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Cardeais não chegam a acordo para eleger novo papa em primeira votação

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Primeira votação, fumaça preta: os cardeais não chegaram a um acordo nesta quarta-feira (7) sobre o sucessor do papa Francisco e permanecerão isolados do mundo até que um nome consiga ao menos 89 dos 133 votos.

Cerca de 50 mil pessoas na Praça de São Pedro, no Vaticano, assistiram à coluna de fumaça sair da pequena chaminé de cobre localizada no telhado da Capela Sistina, onde ocorre todo o processo.

Não foi uma surpresa. A eleição já previa mais negociações e várias votações até se chegar a um nome de consenso entre os apoiadores de Francisco e a ala mais conservadora, que criticou bastante o pontificado reformista do primeiro papa latino-americano, voltado para os pobres.

O primeiro escrutínio foi conhecido três horas e quinze minutos após o “extra omnes”, a ordem de “todos fora”, para que os “príncipes da Igreja” se recolhessem e dessem início a este ritual que remonta à Idade Média.

O resultado do conclave atual é incerto e não há favoritos claros.

A Capela Sistina foi preparada com várias fileiras de mesas cobertas com tecidos marrons e vermelhos, sobre as quais estavam os nomes de cada eleitor.

“Fico emocionado, não importa que a fumaça seja preta, isso mostra que o Espírito Santo está trabalhando”, disse à AFP James Kleineck, um turista americano de 37 anos. “Logo teremos outras votações, teremos nosso papa”.

“Não me surpreende, acredito que está tudo certo”, indicou Marcelo Castro, um religioso mexicano de 26 anos.

A fumaça preta foi precedida pela confusão na Praça de São Pedro, quando os telões que projetavam a imagem da chaminé ficaram escuros antes do momento esperado. E o anoitecer tornou complicado distinguir a cor da fumaça no primeiro momento.

– Juramento –

Os 133 cardeais eleitores — que têm menos de 80 anos — ficaram isolados do mundo, sem acesso à internet, telefones, televisão ou imprensa, até que escolham um novo pontífice.

Diante dos magníficos afrescos de Michelangelo, os cardeais votam “na presença de Deus”, sob solene silêncio.

Cada cardeal escreve o nome de seu candidato, dobra a cédula e a coloca em um prato de prata, que é usado para depositá-la em uma urna posicionada exatamente diante da imagem do Juízo Final.

As cédulas são queimadas em um fogareiro com a ajuda de substâncias químicas para dar a cor correspondente ao resultado do escrutínio.

Antes do “extra omnes”, os cardeais juraram guardar segredo sobre o processo e desempenhar “fielmente” o papel de pontífice caso sejam eleitos por “disposição divina”.

– “Um homem do povo” –

A partir de quinta-feira, os cardeais votarão quatro vezes por dia: duas pela manhã e duas à tarde.

O decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, pediu em uma missa prévia ao conclave para “manter a unidade da Igreja” diante do momento “difícil, complexo e conturbado” que enfrentará o futuro líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos.

A Capela Sistina não será um espaço para discursos, debates e negociações.

As trocas de ideias acontecerão durante as refeições ou em reuniões na residência Santa Marta e em outras dependências do Vaticano.

As eleições de Bento XVI e Francisco duraram dois dias. A maioria dos cardeais estima no máximo três; os mais pessimistas, cinco.

“Francisco foi brilhante, progressista, um homem do povo”, avaliou Catriona Hawe, uma irlandesa de 60 anos que viajou a Roma para comemorar seu aniversário. “A Igreja não se fará nenhum favor se escolher alguém conservador.”

Francisco nomeou 80% dos cardeais que participam do conclave, o maior e mais internacional da história, com prelados de cerca de 70 países.

Parolin está entre os favoritos para suceder Francisco, de quem foi secretário de Estado por 12 anos.

O jornal Il Messaggero inclui ainda na “galáxia dos papáveis” o italiano Pierbattista Pizzaballa, o húngaro Peter Erdo, o cingalês Malcolm Ranjith e o espanhol Ángel Fernández Artime.

tjc-jt/es/am

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