Farc condiciona prazo para paz a acordo sobre justiça

A guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) advertiu nesta terça-feira que o prazo de seis meses estabelecido para firmar um acordo de paz na Colômbia pode variar.
A declaração foi dada pelo representante das Farc, comandante Carlos Antonio Lozada, na retomada das negociações, em Havana, com o governo do presidente Juan Manuel Santos.
Ao ser questionado sobre se continua mantido o prazo de seis meses para a assinatura do acordo de paz com o governo, o comandante Lozada disse à imprensa que “esse é um debate que vai ter de ser analisado na mesa, quando formos ver em que momento se conclui, definitivamente, o tema da justiça”.
“Nesse momento, vai ser possível ver a partir de que dia os seis meses começam a contar”, afirmou Lozada, sem dar detalhes.
Em um histórico encontro para a assinatura de um acordo sobre justiça transicional em Havana, Santos e o líder das Farc, Timoleón Jiménez (“Timochenko”), comprometeram-se, em 23 de setembro, a firmar em no máximo seis meses um acordo para pôr fim ao conflito armado. Esse prazo seria, então, até 23 de março.
No sábado, porém, Santos disse que espera firmar esse pacto com as Farc mesmo antes da data-limite acordada com a guerrilha.
“Se continuarmos como vamos, espero poder firmar essa paz antes de 23 de março, como acordamos de data-limite com as Farc”, afirmou Santos, em um ato público na cidade de Mompox, no norte do país.
No início de outubro, o comandante Lozada chegou a alertar que não seria “viável” firmar a paz no prazo fixado, se o governo “retrocedesse” no que se avançou sobre o acordo sobre justiça. Este é o tema mais espinhoso do processo.
Atualmente, as partes discutem o complexo ponto sobre vítimas. Já foram alcançados acordos parciais sobre reforma rural, participação política e drogas ilícitas.
Estão pendentes os temas do desarmamento e do mecanismo para referendar o eventual acordo de paz.
O conflito armado já deixou 220.000 mortos e seis milhões de deslocados no país, segundo números oficiais.