Preso por corrupção, ex-presidente guatemalteco diz ser vítima de ‘vexame’ na CELAC

O ex-presidente guatemalteco Otto Pérez, em prisão preventiva e investigado por corrupção, denunciou nesta quinta-feira perante a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) que é vítima de vexames e violação de seus direitos humanos.
Pérez enviou uma carta ao presidente equatoriano, Rafael Correa, presidente interino da CELAC, para que o organismo investigue sua situação, ao considera que desrespeitou seus direitos e que sua detenção obedece a pressões dos Estados Unidos.
“O ex-presidente Otto Pérez Molina decidiu denunciar seu caso internacionalmente”, disse à AFP o advogado do ex-chefe de Estado, Moisés Galindo, ao apresentar a missiva na embaixada do Equador.
O jurista explicou que Pérez também apresentará nos próximos 15 dias uma denúncia similar perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) porque “houve violações em todo o processo penal”.
“A ingerência é diretamente dos Estados Unidos contra ele (Pérez)”, afirmou Galindo, que acusou Washington de envolver o ex-governante na trama de corrupção.
“Ele (Pérez) é inocente até que se prove o contrário, mas contra ele é aplicada a presunção de culpa”, acrescentou.
Pérez, que renunciou ao cargo em 2 de setembro passado, está recluso preventivamente em um quartel militar no centro da Cidade da Guatemala, enquanto a procuradoria o investiga por seu vínculo, como chefe, de uma rede que orquestrou uma fraude milionária no sistema nacional de alfândega.
A estrutura, denominada “La Línea”, cobrava suborno de empresários para evadir impostos e estava integrada também por outros altos funcionários, como a ex-vice-presidente Roxana Baldetti, que renunciou em maio quando o caso vazou e também está em prisão preventiva.
O caso foi revelado em 16 de abril por uma investigação da procuradoria e da Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), um organismo inédito da ONU que apoia na depuração do sistema de justiça guatemalteco.
O ex-secretário pessoal de Baldetti, Juan Carlos Monzón, suposto operador da fraude, incriminou Pérez e Baldetti como diretores da milionária fraude, quando se entregou à justiça na semana passada.