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Suíços do ES são reconhecidos oficialmente

A sala estava repleta para a homenagem no Palácio Anchieta. (C.Franceschetto) swissinfo.ch

Os suíços-capixabas, descendentes dos colonos que vieram para o Espírito Santo no século XIX, tiveram a primeira homenagem de sua história.

A cerimônia, muito concorrida, ocorreu no Palácio Anchieta, em Vitória, por ocasião do lançamento do livro Viagem à Província do Espírito Santo, Imigração e Colonização Suíça 1860

“Antes tarde do que nunca” poderiam legitimamente dizer os descendentes dos 280 colonos suíços que se intalaram no Espírito Santo, entre 1856 e 1894.

Pela primeira vez desde então, os suíços-capixabas foram convidados para uma cerimônia oficial em sua homenagem, por ocasião do lançamento do livro Viagem à Província do Espírito Santo, Imigração e Colonização Suíça 1860.

Uma nova existência

O livro foi publicado pelo Arquivo Público Estadual (APEES), com apoio de swissinfo/Rádio Suíça Internacional e será distribuido gratuitamente a instituições e pesquisadores interessados.

Durante a cerimônia, muito concorrida, doze descendentes suíços receberam das mãos do governador Paulo Hartung o Registro de Entrada de Imigrante, um certificado de origem, que provocou uma emoção entre as pessoas agraciadas. Todos os presentes receberam um exemplar do livro.

Esse documento é emitido diariamente pelo Arquivo do Estado do Espírito Santo, no âmbito do Projeto Imigrantes.

A Suíça oficial esteve representada por Gabriel Torrent, do Consulado Geral do Rio de Janeiro. Ele afirmou a swissinfo que “também não sabia da existência de tantos descendentes de suíços no Espírito Santo”.

Na cerimônia foram exibidas as 12 fotografias inéditas, que também haviam sido incluídas no livro. Elas mostram detalhes da vida dos imigrantes suíços no Brasil.

Orgulho do reconhecimento

“Esse livro e essa cerimônia são muito importantes para nós. É como se passássemos a existir agora” disse a swissinfo Camilo Hämmerli, descendente de um dos 117 suíços e 37 alemães que se rebelaram contra as condições de vida em fazendas paulistas e chegaram ao Espírito Santo em 1857.

Lidiel Scherrer, quarta geração de uma família de nove pessoas que chegou ao Espírito Santo em 1856, declarou que sua família estava “muito orgulhosa com essa homenagem. Disse que seu pai e seus tios (terceira geração) “estavam muito felizes com esse resgate da cultura que estão fazendo conosco”.

Exemplo de mestiçagem

Entre os laureados estavam, por exemplo, o motorista Alfredo Baumgarten, o fotógrafo aposentado Henrique Bucher e a diretora da Faculdade de Música da Universidade Federal do Espírito Santo, Heloisa Scheidegger.

A secretária estadual de Cultura, Neusa Mendes, confidenciou que seu bisavô era suíço, louro de olhos azuis, que casou-se com uma índia, indicando a cor da pele e dos cabelos como resultante da mestiçagem.

Ao final da cerimônia uma senhora idosa, de sobrenome Kobi, saiu da sala reclamando que, durante toda a sua vida lhe disseram que era descendente de alemães. Só agora descobria que seus antepassados eram suíços.

Caldeirão étnico

Em Viagem à Provícia do Espírito Santo Johann Jakob von Tschudi, enviado especial do governo suíço ao Brasil, já falava de corrupção em 1860, quando esteve visitando os colonos na região.

“São problemas que ainda são atuais e talvez por isso esses textos nunca haviam sido publicados em português”, afirmou o governador Paulo Hartung.

Pessoas influentes

Em entrevista a swissinfo, Hartung disse que “para um estado com o caldeirão étnico como o Espírito Santo, conhecer a saga dessa imigração à muito importante. Alguns tiveram dificuldades imensas por doenças, promessas e acordos não cumpridos. E uma história de muitas lutas e de muitas derrotas, mas é a história do nosso povo”.

Por outro lado, falando dos suíços-capixabas que lotaram o Salão Santiago do Palácio Anchieta, o governador Hartung realçou que “ficou claro um leque de pessoas que criaram seus filhos e que hoje, muitas delas, são influentes na sociedade capixaba”.

swissinfo, Claudinê Gonçalves, em Vitória.

– A primeira cerimônia oficial em homenagem aos suíços capixabas ocorreu 148 anos depois da chegada dos ao Espírito Santo.

– A cerimônia foi realizada no Salão Santiago do Palácio Anchieta, sede do governo capixaba, em Vitória.

– Doze suíços-capixaba receberam o Registro de Entrada de Imigrante.

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