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Trump retoma campanha contra um Biden enfraquecido

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Fortalecido na convenção nacional que lhe deu o apoio total do Partido Republicano, Donald Trump retoma neste sábado (20) sua campanha para as eleições de novembro com confiança, um contraste absoluto com o seu rival democrata, o presidente Joe Biden, que parece mais enfraquecido do que nunca. 

Exatamente uma semana depois de escapar de uma tentativa de assassinato a tiros durante um comício na Pensilvânia, Trump realizará um ato político em Grand Rapids, no estado de Michigan (nordeste). 

Acompanhado de J.D. Vance, senador de 39 anos que escolheu para seu companheiro de chapa, Trump aparecerá perante o público às 17h locais (18h de Brasília) neste estado onde venceu em 2016 e perdeu nas presidenciais de 2020.

Todos os olhares estarão voltados para o dispositivo de segurança, em meio a várias interrogações sobre as falhas do último ato.

Este novo evento eleitoral é realizado em um estádio poliesportivo fechado com capacidade para 12.000 pessoas, um local com segurança mais fácil de assegurar do que um espaço aberto.

Uma multidão de ativistas está no local, muitos vestindo camisetas com a imagem do ex-presidente após o atentado frustrado, com a orelha sangrando e o punho para o alto.

“O que presenciamos no sábado passado foi um milagre”, disse à AFP Edward Young, de 64 anos, que já participou de 81 atos pró-Trump.

No local, Sherri Bonoite, de 75 anos, participava de seu primeiro ato eleitoral como partidária de Trump. “Até mesmo um tiro a toda velocidade não consegue detê-lo. É o que o país precisa”, opinou.

Mas nem todos comemoravam a presença triunfante de Trump em Michigan.

“Só posso imaginar que vão tentar reescrever a história e fingir que se preocupam com os trabalhadores”, disse, neste sábado, Debbie Stabenow, senadora democrata pelo estado.

– A outra face da moeda –

Biden, por outro lado, continuará se recuperando da covid-19 em sua residência particular em Delaware, no leste do país. 

Aos 81 anos, o presidente veterano é alvo de múltiplos apelos dentro do Partido Democrata para que abandone a corrida em meio a dúvidas sobre suas capacidades cognitivas e sua saúde física.

Segundo o jornal The Washington Post, ele perdeu até mesmo o apoio de Barack Obama, que também acredita que Biden deveria “considerar seriamente a viabilidade da sua candidatura”, segundo pessoas próximas do ex-presidente (2009-2017). 

Cerca de 20 legisladores democratas já fizeram o mesmo pedido publicamente e alguns querem realizar uma convenção partidária aberta para escolher um substituto.

– União de republicanos –

Uma saída de Biden da corrida poderia desestabilizar os republicanos, que seriam forçados a rever sua estratégia eleitoral, amplamente detalhada durante os quatro dias da convenção realizada esta semana em Milwaukee. 

Até agora, o estado de saúde de Biden é o eixo central da campanha republicana e multiplicam-se as peças de propaganda eleitoral com um Biden que comete gafes, gagueja e tropeça. 

Aos 78 anos, Trump criticou Biden por seu estado de saúde na quinta-feira, durante o seu discurso na convenção em que foi oficialmente ratificado como candidato.

Argumentos que poderiam se virar contra ele mesmo caso a atual vice-presidente, Kamala Harris, de 59 anos, se torne sua adversária. 

O eixo da campanha “não mudará fundamentalmente”, disse Jason Miller, assessor próximo de Trump, em entrevista à AFP. 

“Biden, Kamala Harris ou outro democrata de esquerda radical, todos são responsáveis pela destruição de nossa economia”, disse Miller, destacando também o que os republicanos consideram uma “crise” devido à migração irregular através da fronteira com o México.

Essas foram as questões centrais abordadas por Trump em uma convenção que se revelou um grande sucesso para o líder da direita americana. 

Hoje, Donald Trump está com sorte e saboreia os reveses dos democratas. 

Não apenas sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 13 de julho, mas o processo contra ele por suposta gestão indevida de documentos confidenciais após deixar a Casa Branca em janeiro de 2021 foi arquivado.

Sua imagem após o atentado, com parte do rosto ensanguentado e o punho erguido enquanto era retirado do local por agentes do Serviço Secreto, percorreu o mundo e reforçou sua figura de homem forte. 

Além disso, Trump obteve esta semana o apoio dos líderes do partido, incluindo seus ex-rivais internos, sem rachas.

As eleições presidenciais nos Estados Unidos serão realizadas em 5 de novembro.

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