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Voto feminino só tem 30 anos

Na Suíça o direito ao voto feminino foi concedido dia 7 de fevereiro de 1971, há apenas 30 anos. Foi uma vitória difícil, lembrada agora, 3 décadas depois. A título de comparação, no Brasil esse direito foi concedido à mulher já em 1934. Mas em ambos os países, a luta pela igualdade política não terminou...

A brasileira tem certo orgulho de gozar do direito de voto sacramentado já na Constituição de 1934. Um direito que chegou apenas uma década depois para as francesas e italianas.

As suíças têm quase vergonha de confessar que conquistaram em 1971 esse direito a que aspiraram mais de meio século. Já em 1946 ele foi negado pelos homens que ainda achavam que lugar de mulher é na cozinha.

Os suíços de língua alemã gostavam de contar com ar de gozação que a mulher tinha direito a 3 K: “Kirche, Kinder, Küche” ou seja, igreja, crianças e cozinha.

Essa piada machista foi ultrapassada ao final de um longo combate que culminou com a aceitação do sufrágio feminino há 30 anos. Na época, a maior incongruência era o fato de a suíça poder participar de votações federais e não dispor de voto no cantão de Appenzell, provavelmente o mais reacionário do país.

Na Suíça, nos anos 90 a igualdade homem-mulher foi inscrita na Constituição. Mas continua existindo apenas no papel. Em relação ao Brasil a igualdade política das suíças é melhor. Em média, a representação feminina nos diferentes parlamentos não chega a 25 por cento. (Mesmo assim seria cerca de 4 vezes mais que no Brasil. Cuba é o único país latino-americano com percentagem próxima a da Suíça).

A suíça constata também a dificuldade em conciliar a vida política com os compromissos familiais. O número de creches, por exemplo, ainda deixa muito a desejar.

Ela denuncia também o fato de a política ser ainda considerada um domínio do macho. A esse respeito, aponta-se o simbolismo utilizado na linguagem política como sendo de forte conotação masculina: campanha, luta eleitoral, combate político…

Articulista do jornal “Le Temps” , de Genebra (edição de 7 de fevereiro), vê paralelo no antigo combate pelo sufrágio feminino e o direito de voto e elegibilidade dos estrangeiros no país. “As mulheres eram suspeitas de votar como os vermelhos (comunistas) ou os curas, os estrangeiros são suspeitos de ter idéias sociais perigosamente avançadas ou resolutamente retrógradas…”

Já em 1979, o novo cantão do Jura (estado desmembrado de Berna) concedeu de imediato o direito de voto aos estrangeiros estabelecidos no país.

Em setembro passado, o estado de Neuchâtel, que faz fronteira com a França, aprovou nova constituição que concede direito de sufrágio a estrangeiros residentes pelo menos 5 anos.

E dia 4 de março, os eleitores de Genebra devem decidir se concedem ou não o direito de voto e elegibilidade, em âmbito municipal, aos estrangeiros radicados pelo menos 8 anos no cantão.

J.Gabriel Barbosa

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