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Nicarágua dá cidadania a ex-presidente salvadorenho, foragido da justiça

(ARQUIVO) O ex-presidente salvadorenho Salvador Sanchez Ceren após fazer o discurso anual à nação em seu quarto ano de mandato perante o legislativo em San Salvador, em 01 de junho de 2018 afp_tickers

O governo da Nicarágua concedeu a cidadania ao ex-presidente salvadorenho Salvador Sánchez Cerén, foragido da justiça em seu país por crimes de corrupção, segundo o jornal oficial La Gaceta desta sexta-feira (30).

“Concede-se a nacionalidade nicaraguense ao cidadão Salvador Sánchez Cerén, originário de El Salvador” que cumpriu os requisitos e formalidades estabelecidos na Constituição da Nicarágua, destaca a resolução de Migração e Departamento de Estado, publicada no La Gaceta.

A resolução em atos separados também inclui sua esposa, Rosa Margarita Villalta, e sua filha, Claudia Lissete Sánchez Villalta, de acordo com a resolução emitida em 29 de julho e assinada pela ministra do Governo (Casa Civil), Amelia Coronel.

A justiça salvadorenha emitiu na quarta-feira ordem de captura internacional contra o ex-presidente Sánchez Céren (2014-2019) e outros funcionários de seu governo por crimes cometidos contra o Estado salvadorenho.

O ex-chefe de Estado é o segundo político de seu país a receber a cidadania nicaraguense, depois da concedida em 2019 ao também ex-presidente Mauricio Funes. Os dois são membros do partido da antiga guerrilha Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN-esquerda).

A FMLN é aliada de longa data do partido nicaraguense e também ex-guerrilha Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN-esquerda), que depôs a ditadura de Anastasio Somoza em 1979.

O presidente sandinista Daniel Ortega governou o país entre 1979-1990, voltou ao poder em 2007, e se mantém ali após duas reeleições consecutivas, a última delas com a esposa Rosario Murillo como vice.

A Constituição da Nicarágua proíbe a extradição de seus cidadãos.

A presença de Sánchez Cerén na Nicarágua, aliado político de Ortega, é mantida em reserva pelas autoridades, embora em El Salvador tenha-se denunciado que o ex-presidente havia fugido para o país.

O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, escreveu no Twitter na semana passada que Sánchez Cerén era oficialmente um foragido da justiça. “Certamente, saiu do nosso país pela fronteira terrestre em dezembro de 2020 e nunca mais voltou”.

– Busca da Interpol –

Um tribunal salvadorenho emitiu na quarta-feira uma ordem de captura internacional contra Sánchez Cerén e outros quatro ex-funcionários pela suposta participação em um caso de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro.

O juiz “decidiu emitir ofício à Interpol” para que seja localizado e posto à disposição da justiça, declarou a promotora Maricela Velásquez.

Os crimes teriam sido cometidos durante o primeiro governo da ex-guerrilha da FMLN, encabeçada por Mauricio Funes, de quem Sánchez Cerén foi vice-presidente, e que também é investigado por suposta apropriação indevida de recursos públicos.

Segundo a Procuradoria, Sánchez Cerén teria recebido 530.000 dólares em pagamentos irregulares quando era vice-presidente.

Bukele denunciou no início de seu mandato, em junho de 2019, sua intenção de extraditar Funes nos primeiros 100 dias de seu governo.

Mas Funes, que fugiu para a Nicarágua em 2016, respondeu-lhe pelo Twitter: “Nem hoje, nem nos primeiros 100 dias do seu governo, nem em anos a extradição será possível”, disse Funes, amparado na cidadania nicaraguense.

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