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Anti-racistas desiludidos com a Suíça

Presidente Moritz Leuenberger, principal alvo Keystone Archive

O envio de uma delegação suíça de segundo plano à Conferência da ONU sobre Racismo no fim do mês deixa os meios anti-racistas decepcionados e mesmo amargurados. Estimam que a Suíça tinha uma dívida a pagar e podia exercer papel importante. Criticam em especial a desistência do presidente Moritz Leuenberger.

A justificativa suposta para o fato de o presidente da Suíça, Moritz Leunberger, ter renunciado a chefiar a delegação suíça era ameaça norte-americana de boicotar o encontro, previsto em Durban, África do Sul, de 31 de agosto a 7 de setembro. Os Estados Unidos confirmaram, porém, na quarta-feira 22/8, o envio de representantes, sem ainda determinar o nível da delegação.

Represente suíça será “Secretária de Estado”

O governo da Suíça decidiu na quarta-feira que a delegação do país será chefiada pela secretária geral do Ministério do Interior, Claudia Kauffmann. Para a missão ela será investida do título (superior) de Secretária de Estado.

Na Suíça, o chamado Grupo de Reflexão e Ação contra o Racismo Anti-Negro – GRAN – manifestou descontentamento já antes da decisão, afirmando que o país tinha motivos mais que suficientes para enviar uma delegação de nível superior. A Suíça, “que esteve estreitamente ligada ao antigo regime odiado do apartheid tem uma dívida moral com o povo sul-africano”.

Suíça “perde chance”, dizem anti-racistas

O GRAN realça ainda que a participação do presidente suíço constituía “uma mensagem clara de ruptura com o passado e de reconciliação”, destacando também que seria “uma chance histórica de mostrar a diferença e dinamizar a neutralidade”.

Outro motivo para a desistência do presidente suíço de participar da Conferência de Durban é que o fracasso do encontro parece programado. A pouco mais de uma semana da abertura, em Durban, dois textos de base para os debates não foram ainda aprovados. Tratam de questões controvesas:

– reconhecimento e reparação dos crimes cometidos na época da escravatura e do colonialismo;
– e do sionismo que certos meios gostariam que fosse assimilado ao racismo.

EUA E UE contra

Principalmente esse segundo ponto irrita os Estados Unidos, a União Européia e outros países ocidentais, como a Suíça. Vale mencionar outro questão controvertida: países árabes pedem que se evoque “o agravamento da situação dos direitos humanos na Palestina ocupada”.

Quanto à delegação suíça, a posição é de que confrontar o passado é importante. Mas a prioridade deve ser dada sobre a luta atual e futura contra o racismo no mundo.

Negros se organizam

Na Suíça o movimento negro começa a estruturar-se. No país os negros estão estimados, no máximo, em 50 mil pessoas (para uma população de 7 milhões). É difícil avançar uma cifra, por não existirem no país estatísticas baseadas em critérios raciais.

Eles têm constatado discriminação racial em diferentes setores, particularmente nos setores de alojamento, trabalho, justiça. E também na maneira como é ensinada a História. E começaram a reagir…

Swissinfo com agências.

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