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EXCLUSIVO-Petrobras planeja aquisição de 2 GW em ativos solares e eólicos em terra no Brasil, diz CEO

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Petrobras planeja avançar este ano na transição energética com a aquisição de participações em ativos de energia renovável, disse à Reuters o CEO da empresa, Jean Paul Prates, acrescentando que a petroleira espera formar inicialmente um portfólio de cerca de 2 gigawatts de ativos de geração eólica e solar em terra no Brasil.

Segundo Prates, a petroleira fará parcerias com outras empresas em projetos já consolidados e que não enfrentam dúvidas sobre o sucesso do negócio.

“Tem muito projeto bom aí de portugueses, espanhois, franceses e brasileiros, tudo onshore (em terra) e já rodando. Esses 2 gigawatts devem ser de solar e eólica em terra”, afirmou o executivo, em uma entrevista por telefone no fim de semana.

“Este ano vamos mostrar que nossa reta é firme e que estamos olhando para o futuro e sabemos o que queremos, vamos começar a por de pé o portfólio de renováveis. Ele vai mostrar que tem qualidade e é consolidado, além de firme. Não é coisa besta, nem pequenininha”, acrescentou, mencionando também oportunidades de negócio em projetos de hidrogênio verde, sem especificar.

O foco em projetos renováveis no Brasil atende anseios do governo federal em relação à companhia, cuja gestão que tomou posse após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca aliar geração de empregos locais com um protagonismo no processo para a transição energética brasileira.

Prates frisou acreditar que os papeis da empresa deverão se valorizar diante do movimento. “Acho que o mercado vai ver que a transição será feita de forma firme e responsável e vai reconhecer isso”, afirmou.

O CEO destacou ainda que a empresa aguarda com expectativa a aprovação de um marco regulatório para uma indústria eólica offshore (marítima) no Brasil, que atualmente aguarda apreciação do Senado.

A Petrobras apresentou seus primeiros estudos para projetos eólicos offshore no ano passado, em uma carteira que soma cerca de 30 gigawatts (GW) na costa brasileira, entre projetos próprios e em conjunto com a norueguesa Equinor.

“Quando sair (o marco regulatório), vamos reinar praticamente sozinhos nesse mercado. Essa é nossa grande aposta e vamos aí fazer a diferença”, disse Prates.

O primeiro plano estratégico da estatal no terceiro governo de Lula prevê investimentos de 102 bilhões de dólares entre 2024 e 2028, alta de 31% em relação ao previsto no plano quinquenal anterior, com até 11,5 bilhões de dólares para projetos de baixo carbono.

A companhia trabalha ainda em diversas frentes para avançar com investimentos em baixo carbono, incluindo iniciativas para a produção de combustíveis verdes.

A Petrobras buscar ingressar no mercado de energias renováveis em um momento em que as fontes eólica e solar crescem a taxas aceleradas no Brasil, impulsionadas pela forte demanda dos últimos anos para contratação de energia limpa, principalmente por parte de empresas que desejam descarbonizar suas operações.

A matriz elétrica brasileira, que possui mais de 80% de participação de fontes renováveis, cresceu 10,3 gigawatts (GW) em capacidade instalada no ano passado, para quase 200 GW, em expansão recorde praticamente dominada pelas usinas eólicas e solares, segundo dados da agência reguladora Aneel.

Os parques eólicos contribuíram em grande medida para o recorde em 2023: as 140 unidades que passaram a operar ao longo do ano somaram 4,9 GW, respondendo por 47,65% da expansão da matriz no ano. Também entraram em operação no ano 104 centrais solares fotovoltaicas (4.070,9 MW), 33 termelétricas (1.214,9 MW), 11 pequenas centrais hidrelétricas (158,0 MW) e três centrais geradoras hidrelétricas (11,4 MW).

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