podem ser resolvidos colocando estas pessoas em torno de uma mesa”, declarou à swissinfo.ch André Schneider, diretor do WEF durante 12 anos, até deixar o cargo em 2010.

“Cada vez que esse pessoal se encontra lá é um avanço – nem sempre tão rápido como alguns gostariam – mas é um progresso. Isso é devido ao fato de que numa reunião como essa, as pessoas podem falar abertamente, sem a pressão de ter que tomar uma decisão definitiva”.

O WEF tem enfrentado cada vez mais críticas ao longo dos anos por não conseguir mostrar que faz alguma diferença. Os críticos ridicularizam a reunião como sendo uma loja de contendas ou um espaço para magnatas se reunirem e fechar negócios.

Dois anos atrás, no auge da crise financeira, pediu-se aos participantes que parassem com os coquetéis e jantares suntuosos e arregaçassem as mangas para encontrar soluções aos problemas.

Este ano, Schwab também está empenhado em empurrar o WEF para a mesa de decisões, atraindo a atenção do G20 – grupo dos países mais influentes, que está cada vez mais assumindo o papel de formulador de políticas internacionais.

“Queremos dar uma contribuição forte para o processo do G20”, disse Schwab, acrescentando que o modelo WEF de reunir as partes interessadas de diferentes áreas da sociedade deveria ser adotado, mesmo que em parte, pelo clube político mais poderoso do mundo.

Modelo de crescimento

Schwab acrescentou que ele vai usar a reunião de Davos para pressionar o presidente francês Sarkozy nesse sentido.

O WEF também introduziu o Risk Response Network em dezembro, um sistema que vai aproveitar cerca de 600 especialistas de diversos campos diferentes para ajudar a identificar os perigos mais graves para a estabilidade mundial e procurar oferecer uma resposta rápida, antes que se perca o controle da situação.

Além de identificar os problemas listados acima, o relatório anual do WEF sobre os riscos mundiais também destacou a corrupção, a escassez de água e outras matérias primas, a segurança cibernética, o alto crescimento populacional e as armas nuclear/biológicas como as principais ameaças para a sociedade.

“Quando entrei no WEF em novembro de 1998 a organização tinha menos de 90 empregados e um faturamento anual de 50 milhões de francos”, disse André Schneider à swissinfo.ch. “Hoje, o fórum tem mais de 400 funcionários, com escritórios importantes nos EUA, China e Japão, e uma receita anual quatro vezes superior”.

“Procuramos desenvolver ,nesses 12 anos, as iniciativas e as ideias que surgiram nas discussões da reunião”.

O Fórum Econômico Mundial (WEF) começou como Fórum de Administração Europeu, em 1971.

Criado pelo empresário alemão Klaus Schwab, foi projetado para conectar líderes empresariais europeus com seus homólogos americanos para encontrar formas de aumentar vínculos e resolver problemas.

É uma organização sem fins lucrativos, com sede em Genebra, financiada pelas taxas de inscrição de seus membros.

O fórum recebeu seu nome atual em 1987, ampliando seus horizontes para fornecer uma plataforma de resolução de disputas internacionais. O WEF tem colaborado na resolução dos conflitos entre Turquia e Grécia, Coreias do Norte e do Sul, Alemanha Oriental e Ocidental e na África do Sul durante o regime do apartheid.

O WEF realiza relatórios detalhados da situação mundial e de países específicos. Também acolhe uma série de reuniões anuais – a principal sendo a de Davos, no início de cada ano.

Em 2002, esta reunião foi transferida para Nova York ,em uma alteração pontual de local em apoio à cidade, após os ataques terroristas do 11 de setembro de 2001.

Davos tem atraído uma série de grandes nomes do mundo empresarial, acadêmico, político e do show business. Entre eles: Nelson Mandela, Bill Clinton, Tony Blair, Bono, Angela Merkel, Bill Gates e Sharon Stone.

Como o fórum cresceu em tamanho e status na década de 1990, atraiu uma crescente crítica de grupos antiglobalização, que se queixam do elitismo e do interesse individualista dos participantes.

A reunião de Davos de 2011 será realizada entre os dias 26 e 30 de janeiro, com a presença de 2.500 participantes de 90 países.

Adaptação: Fernando Hirschy

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